Leão vulgarizou o dragão e ficou a dever-se goleada: a crónica do Sporting-FC Porto
Gyokeres e Pepe foram protagonistas no clássico, mas por motivos diferentes (Foto Miguel Nunes/ASF)

Leão vulgarizou o dragão e ficou a dever-se goleada: a crónica do Sporting-FC Porto

NACIONAL19.12.202300:16

FC Porto sem ritmo para um Sporting que saltou para a liderança em grande estilo; em Pepe começou o descalabro emocional portista

Não é normal que um clássico entre Sporting e FC Porto seja tão desequilibrado como o que decorreu esta segunda-feira em Alvalade. Aliás, tivessem tido os leões uma melhor definição em vários lances de igualdade numérica e o estrago sofrido pelos portistas teria sido muito maior. O que se terá passado com a equipa de Sérgio Conceição, uma sombra do que já lhe vimos na presente temporada? 

Se quisermos uma imagem forte deste duelo entre leões e dragões podemos pegar no frente a frente entre Gyokeres e Pepe, em que o avançado sueco desmontou, peça por peça, o veterano internacional português, sem pernas para acompanhá-lo, quer no lance do primeiro golo, aos 11 minutos, quer, quatro minutos volvidos, numa jogada que acabou em amarelo para o capitão portista. 

Tivesse o Sporting insistido mais em colocar a bola no sueco na área de jurisdição de Pepe, que jogou à esquerda de Zé Pedro, e talvez o FC Porto ficasse reduzido a dez jogadores mais cedo. Ainda sobre Pepe, manifestamente incomodado por não ter andamento para Gyokeres: acabou por ceder à instabilidade emocional, e arrastou a sua equipa para uma das piores exibições, em jogos grandes, dos últimos anos. 

Diz-se, no futebol, que uma equipa joga o que a outra deixa jogar. Não sei se é bem assim, mas a verdade é que o Sporting foi melhor do que o FC Porto em todos os aspetos do jogo, das escolhas certas de Amorim para a defesa - que exibição de Quaresma! - perante a indisponibilidade de Coates, quer na estratégia de chamar o FC Porto, através de saídas de bola a partir de Adán, para a seguir esticar o jogo especialmente para Gyokeres, sem que os dragões respondessem à altura. 

Ao intervalo, apesar de o FC Porto ter construído o primeiro lance de perigo aos 45+4’, a vantagem tangencial do Sporting não traduzia tanta superioridade e um futebol de enorme qualidade, com Hjulmand a fazer uma exibição notável e Diomande a revelar-se um prodígio. 

Estavam jogados quatro minutos da segunda parte quando Pepe agrediu, como se fosse um principiante, Matheus Reis e a partir daí a pergunta foi mais por quantos ia o Sporting ganhar, e não se ia ganhar. 

Sérgio Conceição remendou a defesa com Zaidu a central e Galeno a lateral esquerdo, mas só dava Sporting, e da melhor jogada do encontro - passe genial de Catamo para Gyokeres que isolado pela meia-direita ofereceu de bandeja o golo a Pote - chegou a tranquilidade de uns e o conformismo mal disfarçado de outros, que perceberam que tinham o jogo perdido. 

Conceição ainda compôs a defesa com Fábio Cardoso, soltando Galeno, e meteu Francisco Conceição, que não fez a diferença, enquanto que Amorim alargou a frente de ataque com Nuno Santos, para mais tarde mandar a jogo Paulinho, o que fez com que os leões ficassem num 3x5x2 que por vezes era 3x4x3, consoante Pote subia mais ou menos no terreno. E nesse período, pelo menos em três situações Diogo Costa salvou, com grandes intervenções, a honra do convento azul e branco. 

O Sporting, que entretanto se refrescou com Trincão e Daniel Bragança, exatamente ao mesmo tempo que o FC Porto tentou recuperar algum equilíbrio com André Franco e Fran Navarro, mandou sempre num jogo que acabou com quezílias a mais, desnecessárias perante a forma cristalina como uma equipa foi muito melhor do que a outra. 

O futuro dirá se estivemos apenas perante uma noite para esquecer dos dragões, que este ano perderam todos os jogos (5) com os grandes (Benfica, Sporting e Barcelona). O que não deixou dúvidas foi a exibição portentosa dos leões...