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ENTREVISTA A BOLA «Mudança para a Suécia? Foi a melhor coisa que podia ter feito»

PARTE 2 - Mafalda Barbóz sagrou-se campeã pelo Malmo esta temporada, depois de uma época em destaque no Valadares. E conversa com A BOLA, a médio de 22 anos relata a sua experiência em solo nórdico, traçando comparações com a realidade portuguesa, e aborda uma possível chamada à Seleção A pela primeira vez

- Depois de uma grande época no Valadares surgiu o Malmo. Como é que apareceu essa oportunidade de rumar à Suécia?

- Não estava à espera, porque aqui a nossa época estava a acabar. Faltavam-me três jogos e ia de férias, depois de uma época tranquila, muito estável, constante e de crescimento. E não estava à espera de ser logo. Confesso também que é engraçado que eu comentava com algumas pessoas, e tenho dito isto, que eu sentia que estava numa boa fase, estava a crescer, estava tranquila, e que era engraçado se eu não parasse de competir, se eu aproveitasse todas as janelas. Na altura comentava com as pessoas mais próximas, por acaso era engraçado se eu agora, que nós vamos supostamente entrar de férias, que eu continuasse a competir e que aproveitasse todas as janelas e ver onde é que isto me leva, estar sete anos a competir. Claro que na altura não sabia o que sei hoje. Não é que tenha mudado muita coisa, mas o meu corpo também se nota, que precisa às vezes dessas férias. Não estava nada à espera, muito menos a Suécia, porque não olham para os jogadoras portuguesas. A nível de estatura, porque é mesmo uma coisa nossa, somos mais pequenas. Portanto, de tudo aquilo que pudesse aparecer, à parte dessa possibilidade que eu comentava, que era giro se eu continuasse a jogar, e para continuar a jogar obviamente que teria de ser num destes campeonatos, foi engraçado surgir a Suécia. Foi engraçado, primeiro, por ser portuguesa, e porque tenho noção até de as defrontar, porque tinha jogado contra elas com a seleção e é aí que dá para perceber, para quem está cá dentro, a diferença e o andamento que existe lá fora, e o quão já adiantados alguns países estão. Parece que, ao mesmo tempo, e também por isto tudo, por ter noção que era uma coisa importante, que é um campeonato e uma liga que não têm a ver com a nossa. Mais dura, um bocado mais avançada, um bocado grande mais avançada do que a nossa. Não pude esperar nem dizer que não, e foi. E foi a melhor coisa que eu podia ter feito.

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- Qual foi o maior choque cultural com que te deparaste na Suécia?

- Conseguimos dividir por partes. Culturalmente, de pessoas para pessoas, não são latinos. Malta mais fria, mas muito respeitosos, tranquilos. Estive tranquila, porque toda a gente fala inglês, então não foi uma adaptação difícil, apesar de eu ser a única estrangeira lá, então é preciso estofo. É tudo muito bonito, mas agora é que eu vejo que é preciso estofo para fazer isto a sério. Mas, culturalmente, muito frios. Não são latinos. E isso sente-se logo assim que se chega, é uma forma diferente de estar. Tirando isso, a nível desportivo e da cultura desportiva, que é o que importa, muito mais à frente. Para com o futebol feminino, uma postura que não tem nada a ver. As pessoas na rua, as pessoas vão ao estádio, pagam para ver, naturalmente. O investimento... Também sei que o meu caso é exceção, ou melhor, não é exceção, mas também não é regra. As condições que eu tinha no Malmo, que é o maior lá. Mesmo que não fosse igual em todos os clubes como no Malmo, que é especial, nota-se que estão culturalmente muito mais dentro há muito mais tempo, e vê-se desportivamente o rendimento que nós sabemos que existe. Conseguimos ver os aninhos que eles já trabalharam, que ainda nos falta. Eu gosto de ter esta conversa e falar sobre isto naturalmente, porque vivi isso lá, mas também gosto de dizer que no dia em que nós quisermos olhar para as coisas de forma estruturada cá e fazer o que tem de ser feito com cabeça, como acho que temos conseguido atalhar a caminho… Acho que também é de notar que quando nós igualarmos estes anos que eles têm de trabalho e de cabeça… sabemos que nós temos, as latinas, nós, portuguesas, temos um toque de bola diferente, que é bom, que nasce connosco. Eu também gosto de dizer, porque é muito bonito ir lá fora, que quando nós chegarmos aí, claro que com anos, sei que vamos ser muito especiais. Muito especiais, porque temos o toque que tem de nascer um bocadinho.

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«Dizia por brincadeira que ia para o Benfica»

31 dezembro 2024, 08:00

«Dizia por brincadeira que ia para o Benfica»

PARTE 1 - Mafalda Barbóz, capitã da Seleção nacional de sub-23, vem de uma época de sucesso na Suécia, ao serviço do Malmo, onde se sagrou campeã e garantiu a subida ao primeiro escalão. Em conversa com A BOLA, recorda os primeiros toques com a bola, o percurso até chegar ao Benfica, a aventura em Espanha com apenas 19 anos e a importância do Valadares para a sua carreira

- Como é que comparas o nível da segunda divisão sueca com a primeira Liga portuguesa?

- Nada a ver. Eu costumo falar assim sobre aquilo que eu acho que é a diferença das jogadoras aqui ainda, por exemplo, com esta realidade que eu encontrei. Uma coisa é nós sermos jogadoras de futebol e outra coisa é nós sermos atletas de alta competição. E é aí que nós nos afastamos, porque para ser atleta de alta competição é preciso uma estrutura, é muita coisa à volta. Não é o nosso talento que nós temos. Há lá jogadores com 17 anos que são atletas de alta competição, duas vezes por semana de ginásio. Depois obviamente que isso ajuda, chegam a um escalão sénior muito mais bem preparadas, atletas para competir. Alto rendimento, porque isto é rendimento, isto já não é jogar à bola porque nos apetece, porque nós gostamos. Temos de ser sinceros, se queremos só jogar à bola, temos um espaço. Agora neste momento, se queremos andar na elite, é rendimento. Para o corpo render é um trabalho muito grande. E é aí que eu digo que é o trabalho que nós temos de fazer, que já começamos a fazer, mas que vai demorar tempo, porque nós não nascemos já feitas. Com mais jogadoras neste contexto, já bem preparadas para rendimento, a Liga lá tem, como estava a dizer, jogadoras de 17 anos já atletas formadas, a render. Não é vão para a escola e depois vão jogar à bola. Obviamente que depois se nota a diferença. Na segunda Liga, um investimento também não tem nada a ver. Realço sempre que estava no melhor, o Malmo é o melhor de lá, mas independentemente disso, todo o investimento que fazem os clubes, infraestruturas, etc… não tem nada a ver com a nossa primeira Liga aqui. Nota-se a discrepância que existe entre uma segunda Liga de lá e uma Primeira liga daqui. A competitividade lá é muito maior. Nem é só a nível físico. O nível físico é uma consequência daquilo que eu estava a dizer, porque vem delas o andamento. Portanto, são mais competitivas na segunda divisão, são mais competitivas na primeira divisão. Se nós compararmos com o que existe aqui em Portugal, não tem nada a ver. Segunda divisão lá, e tendo jogado cá… a época toda que eu faço aqui no Valadares, chego lá e eu... vinha bem preparada porque tinha a minha época toda, mas ainda chego lá e é um choque. Não tem nada a ver. Só mesmo a olharem e a analisar e a querer estar presente e perceber, é que conseguimos entender a diferença.

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- A adaptação ao clube foi fácil? Como é o Malmo ao nível das infraestruturas?

- Fui muito bem recebida. Infraestruturas tudo do bom e do melhor. Temos o nosso estádio, roupas... ou seja, toda essa parte que deve ser o mínimo, muito bom. Igual à equipa masculina. Comíamos às vezes com a equipa masculina. Ou seja, há uma proximidade muito diferente, porque culturalmente acho que também convida a isso. Mas lá está, o Malmo era o melhor. E aquilo que eu digo, na maior parte das equipas da primeira divisão pode não ser assim. Agora aquilo que eu tive e como é lá onde eu vivia, do bom e do melhor. Receberam-me bem. Era a única estrangeira, mas nós somos latinos, fazemos amigos na boa, em todo lado. E não foi exceção. Culturalmente percebi logo onde estava, a diferença, mas foi tranquilo. Toda a gente falava inglês. E se não falasse, nós arranjávamos uma forma. Tive sorte naquilo que encontrei. E depois, o meu futebol, o futebol que eu jogava lá, não era o típico futebol sueco. Acho que também me ajudou muito. Era jogo bonito. Rápido, intenso, mas mais bonito.

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- Sagraram-se campeãs esta época e alcançaram a subida ao primeiro escalão. Qual foi a sensação de levantar o troféu?

- Dever cumprido. Para mim, pessoa que está de fora, portuguesa que chegou, que percebeu a dimensão do clube e aquilo que é o Malmo para a Suécia, para a cidade. Foi giro, foi importante. E eu percebi. Para mim, dever cumprido. Era a única coisa que nos pediam. Porque o Malmo vinha de 4 anos seguidos a subir de divisão. Eles tiveram a possibilidade de entrar logo na primeira, mas eles disseram que não, porque é mesmo deles. Se é para subir, é para ser como tem de ser. Todos os degraus. E pronto, era o único ano que nos faltava. Para mim, óbvio, foi especial. É dever cumprido. Chegámos, ganhámos e é bom. Mas depois, perceber a envolvência que isso tem para as pessoas lá da cidade, de nos verem na rua, ficarem mesmo felizes. Eles vivem aquilo como se fosse... É diferente lá, culturalmente. É diferente a maneira como eles olham para o clube. Não é tanto investimento de fora e investidores a meter dinheiro. É muito o clube da cidade, das pessoas. E, portanto, depois de perceber essa envolvência, foi um bocadinho mais especial do que se fosse só por termos ganho o que era suposto.

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- Depois de uma temporada em destaque no Malmo, e sendo tu já capitã dos sub-23 de Portugal, sentes que a Seleção A está aí à porta?

- Não sei se está à porta, mas quando estiver, quando for preciso, eu estou preparada para estar lá. Mas não sei. Vamos ver. Há muitas coisas que não dependem de mim. E há muitas coisas a acontecer. Muita coisa muda, de um momento para o outro. Portanto, acho que essa é uma das coisas que, se calhar, a qualquer momento, no momento certo, vai mudar. Gosto de deixar isso para a vida. Eu faço a minha parte. Quando for para lá estar, eu estou preparada.

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- Pensas regressar a Portugal num futuro próximo?

- Não sei, porque, como acabei de dizer, de um momento para o outro as coisas… nós nunca sabemos. Portanto, tenho de estar preparada para qualquer contexto, qualquer projeto. Mas também sei, neste momento, onde eu quero estar e os jogos que eu quero jogar. E é muito consoante isso, e dos projetos que se encaixarem bem, e que precisarem mesmo do meu futebol, que a vida me vai encaminhar. Logo vemos. Não sabemos. Hoje estou aqui e amanhã vamos ver.

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