«Queremos ser bons protagonistas do campeonato», deseja José Mota
José Mota não está preocupado com o seu futuro, face ao mau começo do Farense Foto: D.R.

«Queremos ser bons protagonistas do campeonato», deseja José Mota

NACIONAL06.07.202417:47

Treinador do Farense pretende que a sua equipa seja «ambiciosa» e «determinada» em 2024/2025; saída de ativos é sinónimo de bom trabalho; reforçar agora com critério, para não precisar de reajustar em janeiro.

Depois da goleada (5-1) aplicada à equipa sub-23 na manhã deste sábado, José Mota falou sobre as expetativas do Farense para a nova temporada. O treinador dos leões de Faro deseja dar continuidade ao que de bom foi efetuado na época transata, não apontou metas classificativas, mas prometeu uma equipa ambiciosa e que irá lutar pelos três pontos em todos os jogos. José Mota abordou ainda a aposta no mercado espanhol, a saída de jogadores ‘nucleares’ e a assertividade no recrutamento, para que, a exemplo da última época, não seja necessário efetuar ajustes no mercado de janeiro.

- Que expetativas tem para a próxima época?

«Temos as ambições legítimas de um clube que sabe qual é a sua dimensão, mas queremos ser uns bons protagonistas durante este campeonato e a expetativa é positiva. Penso que temos tido arte e engenho no que diz respeito às aquisições e estes jogadores vão-se adaptar rapidamente e se isso acontecer – como está a acontecer - vamos ter ambições legítimas de jogo a jogo, construir uma boa equipa, que tenha os olhos direcionados para a vitória, ambiciosa e organizada. Neste momento não podemos falar muito mais, mas este é o nosso sentimento, o de lutarmos em todos os jogos com uma forte ambição e determinação e tornar os jogos difíceis para os adversários.»

- O objetivo é melhorar o décimo lugar da época passada?

«O décimo lugar foi uma posição tranquila. É claro que todos nós queremos sempre e ambicionamos mais. Penso que temos condições de lutar por todos os jogos, com toda a determinação. Isso é que é o mais importante. Neste momento não vamos direcionar-nos sobre qual é a classificação que vamos ter. Temos é que trabalhar muitíssimo bem estes jogadores e o nosso público também. Somos exigentes, todos queremos o melhor para o Farense. Foi uma semana de trabalho intensa, em que deu para conhecer que estes valores que chegaram se estão a esforçar. Esta é a primeira palavra que se pode ter, a dedicação, virem com a disponibilidade para estarem bem, para aquilo que nós exigimos. E, nesse aspeto, queremos construir aqui um grupo muito forte e que seja ambicioso.»

- Na época anterior o Farense manteve o núcleo da equipa que subiu, agora houve jogadores desse núcleo que saíram…

«É um ciclo normal. É claro que também percebemos que saíram jogadores que nós queríamos que se mantivessem, mas derivado de vários aspetos, a sua valorização e tudo o resto, acabaram por ter outras opções. Temos experiência suficiente para percebermos que todos os anos isto vai acontecer. Queremos ser uma equipa que valoriza os seus ativos, porque isso é o melhor sinal do trabalho desenvolvido ao longo da época. Eu fico sempre muito feliz quando os jogadores acabam contrato e têm uma, duas ou três opções. É um sinal evidente de que o trabalho foi valorizado e de que eles tiveram uma boa prestação ao longo de toda a época. É um ciclo normal, é o futebol, é na vida, os bons vão ter sempre mais espaço, vão ter mais escolhas. Nós trabalhamos para sermos bons e vamos tentar mais uma vez valorizar todos estes jogadores, todos estes ativos.»

- Preparado para perder Belloumi, que tem o Marselha muito interessado?

«É o futebol. Cá está a valorização natural dos ativos. Muito se fala dos nossos jogadores, é bom, é sinal inequívoco de que eles foram valorizados na época passada em que tínhamos um conjunto de jogadores que eram - muitos deles - desconhecidos e que pela primeira vez faziam a estreia na Liga. Valorizaram-se e este ano queremos continuar a ter esse padrão, a ter essa filosofia de que somos uma equipa séria, determinada, que vende cara a derrota, como fizemos muitíssimas vezes, uma equipa que luta pela vitória. E, como é óbvio, quem se valoriza com isso são mais os jogadores, os treinadores, e o clube também. Essa situação… é verdade que existem sempre contactos e oportunidades para os jogadores melhorarem a sua vida. Nós estamos aqui para, no dia-a-dia, exigir, e eles corresponderem, para que depois possam ter esse tipo de valorização.»

- O que é que o fez ficar em Faro?

«Gosto de Faro. Temos sempre contatos e situações onde podemos ter oportunidades, eu, graças a Deus, sempre trabalhei, mas quando eu gosto, dou sempre preferência onde estou. E aqui sempre fui bem tratado. Pergunto: porquê trocar muitas vezes o certo pelo incerto? Nós sabemos que muitas das vezes, se calhar, não vamos para melhor. E há outras questões que às vezes pesam e no meu caso, não pesam muito e aqui tratam-me bem e com respeito. Tenho dito muitas vezes aos meus colegas, que mesmo nos momentos difíceis, sempre tive o respeito e o carinho da massa associativa e dos dirigentes. E isso, para mim, é muito importante. Já não sou novo nestas coisas, portanto, cada vez valorizo mais o relacionamento humano, o respeito que têm para com o José Mota, para e com treinador. E eu sou uma pessoa respeitada aqui em Faro. Enquanto eu me sentir aqui bem, em todos os aspetos, com certeza que sou sempre uma pessoa em que dou disponibilidade ao clube para que possamos continuar a fazer o nosso trabalho.»

- Três dos sete reforços são espanhóis. Porquê essa aposta em jogadores de Espanha?

«O mercado espanhol tem grande tradição no futebol português e aqui em Faro tivemos o Paco Fortes muitos anos, que para além de ser um excelente jogador foi um excelente treinador. É normal que estejamos aqui tão perto de Espanha e saibamos perceber que eles têm excelentes jogadores e têm uma escola com grande tradição, uma das melhores do mundo. Então, se pudermos adquirir, por que não? Também percebemos que a adaptação deles é sempre bem mais fácil do que propriamente se formos à América Latina ou a África. Portugal também é uma abertura para esses atletas, que percebem que aqui têm uma oportunidade de jogar ao mais alto nível e que também estamos mais próximos de como se trabalha e relacionamos com Espanha. Eles sentem-se bem, sentem-se confortáveis e o passado tem dito que têm vindo para cá excelentes jogadores que têm depois aquela oportunidade de saírem para outros clubes e valorizarem-se em todos os aspetos. Ou seja, o nosso campeonato tem sido também um trampolim de muitos jogadores espanhóis.»

- Ainda espera por mais reforços?

«Espero. Até ao fecho das inscrições estamos sempre atentos. É importante que possamos fazer o nosso trabalho agora nesta fase, para depois chegarmos a janeiro e não andarmos aí preocupados com reforços, preocupados com adaptações, porque estamos assim ou estamos assado... Eu não sou a favor desses momentos, nomeadamente no mercado de janeiro. Nós vamos tentar estar mais atentos possíveis, tentar solucionar os nossos problemas, para que depois estejamos confortáveis nesse mercado de janeiro. Para isso é preciso muita estabilidade e nós temos. É preciso dar as condições necessárias aos atletas e a todos nós para que cheguemos a esse mercado ou a essa abertura e não estejamos aí preocupados. Na última época fomos o único clube que não teve inscrições em janeiro, porque achámos que fizemos o nosso trabalho bem feito nesta fase da época. Foram sempre frutos que fomos colhendo ao longo da época, porque não alterámos muito a nossa forma de pensar e de agir.»

- E que posições espera ver reforçadas?

«Neste momento, para todas as posições. Ninguém fecha plantéis na primeira semana de trabalho. Penso também que seria um erro. E nós vamos estar aí atentos ao mercado.»