Protesto do Benfica não tem respaldo nos regulamentos
Lance polémico protagonizado por Taynan não motivará repetição da final da Taça da Liga. Clube da Luz anunciou protesto a exigir novo jogo para decidir o troféu. FPF em silêncio
A conquista da Taça da Liga por parte do Sporting, após ter vencido, por 4-2, o Benfica, no Pavilhão Municipal da Póvoa de Varzim, acabou relegada para segundo plano devido a lance polémico ocorrido aos 39 minutos.
Taynan, ala brasileiro do Sporting com dupla nacionalidade cazaque, 30 anos, foi o protagonista da mesma: numa altura em que era suplente, viu Merlim ficar caído na área do adversário, com o Benfica a lançar um contra-ataque, e entrou na quadra, antecipou-se a Jacaré e cortou a bola, dirigindo-se aos árbitros a dizer que o jogo devia ter sido interrompido para que Merlim fosse assistido.
A_dupla de árbitros, os gémeos Rúben e Cristiano Santos (AF Porto), recorreu ao suporte de vídeo disponível no jogo para analisar o lance e marcou livre direto (falta acumulada para o Sporting), sancionando Taynan com cartão amarelo. Posteriormente, já durante a madrugada de ontem, a decisão motivou comunicado do Benfica, que demonstrou «profunda revolta pela arbitragem da final da Taça da Liga, garantindo ir avançar com protesto junto da FPF e exigir a repetição da final.
Pois bem, segundo as leis de logo, o Benfica não terá bases para pedir a repetição do dérbi.
Pode ler-se na lei 3 que «se um substituto (...) entra na superfície de jogo, os árbitros devem: interromper apenas se houver interferência no jogo, ordenar a sua saída da superfície de jogo na paragem seguinte do jogo e tomar as decisões disciplinares correspondentes».
Mais adiante, onde são referidas as recomendações disciplinares, lê-se: «A decisão técnica de punir com pontapé livre» [falta acumulada para o Sporting] e não com penálti tem que ver com o facto da infração ter sido cometida fora da área».
O cartão amarelo foi acertado, à luz do que estipulam as leis do jogo. O Benfica recorre à lei 13 para pedir expulsão do jogador, que neste caso não é tido como «elemento oficial», uma vez que estava no banco, mas esta só seria aplicável se Taynan tivesse atingido um adversário ou cortasse uma clara ocasião de golo. Aí, sim, teria de ser punido com expulsão.
A BOLA tentou uma reação junto da Federação Portuguesa de Futebol, mas sem sucesso.
Alteração às leis precisa-se
O vídeo do lance protagonizado por Taynan tornou-se viral e teve eco além fronteiras. O portal Relevo fez notícia do caso, relembrando que o jogador já fora punido em Espanha, aquando da sua primeira época no El Pozo Murcia, quando foi suspenso por 15 jogos após dar uma cabeçada num árbitro na final da Taça de Espanha, em Jaén, em 2022.
A referida publicação, aliás, recorda episódio similar em Espanha, a 9 de abril de 2006, quando Malwee e Movistar Inter se defrontaram na Taça Intercontinental. A equipa madrilena vencia por 1-0 e, a 55 segundos do fim da partida, Daniel Ibañes recuperou uma bola na defesa do 5x4, com Falcao como guarda-redes avançado, e atirou à baliza desprotegida, mas o seu guarda-redes suplente, Bagé, saiu do banco para impedir o segundo golo espanhol e foi expulso, embora o regulamento estipulasse que deveria apenas ser adoestado com amarelo.
Meses depois, a FIFA alterou a regra para adicionar um cartão vermelho em caso de ser cortada clara ocasião de golo. A Confederação Brasileira de Futsal suspender Bagé por dois anos pela ação antidesportiva.
Após o sucedido no jogo do passado domingo torna-se urgente que em Portugal sejam tomadas medidas, nomeadamente de retificação de omissões na lei, sob pena de se abrir grave precedente...