José Mota: «Futuro? Vou falar com o presidente…»

Treinador do Farense após a vitória (3-2) da sua equipa frente ao Estoril, em que assegurou a permanência na 1.ª Liga

José Mota enalteceu os seus jogadores após a vitória do Farense sobre o Estoril, que garantiu a permanência dos algarvios na 1.ª liga. Sobre o futuro, na sala de imprensa fugiu ao tema, mas antes, à Sport TV, disse que iria reunir com o presidente João Rodrigues.

«Permanência bem assegurada. Fomos convincentes, poderíamos até eventualmente não ter passado por esta situação do empate do Estoril. Acho que fomos algo permissivos. Foi mais um bom jogo, muito bem conseguido pelos meus jogadores. Eu quero, sim, falar dos meus jogadores, porque fizeram e estão a fazer uma época fantástica. Estamos muito próximos de atingir a melhor marca de golos do Farense, de uma equipa que sobe de divisão, que chega a este campeonato muito competitivo, com excelentes jogadores, excelentes treinadores e muito boas equipas. Uma equipa a meio da tabela que tem 45 golos marcados e 46 sofridos, uma equipa que tem conseguido vitórias por três golos, que conseguido excelentes jogos, excelentes exibições, uma equipa que tem revelado uma série de jogadores que passavam despercebidos no nosso futebol, que ninguém os conhecia, e hoje são grandes revelações, penso mesmo que podem ser as revelações do campeonato», começou por dizer o treinador na sala de imprensa do São Luís.

«Um clube que tem construído, jogo após jogo, a sua mística, que há muitos anos o Farense tinha e neste momento está a criar raízes. Todos os dias quando venho para o treino, vejo meninos irem para a escola com a camisola do Farense, o que me deixa a pensar e me dá um certo orgulho. É os pais que querem oferecer as suas camisolas, é os meninos que as querem utilizar e criar os seus ídolos. Isto é o futuro. Nós estamos aqui perante um clube que está a estruturar-se, como é óbvio com dificuldade, e os jogadores têm demonstrado tudo isso treino após treino, jogo após jogo, têm demonstrado uma convicção muito grande, têm evoluído e trabalhado no sentido de sermos melhores. Hoje conseguimos o que todos nós almejávamos no início da época, a permanência na I Liga, num jogo bom, com um adversário forte e com boas individualidades. Penso que nunca esteve em causa o resultado, fomos melhores e merecemos ganhar de forma justa. Gosto de olhar para o Farense e perceber que, se calhar, não davam muito por nós e hoje todo o mundo nos respeita. Quem nos defronta, sabe perfeitamente qual é a filosofia do Farense, o modelo de jogo, o padrão de jogo. Respeitam muito a nossa forma de jogar e isso, para mim, é o mais convincente. E há um aspeto que tenho de realçar: a forma como os jogadores acreditaram sempre em nós, na nossa proposta de trabalho, a forma como perceberam que, quando funcionamos como equipa, quando realmente nos juntamos por um objetivo, somos realmente fortes. Quando assim é, as individualidades acabam por sobressair. Também agradecer a este público fantástico, porque estão cá presentes porque acreditam na equipa. Sabem perfeitamente que se calhar nós vamos ajudá-los a ter uma tarde boa, uma tarde bonita, uma tarde de glória. E hoje aconteceu mais uma vez. Este grupo de trabalho, o presidente, o José Luís [diretor-geral] e todos os homens, têm tido comportamentos que me apraz registar. Gosto muito da forma como nos têm tratado a todos e, portanto, vai para todo o mundo esta manutenção na 1.ª Liga. Neste momento, em 8.º lugar, que é uma excelente classificação», disse ainda o treinador do Farense.

Sobre o seu futuro – se iria continuar no Farense - José Mota foi evasivo. «Isso não é importante. Não me preocupo com essas situações, eu gosto mesmo é de ganhar e a maior satisfação é revelar jogadores que há nove/dez meses ninguém os conhecia e hoje não tenho dúvidas de que alguns são revelações neste campeonato e são jogadores que vão estar muitos anos no maior patamar do futebol português e, se calhar, no futebol mundial. Isso é o que eu mais adoro e agradeço ao Farense a oportunidade que me deu de provar que conseguimos fazer com que estes jogadores cresçam, com que estes jogadores se identifiquem e façam pela equipa o que é importante. Muitas vezes digo que o mais difícil do treinador não é treinar, o mais difícil é o treinador fazer acreditar ao grupo, mas também individualmente, de que este é o caminho, esta é a filosofia. Porque se fizerem isto, com certeza que vão alcançar outros objetivos e outros patamares. E quando este grupo agarrou essa proposta, eu senti sempre tínhamos condições para fazer aquilo que estamos a fazer», referiu.

No entanto, à Sport TV, disse que iria conversar com João Rodrigues, presidente do clube: «Enquanto cá estiver, os farenses já sabem que eu dou tudo pelo emblema e pelo meu trabalho e dignidade. Nós vamos, com certeza, conversar sobre algumas situações. Será mais uma conversa com o presidente em relação a tudo, ao futuro do Farense».