Marcos Leonardo desconstruído: porque é um diamante em bruto?
Marcos Leonardo, IMAGO / Action Plus

Marcos Leonardo desconstruído: porque é um diamante em bruto?

INTERNACIONAL03.01.202414:36

Qualidades e defeitos do mais que provável reforço do Benfica

Marcos Leonardo está muito perto de ser confirmado como reforço do Benfica. O jovem avançado do Santos é visto com uma das grandes promessas do futebol brasileiro para a posição de avançado-centro, na linha de Endrick, já resgatado pelo Real Madrid, e de Vítor Roque, garantido pelo Barcelona

Será que o miúdo de Ipatinga tem tudo no sítio para criar impacto no futebol dos encarnados e projetar-se para ser mais uma grande venda da Luz para uma Big Five? Esse é o modelo de negócio do Benfica e terá sido também por aí que se avançou para a contratação. Havendo sempre risco associado, são 18 milhões de euros pagos pelo potencial. E que potencial é esse?

Primeiro, o já gasto rótulo de diamante em bruto assenta-lhe na perfeição.

Tem 20 anos (21 em maio) e 1,74 metros de altura, e aqui surge logo uma primeira dúvida que abordaremos à frente.

Marcou 54 golos e assinou 11 assistências em 168 jogos peloSantos o que dá uma ação decisiva a cada 2 jogos e meio, mais coisa menos coisa. Não sendo números extraordinários, a tenra idade e a quebra sucessiva do Peixe desde 2020 até à descida à Serie B neste ano, tornam-nos bem mais do que satisfatórios. Mais: se avaliarmos a métrica dos expected goals (xG), Marcos Leonardo desperdiça praticamente zero, o que pode significar que se for melhor alimentado é possível que dispare neste capítulo.

É internacional sub-20 e sub-23 pelo Brasil.

No que diz respeito ao perfil, é um avançado completo. O que é que isto significa? Que não é apenas um homem de área. 

Marcos Leonardo baixa para servir de apoio, transportar ou distribuir, e ao mesmo tempo consegue ser letal e instintivo na área. Aí, não precisar de dar muitos toques na bola para arranjar espaço para finalizar. Movimenta-se muito bem e de forma muito inteligente sem bola (tornando-se muito difícil de marcar), conseguindo adivinhar o sítio exato onde a bola vai cair, e também com esta nos pés, graças à agilidade, excelente capacidade de drible e aceleração. Controla bem a bola e é robusto fisicamente, o que lhe permite resistir à pressão contrária. 

É muito perigoso nas transições ofensivas graças à movimentação e capacidade de explosão, sobretudo diante de defesas mais pesados. Finaliza com ambos os pés, preferencialmente com o direito, e consegue lutar no jogo aéreo, apesar da baixa estatura. É um dos capítulos que ainda pode trabalhar mais, porque nem sempre cabeceia da melhor forma, mas não esperem que consiga bater autênticas torres pelo ar. Pode sim é garantir espaço para poder fazê-lo com menor oposição e aí definir melhor.

O primeiro toque na bola também não é perfeito nem o passe quando decide apressar a decisão. Ou seja, é um bom passador, mas precisa de definir melhor o gesto quando já está a pensar no problema seguinte. 

Um dos aspetos mais interessantes de Marcos Leonardo prende-se com a outra forma como pode encaixar no futebol do Benfica. É um avançado que se aplica bastante na pressão e poderá não só ajudar os encarnados a chegar ao golo como a tapar caminhos para a sua baliza, algo que não tem funcionado tão bem esta época. É, naturalmente, algo que precisa de ser trabalhado, mas o ponto de partida para Roger Schmidt é que terá finalmente alguém predisposto a correr atrás da bola quando esta não está na posse da sua equipa.

Marcos Leonardo é um negócio de oportunidade, em que o risco, face ao potencial, parece bem menor do que outros. O jovem avançado tem tudo para estar numa Big Five dentro de pouco tempo, porém primeiro tem de vingar em Portugal. Face às necessidades do Benfica na frente e não só no aspeto ofensivo, as oportunidades não tardarão a chegar.