Paulo Fonseca e o seu estilo de jogo: «Não é para jogadores fracos»
Treinador português abordou ainda a chegada ao Lille e recordou a passagem pela Roma
Paulo Fonseca, a cumprir a segunda temporada no Lille, recordou a mudança para o futebol francês.
«O principal na minha conversa com o clube foi a sensação de que poderia construir algo que fosse meu. Foi isso que me fez decidir vir para o Lille. Tinham sido campeões dois anos antes, mas a maior parte dos jogadores dessa equipa tinha saído. O proprietário queria construir uma nova equipa com jogadores jovens e sem pressão. Queria uma nova forma de jogar e uma equipa que pudesse dominar os jogos. Tive imediatamente a sensação: 'Sim, este é o sítio certo. Posso construir uma identidade aqui’», começou por contar, em entrevista ao The Athletic.
Na primeira época, o treinador português, com passagens por Paços de Ferreira, FC Porto e SC Braga, conduziu os les dogues ao quinto posto da Ligue 1 e consequente qualificação para a Liga Conferência.
«Para mim, nunca se trata apenas do resultado. Trata-se do processo. O que criamos e a forma como o fazemos. Isto é muito importante para mim. Quero criar algo que nos permita desfrutar do jogo. E para isso, é preciso ter uma forma de jogar ofensiva. Temos de tentar dominar e criar mais oportunidades do que o adversário. Penso que atualmente as pessoas apreciam menos os treinadores que não têm coragem. Quero criar algo espetacular. Algo que as pessoas possam realmente apreciar», afirmou.
Paulo Fonseca, de 50 anos, abordou o seu estilo de jogo: «O nosso jogo é a atração. Queremos que as equipas nos pressionem para que possamos encontrar espaços. E corremos muitos riscos, principalmente quando construímos, porque a nossa primeira fase é o que nos permite dominar. Às vezes falhamos. Não somos o maior clube de França e não temos a mesma capacidade que alguns clubes. Mas podemos ser fortes se escolhermos os jogadores certos e conseguirmos construir uma equipa com coragem. Este tipo de jogo não é para jogadores fracos. Têm de saber que vão cometer erros, mas insisto para que tentem. Se correr mal, a culpa é minha.»
O técnico luso recordou ainda a passagem pela Roma, onde esteve duas temporadas – chegou a Itália após três épocas no Shakhtar Donetsk.
«Foi uma experiência difícil, mas gostei muito. A paixão dos italianos é incrível. Há rádios que falam sobre futebol durante 24 horas. Foi uma pressão enorme, mas gostei. Cresci muito. Cada país tem ideias diferentes. Em Portugal, por exemplo, fomos muito influenciados pela periodização tática e por Vítor Frade. Mas em Itália vi tipos diferentes e tive de me ir adaptando», completou.