Liga 3: Marinho e Adrien Silva têm dois amores
Marinho viveu momento mais alto da carreira com a camisola da Académica e Adrien Silva vingou de leão ao peito (Miguel Nunes)

Liga 3: Marinho e Adrien Silva têm dois amores

NACIONAL01.09.202409:30

Ambos formados no Sporting, cruzaram-se na Académica, e agora revivem memórias na antevisão ao jogo de hoje. Corações divididos na hora de apontar quem desejam que seja o vencedor: «É difícil»

O jogo entre Sporting B e Académica, hoje, referente à 5.ª jornada da Liga 3, serve de mote para Adrien Silva e Marinho desfiarem o novelo das memórias. Formados no Sporting, partilharam balneário na Académica, em 2011/2012, onde nasceu uma cumplicidade e amizade para a vida. Em declarações exclusivas a A BOLA, descreveram como foi crescer de leão ao peito e deixaram conselhos aos mais jovens.

De regresso à Academia Cristiano Ronaldo, em Alcochete, Adrien Silva tem um brilho especial nos olhos quando abraça Paulinho, icónico roupeiro do Sporting, que o tratou como se ainda integrasse o clube. Questionado sobre o sentimento após ter representado os dois clubes, importantes no seu percurso, Adrien foi claro: «É positivo, dois clubes que fazem parte do nosso percurso, trajetória da nossa carreira e pelos quais aconteceram coisas muito boas para a nossa evolução. Independente do momento em que a Académica se encontra, não deixa de ser triste, mas especial ao mesmo tempo de poder reencontrá-los.»

Sobre o regresso à Academia, não escondeu a emoção: «Foram 16 anos aqui, não fico indiferente, foi a minha casa durante tanto tempo e é muito agradável poder voltar e ver aquela pessoa [Paulinho], dando-nos sempre um sorriso, é o recordar de coisas muito boas.»

Adrien Silva sorridente no regresso à Academia de Alcochete (Miguel Nunes)

Instado a fazer valer-se da sua experiência para transmitir uma mensagem aos jovens residentes na Academia, que sonham também um dia chegar à equipa principal, Adrien Silva disse para não desistirem na adversidade. «O conselho maior que posso dar é mesmo a resiliência, dizer-lhes que haverá altos e baixos e haverá muito mais baixos do que altos e aí é que têm de se agarrar ao que realmente querem, porque há sempre esperança, independente do momento em que se encontram e têm de estar preparados para isso, porque só assim é que irão conseguir escalar a montanha, que é alta, mas tudo é possível para qualquer um de nós, ou de outros, nesse caso», realçou.

Foram 16 anos aqui. Foi a minha casa durante tanto tempo... É sempre bom voltar à Academia»

Marinho partilha das palavras de Adrien ao falar da sua passagens por Sporting e Académica: «Dois clubes que dizem praticamente tudo para mim. Um, onde cresci, onde me formei, onde percebi que o meu sonho era jogar futebol, era chegar aos mais altos patamares, foi aqui que comecei a desenvolver todas as sensações e que me deu a possibilidade de, à minha escala, tocar o céu, cumprir um sonho de criança.»

Marinho tem os dois filhos, Duarte e Dinis, a jogarem no Sporting (Miguel Nunes)

Agora vive outros sentimentos, na bancada, a ver os filhos Duarte (sub-17) e Dinis (sub-14) de leão ao peito: «Ainda sou abordado muitas vezes no universo sportinguista e questionado, mas a verdade é que tem sido tudo muito fácil e estou sempre a torcer por eles.»

Foram dois clubes que, à minha escala, me permitiram tocar o céu, cumprir um sonho de criança

E que conselhos lhes dá nesta altura? «Acima de tudo que se divirtam, hoje em dia o futebol de  formação é bem diferente do que eu vivi com a idade deles, e até o que o Adrien viveu também com a idade deles, é um futebol diferente. Peço  que se divirtam sempre, que se é para fazer que tentem fazer bem, porque custa tanto fazer bem como mal, e se vamos fazer, vamos fazer bem. Se vão existir dias que não vamos fazer bem, vão, mas se sairmos do campo de consciência tranquila que demos tudo o que podíamos ter dado, ótimo, perfeito, nada mais há a fazer, mas acima de tudo que se divirtam e tenham prazer no que fazem, nesta fase defendo que é o mais importante», respondeu.

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FORMAÇÃO DE EXCELÊNCIA

Adrien Silva mantém-se a par do quotidiano leonino e tem assistido à evolução do trabalho que se faz na Academia em prol da formação.
«Nunca deixei de seguir o clube, apesar de ter-se esquecido há uns anos um pouco essa parte que é tão importante para o Sporting que é a formação e voltou a ser aposta com esta nova Direção, a reerguer e fazer um trabalho muito positivo para voltarmos a ser aquilo que já fomos e isso é muito importante como sportinguista, também poder ver ainda mais atletas a sair da nossa academia», destacou.

Adrien Silva mantém-se a par do quotidiano do Sporting (Miguel Nunes)

Desafiados a fazer um prognóstico para o jogo de hoje, as respostas foram unânimes. «Essa era a pergunta que não queríamos [risos]. Acima de tudo, olhando para a realidade de um e do outro clube, a vitória será importante para os dois. Um, porque sei das dificuldades que o clube vive e precisa de vencer para chegar novamente a patamares diferentes, por isso gostava que a Académica conseguisse atingir os objetivos. Do outro lado está um Sporting que também, no meu entender, e aqui se calhar estou a ir um bocadinho para fora de pé, o projeto Sporting faria todo o sentido ter uma equipa B na Liga 2. Portanto, os dois clubes a precisarem de pontos para chegarem a objetivos, no fundo iguais, porque tanto uma como outra querem subir de divisão, mas não é fácil escolher, são dois clubes muito especiais», disse Marinho, logo corroborado por Adrien: «Será engraçado poder voltar a ver um embate entre dois clubes que fizeram parte da minha carreira, mas sem expectativa que alguém ganhe, é mesmo desfrutar do jogo e poder relembrar um pouco desses tempos passados nesses dois clubes, não dá para escolher.»

A TAÇA DE PORTUGAL CONQUISTADA AO SPORTING

Ainda hoje os sportinguistas têm Marinho ‘atravessado’. Em 2011/2012, foi o autor do golo na final da Taça de Portugal que os leões perderam para a Académica, então orientada por Pedro Emanuel, com Adrien Silva a cumprir os 90 minutos. «Não podia ser um jogo mais especial o que vivi com a Académica, sendo contra o Sporting, as pessoas podem não perceber, porque há sempre aquele clubismo que às vezes nos persegue e não nos deixa ver para além disso, mas poder estar num meu dia perfeito com os dois clubes que mais me marcaram sem dúvida que para mim foi fantástico e continua a ser assim.»

Marinho foi herói para uns e traidor para outros (Miguel Nunes)

Para uns foi visto como um traidor, para outros o herói. «Sim, mas isso faz parte. Nós próprios enquanto profissionais, não é enquanto jogadores, é enquanto profissionais temos que perceber que do outro lado estão os adeptos, está a irracionalidade e temos que perceber e temos que muitas vezes comer e calar e outras vezes dar da perna e foi o que eu fiz quando saí do Sporting, que foi dar da perna e chegou um momento em que não foi uma resposta, mas que eu percebo que tenham olhado dessa forma, mas eu também não escolhi sair do Sporting, fiz o meu caminho, é possível que me tenham visto como traidor, mas no fundo estava apenas a ser profissional e estava a lutar pelos meus sonhos que aprendi aqui, portanto, acho que fiz bem o meu papel.»