Leão avesso a ‘bluffs’ joga forte no Casino
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Leão avesso a ‘bluffs’ joga forte no Casino

Sporting que tem demonstrado solidez é favorito numa deslocação curta onde vai defrontar um Estoril-Praia ainda à procura da sua identidade

Ao fim de seis jornadas, são já 12 pontos e 23 golos a separar Sporting e Estoril-Praia, com os leões à procura de um bicampeonato que lhes foge há 70 anos, e os canarinhos, que com uma administração que faz da grande rotatividade do plantel um modelo de negócio, sobretudo interessados em garantir a presença entre os maiores do futebol nacional. São realidades diferentes que se enfrentam, como tantas vezes (demasiadas vezes, até, para uma competição que, desejavelmente, seria mais equilibrada) sucede na I Liga portuguesa, e que transformam jogos que deviam ser disputados olhos nos olhos, em partidas mais pensadas ao estilo da Taça de Portugal, quando medem forças emblemas de escalões diferentes.

Apesar de escocês, Ian Cathro, da escola de Nuno Espírito Santo, de quem foi adjunto em vários contextos, inclusivamente no Rio Ave, conhece o suficiente do nosso futebol para saber que só terá hipótese de pontuar frente ao Sporting de Amorim se mantiver a concentração defensiva, tapar a largura do ataque do adversário, encontrar antídoto para Gyokeres e, ainda, tiver ousadia para encetar ações de contra-ataque que ponham em guarda o adversário. Não é fácil a tarefa para uma turma canarinha que apesar de ter vindo de menos a mais na Liga, ainda apenas somou um triunfo, mostrando, isso sim, cada vez maior confiança e resiliência, plasmadas no empate que foi arrancar, a duas bolas, na última jornada, a Vila do Conde.

Já com o Sporting, a questão é outra. Ainda sem Pedro Gonçalves nem Edwards, não será de estranhar que Rúben Amorim mantenha a aposta no apoio do dinamarquês Conrad Harder ao sueco Vítor Gyokeres (uma espécie de edição revista e atualizada de Maniche e Stromberg, há quatro décadas, no Benfica) uma dupla ‘viking’ de tremenda intensidade, especialista em dinamitar sistemas defensivos, abrindo espaços para a acutilância de Francisco Trincão, ou para as entradas, vinda de trás, de Hjulmand, Morita (ou Bragança), a que acrescem Catamo e Quenda.

Futebol é futebol, onde nada é impossível, mas, nesta altura, um Sporting que se apresenta com tremendo poder de fogo, grande capacidade de pressão, defesa subida e defensores capazes de dar profundidade, está transformado num competidor temível. A missão do Estoril-Praia, que há um bom par de anos era especialista em tombar-gigantes, e mais recentemente, especialmente sob as batutas de Marco Silva e José Couceiro, apresentou momentos de futebol de boa qualidade, não é impossível. Mas ninguém duvidará de que está perante uma tarefa muito difícil. Mais a mais porque, mesmo que o jogo se desenrole na terra do Casino mais famoso de Portugal, este Sporting não é muito dado a ‘bluffs’. Normalmente, as cartas que tem na mão, dão mesmo para ganhar…