6 janeiro 2025, 21:57
Nottingham Forest bate Wolverhampton de forma clara em duelo de treinadores portugueses
Nuno Espírito Santo derrota Vítor Pereira por 3-0
À 20.ª jornada, o Forest está a seis pontos da liderança. Marca pouco, mas sofre muito menos e é o exemplo de solidariedade em campo. Mas como conseguiu Nuno Espírito Santo transformar esta equipa que, no início da época, parecia destinada a lutar pela manutenção?
Nuno Espírito Santo é o maior responsável pela grande sensação do ano na Premier League - e, quiçá, do futebol europeu. A meio do campeonato, o Nottingham Forest está confortavelmente em lugares de acesso à Liga dos Campeões, é a segunda melhor defesa do campeonato (só o Arsenal, com 18, sofreu menos que os 19 do Forest) e está a seis pontos do líder do campeonato, o Liverpool, que ainda só perdeu um jogo em 28 que disputou esta temporada, precisamente contra os Tricky Trees.
A série positiva não é de agora, mas já é mais que sorte. Há um sistema, bem moldado e firme, baseado na solidez defensiva e nas transições acutilantes que não deixa dúvidas: o Forest veio para ficar. E alguns dos recordes espelham isso mesmo.
Pela primeira vez desde 1966/67, o Forest leva seis vitórias consecutivas no campeonato, a melhor série de toda a prova. Desde a derrota com o Manchester City, na 14.ª ronda, a equipa de Nuno Espírito Santo bateu Manchester United, Aston Villa, Brentford, Tottenham, Everton e, na última segunda-feira, o Wolverhampton. Nessas partidas, contam-se três golos sofridos, todos eles nas primeiras duas partidas desta série. Ou seja, são quatro embates consecutivos sem sofrer, a primeira vez que o emblema consegue fazê-lo desde 1992/93. Tudo isto sendo a equipa com menos bola na competição: só o Forest está abaixo dos 40% de posse de bola média na prova.
A solidez defensiva do Forest é a grande chave do sucesso coletivo. Além da forma como todos os jogadores demonstram o compromisso defensivo - à linha de quatro defesas, juntam-se habitualmente os extremos, os médios defensivos e o número 10, habitualmente Gibbs-White -, há um elemento que se destaca como um dos protagonistas desta Premier League e já começa a ser visto como uma das melhores contratações da temporada. Neste momento, com nove jogos sem sofrer golos, Mats Selz é o guarda-redes com mais folhas limpas da competição. Um fator decisivo na equipa de Nuno Espírito Santo, que, mesmo estando a seis pontos da liderança, tem só 29 golos marcados, 13.ª melhor marca da Premier League.
Nuno Espírito Santo promoveu um onze base que pouco mexe. À frente de Sels, Murillo e Milenkovic têm sido os centrais escolhidos, com Ola Aina do lado direito e Neco Williams do lado esquerdo, ele que disputa a posição com Álex Moreno. No meio, Anderson, Yates e Domínguez são três galos para dois poleiros e, mais à frente, Gibbs-White é dono e senhor do lugar de '10'. Elanga, à direita, Hudson-Odoi, à esquerda, e Chris Wood, goleador de serviço que, desde a chegada de NES, só marcou menos golos de jogo corrido (21) que Haaland (24) e Isak (23), fecham o onze-base.
Ainda que os nomes estejam mais ou menos escolhidos, e que apenas o Manchester City tenha usado menos um jogador que os 23 que já jogaram pelo Forest, os Tricky Trees são, a par do Brighton, a equipa que faz mais substituições, com 96 já efetuadas. Jota Silva é um dos jogadores que costuma entrar, tal como o ex-Benfica Morato. Um plantel competitivo, todo ele virado para o mesmo objetivo: defender bem e, no erro adversário, decidir ainda melhor. A partida frente ao Wolverhampton foi espelho disso mesmo: além de não sofrer golos, o Forest marcou três em ataques verticais, transições ofensivas acutilantes que se baseiam na tomada de decisão rápida. Atacar em bloco, defender em bloco. E, para isto, é preciso entrosamento, um fator a que Nuno Espírito Santo tem dado especial foco.
6 janeiro 2025, 21:57
Nuno Espírito Santo derrota Vítor Pereira por 3-0
«Os jogadores têm de passar mais tempo juntos e de comer juntos. Se forem para casa logo a seguir ao treino, perde-se uma grande oportunidade de interação. Quando se tornam amigos, tornam-se família.» Em dezembro de 2023, Nuno Espírito Santo chegava ao Nottingham Forest e deixava já indicações do que tinha de acontecer para que o espírito de equipa crescesse. Desde então, as áreas comuns do clube foram remodeladas, há ténis de mesa, matraquilhos e até um bar para que os jogadores possam conviver e tornar-se, mais que colegas em campo, parceiros fora dele. Em Inglaterra, a equipa é vista como «um bando de irmãos». E, em campo, a solidariedade é notória.
Os jogadores têm de passar mais tempo juntos e de comer juntos. Se forem para casa logo a seguir ao treino, perde-se uma grande oportunidade de interação.
Desde que uma vitória na Liga Inglesa vale três pontos, ou seja, desde 1981, o Forest nunca chegou aos 40 pontos à 20.ª jornada. O máximo que tinha conseguido era 38, em 1987 /88 e 1982/83. O top-4 da Premier League, que dá acesso direto à Liga dos Campeões, é uma possibilidade cada vez maior e a liderança está ali a seis pontos (ainda que o Liverpool tenha um jogo em atraso) e só este Forest conseguiu bater os reds na temporada inteira. Ainda é muito cedo para apontar a qualquer objetivo surreal, mas os Tricky Trees continuam a deixar de ser surpresa para ser certeza. Há nove anos, por esta fase, outra equipa tinha exatamente 40 pontos: o Leicester City. E no final, as medalhas de campeão ficaram na toca das raposas.