«Gostaria muito de voltar»

Sporting «Gostaria muito de voltar»

NACIONAL08.07.202300:25

Na segunda parte da entrevista à televisão do clube, Ugarte agradeceu aos adeptos e confessou que, um dia, gostava de voltar a Alvalade.

-- O que é melhor para si, um grande desarme de carrinho ou um golo?

-- Desfruto mais com um carrinho.

--Mesmo com poucos golos para mostrar?

-- Sim.

-- Afinal, o Ugarte é um número 6 ou um 8?

-- Agora mais um número 6. Às vezes tenho de me habituar nesta posição mas no Sporting sempre fui um 6.

-- Foi uma evolução para si?

-- Jogava mais na frente e isso também enriquece o meu nível, mas agora sim, sou 6 e aprendi muito. No Famalicão não era metade do jogador que sou agora e isso também é muito importante para mim.

-- Porque escolheu o 15 aqui no Sporting?

-- Gostava muito do cinco mas na altura já estava ocupado. Gostei do 15.

-- Tem número incríveis em termos de recuperações de bola na última época. Gosta daquele confronto físico, dentro das leis, dentro de campo?

-- Sim. Para mim é natural. Jogo assim e na equipa também já todos sabem como jogar e que trabalho têm de fazer. Fico confortável no confronto físico.

-- Imagine que estava aqui em campo e lhe aparecia pela frente o Ugarte. O que lhe fazia?

-- Tentava fazer-lhe uma cueca e acho que conseguia [risos]. A mim dão-me muitas cuecas.

-- Dar tudo em campo é o mais importante?

-- Sim, sempre joguei assim e sempre jogarei porque é a minha maneira de ser e de jogar. Fui muito feliz no Sporting.

-- Qual o momento mais feliz em Alvalade?

-- O mais feliz foi quando estava no balneário com Pedro, o nutricionista, no jogo com o Arsenal depois de ser expulso. Estava a ouvir os penáltis e, quando passámos na Liga Europa, esse foi um dos momentos mais felizes.

-- O Coates disse que o Manu fez de propósito ao ser expulso para não marcar os penáltis

-- Isso fica para mim…

-- Mas ia ouvindo os golos enquanto marcavam os penáltis…

-- Antes de ver, estava a ouvir. Era uma tortura mas, pronto, correu bem e esse foi um momento incrível. Só fiquei com pena de não poder ir ao campo para festejar com os meus companheiros mas festejei com o Pedro.

-- Qual o momento mais complicado que viveu aqui?

-- É difícil sempre que se perde jogo, fico sempre um bocado chateado, triste.

-- Como vive com esses momentos? Fecha-se?

-- Guardo muito para mim. São coisas que tenho de melhorar, falar mais e tento desligar-me um bocado do futebol.

-- Como é que reage aos ‘corredores da morte’?

-- Acho que o mister tem alguma coisa contra mim, está sempre a bater-me… Mas também já dei algumas fortes.

-- Quantas vezes já passou por aquele túnel?

-- Muitas… O Paulinho dá forte.

-- É o que dá mais forte?

-- O Paulinho não sei o que tem contra mim. Deve estar apaixonado.

-- A 23 de novembro de 2021 estreou-se pela seleção do Uruguai. O Sporting também foi fundamental nisso?

-- Sim, muito importante. Por isso também estou muito agradecido porque tive a possibilidade de jogar na seleção e para um jogador é muito importante estar lá. O Sporting tem grandes jogadores e vir para aqui aprender foi muito bom. Foi um passo muito grande. Estou na seleção graças ao Sporting.

-- Como reagiu quando soube que o seu nome estava na convocatória para o Mundial de 2022?

-- Fiquei muito, muito feliz. Estava em casa e foi incrível porque às vezes começo a pensar que ir a um Mundial com 21 anos é incrível. Não joguei mas desfrutei muito e nisso há muito mérito do Sporting.

-- Estava um bocadinho nervoso antes da concentração?

-- Estava muito nervoso. Sou muito assim antes duma convocatória. Agora estou um bocado melhor e já relaxo um bocado mas sempre antes da convocatória fico assim, bem como antes dos jogos.

-- Como é que faz para ultrapassar esse nervosismo?

-- Tento desligar-me mas é difícil. Vivo muito o futebol.

-- Jogar um encontro da Liga dos Campeões ou frente ao último classificado da Liga é igual?

-- Sim, sempre. No Uruguai já era assim. Independentemente de contra quem jogo, mostro sempre muita raça. A mentalidade é assim e nunca vai mudar.

-- Como foi jogar na Champions e na Liga Europa?

-- Na América do Sul o top é a Champions. No FIFA jogava Champions e nunca acreditei que ia jogar, apesar de sonhar. Graças ao Sporting joguei Champions, gostei muito. Isso é algo muito importante para um jogador, competir contra as melhores equipas.

-- Ainda joga FIFA?

-- Sim, continuo, continuo. É muito bom.

-- É melhor do que quem?

-- Do que o Seba [Coates], seguramente; melhor do que o Paulinho, do que o Franco [Israel].

-- E pior do que quem?

-- Não sei como joga o Inácio, mas deve ser melhor do que eu. O Pote joga muito bem; o Dani [Bragança], também. Tenho de melhorar.

-- Vai sentir falta das brincadeiras?

-- Sim, muito, com todos. São relações no futebol que vou ter de manter. Quando tiver dias de folga, vou cá estar.

-- E vai sentir falta dos adeptos do Sporting?

-- Sem dúvida. Quando cheguei senti muito carinho e agora ainda mais. Sempre que vou jantar, as pessoas abordam-me com boa disposição, muito carinho e isso é o grande que tem o Sporting. Estou muito agradecido a eles; o ambiente em Alvalade é único.

-- Como é quando se houve o ‘Mundo Sabe Que’?

-- Canto sempre, embora não saiba a letra na perfeição, porque começam a cantar a música e o árbitro começa o jogo antes dela acabar. Às vezes estou a jogar e a tentar cantar. Isso é único e característico do Sporting. É muito bonito.

-- Prefere dançar a cantar?

-- Sim.

-- Dança muitas vezes ou foi só na comemoração da Taça da Liga?

-- Tenho de ter muita confiança. Às vezes sou tímido. Os movimentos de dança são mais de miúdo.

-- Como aprendeu a dominar tão bem o português?

-- Quando cheguei não sabia muito e comecei a pôr as legendas em português e depois de quatro/cinco meses já dominava a língua. Ainda não está perfeito, mas já domino bem.

-- Como será agora o francês?

-- Tenho de ter aulas porque não sei nada.

-- De que vai ter mais saudades?

-- Do dia a dia. Vir para a Academia, tomar aqui o pequeno almoço, depois almoçar, falar com os cozinheiros. Vou ter muitas saudades e dos jogos em Alvalade. Vou ter saudades das viagens da Academia para o estádio. Um bocado triste por isso mas é um passo que vou ter de dar para crescer como jogador.

-- Quem deu mais: o Ugarte ao Sporting ou o Sporting ao Ugarte?

-- Muito mais o Sporting a Ugarte. Deixei sempre tentar tudo mas o Sporting deu-me tudo. Não só no futebol mas também fora, que é muito importante. Isto muito agradecido ao Sporting e vou ter muitas saudades.

-- Leão para sempre?

-- Leão para sempre.

-- Espera regressar um dia?

-- Sim. Gostaria muito de voltar. Vamos ver. Agora vem uma nova etapa depois se verá.

-- O mate vai consigo ou fica com Coates?

-- Vou levar porque é algo que me faz lembrar o Uruguai  e vou manter, de certeza.

-- Uma mensagem aos adeptos…

--Quero agradecer a todos, senti sempre muito carinho e vou ter muitas saudades de Alvalade cheio. Espero voltar um dia.

-- As emoções já passaram?

-- Já não tenho mais água no corpo.