Kardec: «Não será fácil mas o Benfica é muito grande!»
Brasileiro marcou o golo da vitória da última qualificação frente ao Marselha; o goleador confia na personalidade das águias, elogia Arthur Cabral, Schmidt e lembra Jorge Jesus
Atualmente no plantel do Atlético Mineiro e com 35 anos, o ponta de lança Alan Kardec foi a grande figura do Benfica nos oitavos de final da Liga Europa de 2009/2010 ao apontar, já no período de compensação, o golo da vitória dos encarnados por 2-1 no jogo da segunda mão, em França. Kardec rematou para o golo 100 dos encarnados daquela época aos 90 minutos do desafio no Velódrome, palco do jogo do Benfica na próxima quinta-feira.
O primeiro golo da equipa portuguesa foi marcado pelo lateral-direito uruguaio Maxi Pereira, aos 75’, e o golo dos franceses foi de Niang. Didier Deschamps treinava o Marselha e Jorge Jesus um Benfica que alinhou de início com Júlio César; Maxi Pereira, Luisão, David Luiz e Fábio Coentrão; Javi García; Ramires, Carlos Martins e Di María; Saviola e Cardozo.
Era um garoto e aquele jogo foi a minha estreia nas competições europeias, e marquei aquele golo...
«É, aquele jogo lá foi muito especial para mim, entrei quando faltavam poucos minutos, o Jesus apostou em mim, era um garoto e aquele jogo foi a minha estreia nas competições europeias, e marquei aquele golo importante, acertei aquele remate… tenho essa partida guardada com muito carinho, nem sabia na altura como comemorar, tirei a camisola… joguei a camisola e ela desapareceu e tive de vestir outra… foi um momento único e lindo», recordou Alan Kardec a A BOLA.
«Vai dar certo!»
O atacante brasileiro acredita que agora como naquela altura o Benfica reúne as condições para seguir em frente na eliminatória da Liga Europa e aposta sem hesitar: «Vai dar certo!»
«O Benfica é um clube com uma tradição muito grande, que tem excelentes jogadores e um treinador também muito bom, joguei contra ele na China, quando ele era treinador do Beijing, e deu para ver que orientava muito bem as suas equipas, fez um bom trabalho lá, foi campeão no Benfica e tem todas as condições para continuar a fazer um grande trabalho, sei que o Sporting vai na frente do campeonato, mas nada está perdido», disse, deixando também uma palavra de confiança para a equipa das águias no campeonato.
Schmidt foi campeão no Benfica e tem todas as condições para continuar a fazer um grande trabalho
Mas, o que terá de fazer o Benfica para voltar a sorrir de Marselha? «O que tem de fazer frente aos franceses é jogar futebol da forma mais clara possível, o mais simples possível, porque com qualidade e com a tradição de grande clube que tem haverá todas as condições para ter sucesso. Jogar na França nunca é fácil, mas o Benfica tem grande jogadores e uma grandeza que é força», acredita Karcec.
O que o Benfica tem de fazer frente aos franceses é jogar futebol da forma mais clara possível, o mais simples possível.
O brasileiro confessa que do Benfica acompanha muito pouco além dos resultados, mas sabe que há qualidade no plantel. «Sim, sei que há Neres, Di María, Arthur Cabral… Arthur Cabral? É difícil dar opinião, sobretudo sobre um companheiro de posição sem ver os jogos. O que posso dizer é que ele tem muito potencial para vestir essa camisola e para as coisas funcionarem, agora o que está a correr bem ou mal, o dia a dia, não posso comentar sem ver, seria injusto», diz o ponta de lança.
Sei que há Neres, Di María, Arthur Cabral…
Kardec esteve no Benfica em 2009/10 e 2012/13, sem grande sucesso: fez 44 jogos e apenas oito golos com a camisola das águias.
«O que ficou de bom do Benfica foi a aprendizagem, a experiência de ter trabalhado com grandes jogadores e grandes técnicos. Era muito jovem e se tivesse tido um pouco mais de cabeça poderia ter corrido um pouco melhor para mim e para o clube também, se tivesse tido um pouco mais de maturidade... O clube sempre teve grandes jogadores e a exigência era grade, mas aprendi muito e a prova é que quando sai tive sucesso nos clubes por onde passei», diz Kardec, que depois do Benfica jogou no Palmeiras, no São Paulo, nos chineses do Chongqing Dangdai e Shenzhen FC e por fim no Atlético Mineiro.
Na Luz trabalhou com Jorge Jesus, que lembra com saudade e o qual admira também pelo trabalho que ele fez no Flamengo. «Surpresa? Não pela capacidade dele porque ele foi um dos treinadores da carreira que mais me ensinaram, teve uma importância incrível na minha evolução; surpresa apenas pela forma como conseguiu ter sucesso e identificação no Flamengo porque é muito difícil aqui no Brasil, a cobrança é muito grande, mas ele venceu neste contexto. Agora há também o Abel [Ferreira] e outros, mas há bons treinadores que não conseguiram vingar aqui e Jesus conseguiu algo extraordinário no Flamengo», sublinha Kardec, que finalizou a conversa com uma mensagem para os adeptos do Benfica: «Desejo sorte. O Benfica irá sempre encher os estádios em Portugal ou fora dele, tem a maior torcida e desejo muita sorte.»