ENTREVISTA A BOLA Filipe Çelikkaya explica o caso de Renato Veiga

NACIONAL25.10.202410:00

Técnico lembra que o central, hoje no Chelsea, passou diretamente da Liga 3 para a Bundesliga

Renato Veiga deu passos atrás para depois dar passos à frente. Porque nunca foi aposta no Sporting?

— Identificámo-lo muito cedo, em júnior, e entendemos que poderia ter características muito importantes. E a primeira coisa que eu fiz foi que ele jogasse em várias posições comigo. Não o conhecia tão bem, e depois de treiná-lo, de vê-lo em competição, de utilizá-lo em várias posições, tive o cuidado de falar com ele — até porque ele também fez Youth League e nesse ano fiquei sem vários jogadores porque foram todos projetados para o patamar acima — e explicar-lhe: ‘Renato, quero que tu faças duas posições que penso que vão ser as tuas no futuro : na posição 6 e defesa central à esquerda’. Perguntei se ele se sentia confortável com isso e expliquei-lhe porquê, queria partilhar esta decisão com ele, porque no fundo estou a falar com um ser humano, e como é que o estava a projetar para o futuro.

— Ele parece ser uma pessoa muito bem formada é mesmo?

— Sim, isso é proveniente das experiências que teve no acompanhamento do pai e na educação que teve e em vários países, ou seja, é um jogador que chega ao Sporting já com algum mundo, porque teve que lidar num país árabe e noutros. Mas o jogo está em constante evolução. O jogo de há seis anos não é igual ao que é hoje, e estes jogadores que têm capacidade de desempenhar várias funções, são muito valorizados pelos treinadores, pelas próprias equipas, pelas administrações, e eu vi nele capacidade para desenvolver estas duas, e fui-lhe comunicar, e a primeira coisa que ele me disse foi: ‘Vamos em frente, vamos trabalhar isso, e o mais importante para mim é continuar a jogar, mas é importante eu ter esse conhecimento’.

— Porque não entrou, então, na equipa principal?

— Fomos caminhando juntos até que o Augsburgo, da Bundesliga, foi bater à porta para o levar em janeiro. Fiquei muito triste mas, nem eu nem o Viana poderíamos dizer que não a uma oportunidade destas para ele continuar a desenvolver-se, até porque era empréstimo para a Bundesliga. E ele salta diretamente da Liga 3 para a Bundesliga; passa diretamente para uma Liga que está superior à Liga portuguesa do ponto de vista financeiro, de intensidade organizacional, etc... para uma equipa que está a lutar para se manter. Ele vai para lá, joga, cresce, desenvolve-se, e depois é transferido para o Basileia e dá um valor considerável ao Sporting. Foram cerca de 5 milhões de euros, na maior transferência de sempre de um jogador que nunca tinha jogado na primeira equipa do Sporting.