Benfica «Por princípio, somos favoráveis à negociação centralizada dos direitos de transmissão»
Esclarece Luís Mendes, dirigente das águias, que não deixa de detalhar a posição do clube neste processo complexo
A par do lucro de €4,2 milhões, o resultado financeiro do Benfica, no exercício de 2022/2023, foi negativo e na ordem dos 12 milhões de euros. Luís Mendes, vice-presidente do clube e administrador da SAD das águias, detalha o cenário, em entrevista na BTV.
«Olhando de forma isolada, o resultado financeiro negativo não me preocupa, porque é transversal à indústria do futebol. Qualquer um dos nossos competidores apresenta sempre resultados negativos. Os custos financeiros aí reconhecidos são custos relacionados com os financiamentos dos empréstimos obrigacionistas, que têm taxas extremamente interessantes para nós. O Benfica paga as taxas mais baixas do mercado em matéria de empréstimos obrigacionistas. Tem também uma relação de parceria com a banca nacional e estrangeira perfeitamente estabilizada. Por via do rating atribuído ao Benfica, consegue obter crédito em Portugal e fora de Portugal, em condições perfeitamente normais. Recentemente, a Autoridade da Concorrência multou transversalmente os clubes portugueses, e o Benfica foi o único clube que se apresentou para prestar caução com uma garantia bancária. É sintomático do que é a solidez das contas do Benfica e, por outro lado, o reconhecimento da banca nacional, que permite apresentar-se nestas condições.»
Qualquer um dos nossos competidores apresenta sempre resultados negativos.
Tema muito delicado e complexo para a sobrevivência dos clubes é o dos direitos televisivos…«Quero deixar muito claro que o Benfica tem sempre o entendimento de que é parte da solução e nunca parte do problema. Por princípio, somos favoráveis à negociação centralizada dos direitos de transmissão», começou por colocar em perspetiva Luís Mendes, sem deixar de, logo a seguir, salvaguardar:
«O que temos de perceber muito bem é o que a Liga está a fazer no sentido de capacitar os nossos concorrentes, os clubes da chamada classe baixa e da classe média, para que haja progressão social. O que verificamos ao longo dos jogos disputados fora de casa é que os estádios não apresentam condições condignas para receber os adeptos, na esmagadora maioria não têm boas acessibilidades. Muitas vezes os relvados não estão em condições, e tudo isto não contribui para entregar um produto verdadeiramente atrativo, suscetível de ser adquirido noutros mercados, além do português. Em simultâneo, preciso de compreender melhor a forma como se chega aos 325 milhões de euros, o limite entre 275 milhões de euros e os 325 milhões apresentado no estudo da Liga. Ainda que estejamos dentro do prazo, existe a matriz de distribuição, que terá de ser representativa da dimensão social do Benfica, de forma a que o Benfica não saia prejudicado da negociação centralizada. Ter redução de verbas nesta matéria implicará perda de competitividade em termos internacionais. Quando estamos habituados a chegar a fases da Champions como os quartos de final, estamos a disputar jogos com clubes com orçamentos muito superiores aos nossos. Não podemos admitir que os nossos orçamentos sejam reduzidos por via da redução de receitas dos direitos de transmissão.»
Não podemos admitir que os nossos orçamentos sejam reduzidos por via da redução de receitas dos direitos de transmissão.