Sturm Graz-Sporting, 0-2 Leão pegou no comando e teve controlo total (crónica)

NACIONAL22.10.202422:43

Amorim levou um plano para a Áustria e os atores cumpriram-no à risca. O Sporting entrou a todo o gás, dominou e nem a reação final de um Sturm com pouco Graz levou a final surpreendente. E até o Óscar foi para o ator principal: Gyokeres

O senhor leão foi à Áustria, sentou-se na poltrona da Champions, pegou no comando e teve controlo total de um filme em que o roteiro foi escrito por Rúben Amorim bem à medida do que o Sporting precisava: dar oportunidades, pegar no jogo e dominar, marcar no momento em que indicação tática abriu caminho para o golo, ver o supergoleador fazer na Europa o que tão bem faz tão em Portugal e ainda lançar em competição peças importantíssimas que voltam a ter minutos depois de lesões. E nem a reação final do Strum, que nunca teve muito Graz, levou o enredo para um final que seria surpreendente. Pelo que se viu em campo foi previsível e o mérito foi todo dos leões, que tinham um plano e controlaram o jogo para o colocar em prática. E o campeão português é muito melhor do que o austríaco.

À partida havia três dúvidas sobre o onze que Rúben Amorim iria apresentar: o central à direita; o companheiro de Hjulmand no miolo; o avançado à esquerda. No ataque, a opção caiu em Maxi Araújo, mais pensado para a ala mas com Pedro Gonçalves ainda à procura do melhor ritmo a ser a opção inicial, até em detrimento do jovem nórdico Harder. No meio-campo a aposta recaiu sobre um Daniel Bragança embalado pelas recentes boas exibições, uma delas no anterior jogo da Champions, com direito ao golo do empate em Eindhoven, com o PSV. A surpresa (e a referida oportunidade) foi Ricardo Esgaio a recuar para a defesa, como Amorim já avisara que poderia acontecer, acompanhado Debast (ao centro) e Gonçalo Inácio (esquerda) – o nazareno até aqui tinha apenas 94 minutos em três jogos.

Desde o primeiro minuto que o leão avisou ao que vinha. Mandão, de garras afiadas e a empurrar os austríacos para o seu meio-campo, viu tanto Hjulmand como Bragança menos pressionados do que seria de supor, com bola. Trincão e Maxi Araújo na frente, muitas vezes com incursões por território mais interior a permitirem as subidas de Geny Catamo e de Nuno Santos. E foi precisamente numa dessas incursões – mesmo depois de indicação de Amorim para Trincão (grande jogo) interiorizar – que o moçambicano permitiu ao português, ainda que com a ajuda do guarda-redes, fazer o 1-0 aos 23’, numa jogada iniciada por Gyokeres e com Hjulmand a lançar o ala para golpe incisivo pela direita – antes disso, porém, já os leões tinham posto os austríacos em sentido, Trincão (7’) e Gyokeres (16’) tiveram golos nos pés que no entanto foram adiados.

Reação da tempestade da Estíria só aos 30’: Israel primeiro e sobretudo Gonçalo Inácio a desligar o microfone de Biereth que se preparava para cantar golo. Foi a partir daí que se vislumbrou um pouco dos austríacos. Mas pouco.

Pouca foi também a reação, ainda que tentada, no arranque da segunda parte. Sobretudo porque a estrela da companhia, o galã do filme, o alto e loiro Gyokeres, lançado por Debast aos 53’, ganhou a bola na linha a Niklas Geyrhofer, onde já se sabe que quando ganha as costas do defesa nunca mais ninguém o pára. E não parou, mesmo quando teve de esperar, aguentar, para deitar por terra guarda-redes e defesa para fazer o golo. 2-0 para o Sporting e a margem para colocar em prática o que faltava do plano de jogo.

Matheus Reis, primeiro, St. Juste e Pedro Gonçalves, depois, a terem os minutos que precisaram para readquirir ritmo. Morita também foi a jogo e no fim Quenda. Foi nos últimos 20 minutos, já depois de os leões terem sonhado com o 3-0 mas a verem penálti sobre Geny Catamo ser revertido, que os de Graz ainda tiveram algum gás, mas já o Sporting tinha o jogo definido e nos intervalos dessa pressão austríaca até podia ter feito o terceiro.

Escreveu-se muito direito por linhas bem definidas e até Óscar do jogo foi para… o ator principal, Viktor Gyokeres!