«Mourinho prejudicou prestígio e reputação de Chiffi»

Roma «Mourinho prejudicou prestígio e reputação de Chiffi»

INTERNACIONAL08.07.202300:14

Quase três semanas após, a 18 de junho, ter deliberado aplicar multa de €50 mil à Roma e suspender o técnico da equipa, o português José Mourinho, por dez dias - por declarações consideradas ofensivas para com o árbitro Danielle Chiffi e a Associação Italiana de Árbitros [AIA] no final do Monza-Roma, de 3 de maio (33.ª jornada da Serie A) -, as explicações do Secção Disciplinar do Tribunal Federal Nacional, presidido por Carlo Sica, para os castigos surgiram, por fim, divulgadas na íntegra, pela federação (FIGC), no seu site, onde se pode ler o acórdão sobre o caso.

«Os factos do caso são claros, bem como o teor das declarações feitas pelo Senhor Mourinho após o jogo da Serie A do campeonato Monza-Roma, disputado a 3 de maio de 2023 [33.ª jornada da Serie A], do qual há ampla prova documental e foram fielmente relatados pelo Ministério Público Federal aqui», lê-se na nota do tribunal.

Nesta nota se fundamenta a pena ao técnico português, que deverá impedir Mourinho de estar no banco nos jogos da 1.ª e 2.ª jornadas da Serie A 2023/24, a 20 e 27 de agosto, respetivamente.

«As declarações do Senhor Mourinho, divulgadas à televisão e à imprensa, ultrapassam, sem dúvida, os limites de uma crítica admissível ao trabalho do árbitro [Danielle] Chiffi e constituem uma violação aberta do disposto no número 1 do artigo 23.º do Procedimento Geral, segundo o qual ‘os sujeitos do sistema federal estão proibidos de expressar publicamente juízos ou observações prejudiciais à reputação de pessoas, empresas ou organismos que operem no âmbito do CONI, FIGC, UEFA ou FIFA’», é a explicação para o castigo, conhecida neste dia.

E prosseguem numa apreciação às palavras de ‘Mou’. «O Senhor Mourinho, com as declarações referidas - claramente públicas pela forma como foram feitas, durante entrevistas jornalísticas e conhecidas de todos – prejudicou, sem dúvida, seriamente, não só o prestígio e a reputação de [Danielle] Chiffi, com julgamentos e declarações também de natureza pessoal, mas também a organização federal [AIA, Associação Italiana de Árbitros] como um todo, chegando a pôr em dúvida os mecanismos de nomeação arbitral. No caso em apreço, portanto, a violação impugnada do artigo 23.º», detalha a nota, dada à estampa pela própria federação.

«[Danielle Chiffi] Tecnicamente é horrível, do ponto de vista humano não cria empatia com quem quer que seja: é o pior árbitro que já encontrei na minha carreira», foram, recorde-se, as afirmações de José Mourinho sobre o árbitro, natural de Pádua, que espoletaram a polémica e o castigo.

Já quanto à AIA e as críticas à arbitragem e sua estrutura em Itália, ‘Mou’ acusou então, a 3 de maio, de forma lapidar: «Não temos a força de outras sociedades [clubes] para lhes dizer [à AIA] que não queremos este ou aquele árbitro nos nossos jogos».