João Palhinha é o primeiro com 50 desarmes na Europa, quem o segue?
Olhamos para esta estatística, que o médio português domina, pelas grandes ligas do futebol europeu, bem como para quem lidera em Portugal
João Palhinha, médio português agora no Fulham, foi sempre conhecido pela sua elevada capacidade física, que o permitiu especializar-se na recuperação de bolas. Essa característica, que demonstrou ao serviço dos leões, onde foi uma das peças fulcrais do título de campeão de 2020/21, foi a principal razão para o Fulham ter investido cerca de 20 milhões de euros em Palhinha, onde está a cumprir a segunda época. Em terras britânicas, dizem que «foi pouco».
Se, por cá, recuperar a bola já era a especialidade do jogador, em Inglaterra essa característica aprimorou-se de tal maneira que já não há ninguém por lá que seja tão bom quanto o médio defensivo português. Nem por lá, nem pelo topo da Europa. João Palhinha foi o primeiro a chegar aos 50 tackles (desarmes) nas cinco principais ligas do Velho Continente. Na Premier League, tem mais 11 do que o segundo, também bastante conhecido pelos sportinguistas: Pedro Porro.
O segundo jogador com mais cortes tem apenas menos um do que João Palhinha e joga em Itália. Morten Frendrup tem apenas 22 anos e representa o Génova, onde jogou todos os minutos do campeonato esta época. É um médio área-a-área, fundamental no plano ofensivo - já leva três assistências - mas sobretudo a defender. Os seus 49 desarmes são mais 16 do que os do segundo classificado, Ederson, da Atalanta.
Em Espanha, é Sergi Cardona o líder nesta área. O defesa esquerdo de 24 anos, que assume uma postura mais defensiva no seu jogo, conseguiu 43 cortes em 12 partidas e é líder com apenas mais dois do que José Gayà, do Valência.
Entre ambos os laterais espanhóis encontra-se, com 42, Chotard, do Montpellier. Tal como Frendrup, tem 22 anos e joga no meio-campo, ainda que com tarefas mais posicionais do que o jogador da Génova. O seu trabalho de recuperação é essencial, ainda que, por vezes, a sua displicência no momento de recuperar possa levar a entradas descuidadas - os três amarelos em 11 jornadas demonstram isso mesmo.
De todas as «big five», já vimos que os máximos recuperadores têm valores (relativamente) próximos. Exceto no caso da Alemanha. O líder desta estatística na Bundesliga é Bernardo, lateral esquerdo do Bochum, com apenas 33 cortes. Este número coloca-o no 14.º lugar entre todas as ligas. O campeonato alemão é, de resto, o que menos representado está nesta lista: o top 40 apenas conta com três atletas da competição. Esta poderá ser uma das razões para a novela do passado verão, que envolveu João Palhinha e o Bayern...
No último dia de transferências, os campeões alemães procuravam aumentar o poder físico no seu meio-campo e ninguém terá espantado mais a estrutura do que o «panzer» português, por quem estavam dispostos a pagar 70 milhões de euros. O Fulham aceitou, com uma condição: o negócio avançaria se se arranjasse substituto.
Tudo corria bem para que a transferência se concretizasse: Palhinha e Bayern tinham acordo e o Fulham já tinha várias referências para a posição «6», como McTominay ou Youssof Fofana. No entanto, nenhum chegou.
João Palhinha, que já tinha tirado fotos para a imprensa e feito exames médicos, foi obrigado a voltar para Londres. Porém, manteve o espírito competitivo e continua a dar o máximo pela equipa de Marco Silva. Como disse o seu irmão, que é também o seu agente, «não foi o fechar de uma porta, apenas o adiar de um sonho». E as estatísticas provam que o jogador quer manter o nível para, quem sabe, no futuro próximo, poder concretizar a mudança.
Fica ainda o registo do campeonato português, onde ainda ninguém fez tantos cortes certeiros como Tomás Silva. O lateral do Vizela tem apresentado um grande nível no plano defensivo e tem, até agora, 32 recuperações de bola nas divididas com os atacantes.