Benfica: Rafa sob a asa de Schmidt
Treinador alemão não abdica do avançado; depois da ‘explosão’ em Moreira de Cónegos tudo voltou à normalidade; acaba contrato esta época e não há conversas com a SAD
No final do jogo entre Benfica e Moreirense (0-0), em Moreira de Cónegos, Roger Schmidt foi cumprimentar, como habitualmente, os jogadores. E confortou, de forma especial, Rafa, muito castigado por faltas duras, que valeram cartões amarelos a alguns dos jogadores dos minhotos. Um gesto carregado de significado de quem reconheceu o esforço do avançado, apesar dos poucos resultados produzidos.
Rafa é um dos indiscutíveis de Roger Schmidt. Foi titular nos 21 jogos do Benfica, esteve em campo 1.794 minutos, só Fredrik Aursnes, totalista, tem mais. É o segundo melhor marcador do Benfica, com seis golos (João Mário também marcou seis), só atrás de Ángel Di María, soma ainda cinco assistências. Iniciou a época em alta rotação, não tem sido tão influente ofensivamente, mas nada altera o estatuto na equipa.
Em julho, Rafa recebeu uma oferta do Al-Sadd, do Catar, que lhe oferecia contrato que poderia chegar aos €30 milhões, com objetivos. Mas o avançado decidiu ficar e informou Rui Costa e Roger Schmidt que poderia esperar dele o mesmo compromisso de sempre. É isso que está a acontecer.
A BOLA sabe que, desde julho, não houve mais conversas entre Rafa e a SAD dos encarnados sobre a situação contratual. Várias equipas, naturalmente, estão a acompanhar a situação e não será difícil o avançado de 30 anos encontrar um novo clube. O Benfica entende, como noutros casos, nomeadamente o de Di María (também acaba contrato no fim da época), que ainda não chegou a altura certa para tomar essas decisões.
'Explosão' contra adeptos
Depois do abraço de Roger Schmidt e quando se dirigia para o balneário, Rafa reagiu mal a insultos de adeptos nas bancadas. João Mário sossegou-o. No dia seguinte, no Seixal, o incidente não foi assunto no balneário.
Diogo Luís, antigo lateral do Benfica e colunista de A BOLA, assinala que «não foi só Rafa que discutiu com os adeptos, Roger Schmidt também discutiu».
Jorge Castelo também desvaloriza a reação do avançado. «São coisas que não aconteceriam se o Benfica tivesse quatro ou cinco pontos de avanço», assinala o treinador, que considera essas situações «naturais».
Diogo Luís analisa, também, a condição de intocáveis de alguns jogadores: «Está relacionada com a gestão do treinador: quando as coisas correm mal, se os intocáveis não têm rendimento necessário perde-se os outros jogadores. É importante ter um plantel equilibrado e competitivo, mas há sempre alguns jogadores que, independentemente do rendimento, são insubstituíveis. O João Neves, por exemplo, com o Moreirense, teve uma primeira parte menos positiva e saiu logo ao intervalo. Se a gestão e a liderança não forem consistentes e coerentes, perde-se o balneário.»