João Neves, as decisões de mercado e as «pessoas negativas» à espreita – Saiba tudo o que disse Roger Schmidt
O treinador do Benfica fez esta quinta-feira a antevisão da receção ao Farense, na 13.ª jornada do Campeonato
Roger Schmidt, com a ajuda de um tradutor sempre que preciso, respondeu aos jornalistas na sala de imprensa do campus do clube no Seixal. Admitindo «desapontamento» pelo empate a zero da jornada passada, em Moreira de Cónegos, o treinador alemão dos encarnados prefere olhar para a frente e para o desafio que tem esta sexta-feira, no embate com o Farense. Schmidt foi pragmático e voltou a pedir algum «reconhecimento» para a «evolução» conseguida pelos jogadores em temporada de mudanças importantes no plantel.
- Que espera do jogo com o Farense na Luz?
- O adversário mereceu subir de divisão e tem mostrado que tem qualidade, capacidade para colocar em campo vários estilos de jogo. É mais um adversário que será difícil bater e que vai apresentar-se no nosso estádio sem nada a perder e a tentar surpreender. Desde o primeiro minuto que temos de mostrar foco, que estamos em boa forma e, claro, jogar para conquistar os três pontos, que é o mais importante.
- Mas como está a equipa? O estado anímico dos jogadores?
- Claro que estamos desapontados depois do empate [0-0 em casa do Moreirense] do último jogo, poderíamos ter ganho mas no final não conseguimos o golo decisivo para conquistarmos os três pontos. Mas vi os jogadores a trabalhar pelos golos e pelos pontos, fizemos bem a nossa tarefa e agora temos de continuar a olhar para a frente. Empatámos zero a zero, temos de esquecer rapidamente o que se passou, o desapontamento, e focar no próximo jogo e nos três pontos; penso que já mostrámos muitas vezes que somos capazes disso. A semana passada foi uma semana difícil, com três jogos difíceis, mas agora temos uma nova chance para conquistarmos mais três pontos. Para sermos campeões temos de manter o foco durante a época toda e nesta altura temos 29 pontos conquistados em 36 possíveis, penso que é uma boa média, temos de continuar neste jogo com o Farense e marcar, e ganhar.
- Jurásek e Arthur Cabral foram contratações caras mas ainda não rendem, de quem é a responsabilidade? E como se posiciona o clube agora no mercado?
- Os sinais são para serem interpretados e estamos sempre a falar, mas a última decisão é sempre do clube, pois os jogadores assinam por vários anos. Mas eu sou o treinador principal e naturalmente que tomamos as decisões em conjunto, tentamos encontrar os jogadores que nos servem, que encaixam, também se trata de uma questão orçamental… fazemos tudo em conjunto, mas no final é o clube que toma as decisões.
- Os adeptos estão descontentes consigo, não gostaram que tivesse tirado João Neves do jogo com o Moreirense…
- Alguns adeptos estarão descontentes, mas não terão todos a mesma opinião. A maioria dos adeptos está satisfeita com a equipa. Quando não ganhas é sempre normal que se discutam as decisões, as opções, mas como treinador a minha função é tomá-las. É a minha responsabilidade. Florentino e João Neves jogaram jogos de grande intensidade, estavam um pouco desgastados, e considero que Kokçu e Chiquinho trouxeram uma frescura importante ao jogo, mas empatámos zero a zero no final e discute-se sempre. É natural que alguns adeptos estejam descontentes, mas não todos, e penso que estes jogadores merecem reconhecimento pelo que já alcançaram. Há sempre pessoas mais negativas, é normal, é assim no futebol e é assim também na sociedade; há sempre críticos à espera de alguma coisa que corre mal para aparecerem e gritarem alto, mas nós mantemos a nossa confiança.
- Mas o que mudou tanto de uma época para a outra para esta parecer tão mais difícil para a equipa?
- O meu sentimento é que a época passada também foi muito difícil. Ganhar é sempre difícil. No final, quando alcanças o objetivo, tudo parece mais simples do que na realidade foi. Para mim, foi muito difícil. Tal como esta. Se olharmos para o que se passou na Champions, é diferente; já falámos várias vezes disso, esta não foi a nossa época em termos de Champions. Mas na Liga portuguesa temos 29 em 36 pontos possíveis, em 12 jogos, tudo é possível. É verdade que perdemos pontos na semana passada, mas olhamos para os outros campeonatos da Europa e também assistimos aos favoritos a lutar muito nos seus jogos e a perderem pontos… Por isso é que espero sempre campeonatos difíceis, com jogos muito difíceis. Tens de te focar e fazer todas as semanas por merecer os pontos. Perdemos grandes jogadores de uma época para a outra, que foram vendidos por muito dinheiro, tivemos lesões, como as de Bah e de Kokçu, mas mesmo assim temos 29 pontos em 12 jogos e merecemos todos os pontos que conquistámos, cada um deles; e merecíamos os que não conquistámos porque não fomos inferiores nesses jogos, pelo contrário, fomos superiores aos nossos adversários. No final, se olharmos para o pacote completo, penso que podemos estar satisfeitos, embora tenhamos de continuar a ganhar e de manter o foco.
- Mas desde setembro que não ganha 3 jogos seguidos na Liga…
- Já expliquei que pelo meio tivemos jogos internacionais em que também precisámos de ganhar, não é fácil manter essa sequência sempre na Liga. A Champions não correu bem, mas não podemos olhar para trás, temos de olhar para a frente.