«O ADN do Benfica não é o que se viu contra o FC Porto»

Benfica-FC Porto «O ADN do Benfica não é o que se viu contra o FC Porto»

NACIONAL09.04.202315:50

Se Nélson Rodrigues, o Pelé da crónica em português, descobriu (poético e filosófico) que «no futebol o pior cego é o que só vê a bola», Augusto Inácio fez, a partir de quatro perguntas de A BOLA, o rescaldo do Benfica-FC Porto mostrando que há sempre mais do que a bola a rolar pela relva (em maior ou menor esplendor). 

«Não, o Benfica não é tão fraco como aquilo que apresentou contra o FC Porto. O verdadeiro Benfica é aquilo que o Benfica foi fazendo ao longo da época: equipa segura, competente, com jogadores normalmente muito bem. Estes acidentes de percurso acontecem, mas não acredito que, por causa desta derrota, o Benfica perca a motivação e a força que tem revelado. Claro que não: o FC Porto não é tão fraco como parecia. Aliás, só quem não conhece o FC Porto é que poderia imaginá-lo assim. Podendo parecer a andar pelas ruas da amargura, quando chega a estes jogos só pensa numa coisa: mostrar caráter e força, arreganho e vontade de vencer. E nada como jogos destes para aparecer a alma e o coração a querer ganhar, a fazer tudo para ganhar. Foi o que se viu na Luz - um FC Porto a mostrar o seu espírito, a mostrar como anular o Benfica em termos de jogo jogado: já que o Benfica gosta de ter bola, tira-se-lhe a bola. E com o FC Porto a gostar de ter bola, o Benfica só queria jogar em transição. Foi, pois, um Benfica com uma cara que ainda não se tinha visto: a jogar no contragolpe, a jogar à espera do adversário. Este Benfica não é isso e deu-se mal com a situação. E se tal se deveu a mérito do FC Porto, também houve demérito do Benfica. O ADN do Benfica não é esse que se viu contra o FC Porto. O treinador e a equipa estiveram mal na abordagem ao jogo. Estando já a ser dominados pelo FC Porto, marcaram golo contra a corrente do jogo e aquilo que podia dar-lhe mais alguma coisa, não deu: ficou o Benfica na expetativa, deixando o FC Porto a continuar a dominar o jogo, nunca conseguindo segurar a bola. O meio-campo não existiu. O Rafa não existiu. O Gonçalo Ramos só fez o cabeceamento para o golo. Foi um Benfica com uma cara que nunca teve contra um FC Porto com a cara que sempre teve - um FC Porto à imagem da cara do Sérgio Conceição! Que, para mim, foi o Homem do Jogo porque transmitiu sempre enorme confiança, arranjou estratégia que aniquilou completamente o jogo ofensivo do Benfica - e demonstrou mais uma vez que é um treinador que gosta de ganhar, que faz tudo para ganhar.»

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