O desafio do bicampeonato

Benfica O desafio do bicampeonato

NACIONAL04.07.202318:29

O Benfica inicia na quarta-feira uma temporada com maiores dificuldades que a anterior, porque ser bicampeão é muito mais difícil do que ser campeão: a pressão aumenta, a motivação dos adversários também, e é requerido um maior estofo psicológico para repetir o título nacional. Para quem tiver dúvidas sobre esta realidade, bastará lembrar que o Sporting não ganha dois campeonatos seguidos desde 1952/54, o FC Porto desde 2011/13 e o Benfica foi bicampeão pela última vez entre 2015/17.


Essencial para alcançar o desiderato do bi é aumentar a profundidade do plantel, garantindo que nenhum jogador se sente confortável quanto à questão da titularidade. Desta luta interna, resulta uma intensidade maior nos treinos, que se traduz, a seguir, nos jogos, onde quem recebeu a confiança do treinador não quer dar espaço aos concorrentes e estes, se tiverem oportunidade de utilização, tudo farão para justificar nova oportunidade.


Nesta medida, e apesar de estarem ainda por preencher duas posições do plantel, a de guarda-redes e a de defesa-esquerdo, deve dizer-se que o Benfica tem trabalhado bem e discretamente, e que as chegadas de Kokçu e Di María devem ser vistas como grandes reforços para uma equipa que não deverá alterar a filosofia de jogo que a levou ao título em 2022/23.

Pela forma como Roger Schmidt gosta da dinâmica das suas equipas, a entrada de um defesa esquerdo com características semelhantes às de Alex Grimaldo afigura-se essencial, garantindo, a um só tempo, a profundidade no corredor e a possibilidade do médio-ala se integrar no jogo interior. Aquela que seria a primeira escolha, o húngaro Kerkez, já caiu, ao assinar pela Lazio, estando agora o checo Jurasek na pole position. Porém, o Benfica não pode baixar a fasquia da exigência quanto a um substituto de Grimaldo, lateral de nível mundial, sobretudo a atacar.


Quanto às restantes posições, há uma abundância desnecessária de centrais (que deverão ser quatro, quanto muito, cinco, no desenho final do plantel), não faltam opções, para todos os gostos e circunstâncias para as duas posições à frente da defesa (Florentino, João Neves, Chiquinho, Aursnes, Kokçu...) e a chegada de Ángel Di María, que sempre que estiver em boa condição física será titular, veio espevitar a luta por três lugares, de permuta quase constante, que se posicionam atrás do ponta-de-lança, que será disputada, além do campeão do Mundo, por João Mário, Rafa, Neres, Gonçalo Guedes, a quem podem juntar-se Fredrik Aursnes e Kokçu.


Na frente, Gonçalo Ramos e Musa saem na frente, e Henrique Araújo pode ser mais uma opção, assim como Gonçalo Guedes, a quem a posição não é estranha.


No que respeita às saídas - e os nomes de Gonçalo Ramos, António Silva ou Florentino vêm imediatamente à baila - o Benfica tem definido que só contratará para posições em que haja transferências.


Quando estamos a cinco semanas do primeiro jogo oficial, contra o FC Porto, na final da Supertaça Cândido de Oliveira, o Benfica está dentro dos timings corretos para fechar o plantel em tempo útil para o trabalho de Roger Schmidt, que parte para a nova época com um conhecimento mais alargado sobre o clube, os jogadores e as idiossincrasias do futebol português. Mas há que ter em conta que, sendo normal dizer-se que o campeão em título é o principal candidato ao triunfo final, como já vimos, revalidar o campeonato é sempre mais exigente do que vencê-lo pela primeira vez.