ENTREVISTA A BOLA Çelikkaya: «Quenda é um caso de trabalho sobre talento»

NACIONAL07:30

Técnico explica que jovem prodígio de 17 anos respondeu logo positivamente quando deu um 'salto' na época passada

— É inevitável perguntar, passou pelas suas mãos, é a grande revelação deste campeonato: Geovani Quenda, surpreendeu-o?

— Sim, sim, claro, surpreendeu, até porque nós tínhamos muito bem definido aquilo que queríamos para cada um dos jogadores, e o Quenda sempre foi um jogador em que nós tivemos muita cautela na sua exposição. Inicialmente, passa de sub-17 para sub-23, já apresentava rendimento para ser utilizado na equipa B, mas nós não arriscámos demasiado cedo para não existir esta subida e descida do jogador de escalão; para termos cuidado com a sua parte emocional, e na fase final da Liga 3, na equipa B, é aí que ele faz o seu primeiro jogo a titular, e fá-lo muito bem, mas todos nós já identificávamos muito talento, mas nós costumamos dizer, trabalho sobre talento vai dar bom resultado.

E ele tinha apresentado, ao longo do tempo, muitas características que nos poderiam descansar sobre o seu futuro. Gostava de aprender, de ouvir, tinha um grande desejo de vitória, sentido coletivo, e desenvolvia rendimento, porque nós falamos muitas vezes do potencial desses mesmos jovens jogadores, mas se não apresentarem rendimento não podem ter espaço numa equipa B, ou mesmo numa equipa A. E aquilo que nós víamos ao longo do tempo, é que ele apresentava esse mesmo rendimento. Portanto, aquilo que nós vimos em todos eles, e fazíamos esse exercício com todos, era perceber se poderia dar o passo para a etapa seguinte. Depois, naturalmente, o Rubén Amorim, dentro daquilo que é o seu contexto, que é de rendimento de alto nível, com a sua chamada, ao longo do tempo, não só dele, mas como de outros jogadores, conseguia avaliar muito bem aquilo que ele valia. Se estava abaixo da média dessa mesma equipa, se estava dentro, se estava acima da média. Portanto, fico muito satisfeito por isso. Não só por ele, mas também pela família dele, e também pelo cuidado que nós tivemos no seu crescimento dentro do clube.

Ficou com pena com a saída de Mateus Fernandes?

— Não, acho que com a experiência que tenho e já há muitos anos, não tenho essa pena. Cada jogador tem o seu caminho, tem que procurar a sua felicidade e é uma carreira muito curta.

— Daquilo que sabe, Eduardo Quaresma só precisava de foco para ter este rendimento?

— Tive muito prazer em treinar o Edu. Identificávamos nele - e ele já tinha jogado pela equipa A - muita qualidade e competência, mas é como lhe digo, às vezes temos que ser...

— Mas não era demasiado brincalhão?

— Numa equipa B todos eles são demasiados brincalhões,  até porque eles ainda não tiveram contacto com a vida real das dificuldades que um clube grande muitas das vezes não têm. É como se fosse uma bolha.

— O que é que falta a Afonso Moreira para explodir?

— O  Afonso tem muita qualidade. Identificámo-lo nos juvenis e ele salta de juvenis diretamente para a equipa B e joga a equipa B como júnior do primeiro ano. Também foi uma grande decisão que nós tivemos. Mas que neste momento tem jogadores também naquela posição na equipa A que não lhe permite ascender com maior facilidade.

Trincão, Edwards, Pedro Gonçalves...

— Ele pode jogar em várias funções. É um jogador a quem auguro futuro muito risonho. Tem aquele atrevimento próprio e da sua personalidade também próprio dos jogadores da linha ofensiva. Muito trabalhador, muito perspicaz, muito talentoso no um contra um. Mas teve a infelicidade o ano passado no Gil Vicente de se lesionar num treino. E foi uma lesão que lhe retira espaço para lutar por um lugar no Gil Vicente.

— E João Muniz e Dário Essugo?

— São jogadores com muito talento. Um está no Rio Ave, o outro no Las Palmas. Chamámos o João Muniz para a equipa B ainda júnior do primeiro ano. Estreámos o Dário Essugo ainda juvenil na equipa B. Portanto, estas decisões, mesmo com as dificuldades que eles encontraram e encontraram muitas, muitas, num patamar sénior, vão ter repercussões daqui a dois ou três anos. E se calhar não nos vamos lembrar daquilo que eles fizeram no passado e que influenciaram positivamente o seu desenvolvimento. E é importante não esquecer, porque colocar em campeonatos competitivos jovens jogadores que ainda não dominam várias coisas, que o seu corpo está em desenvolvimento, o seu sistema nervoso central ainda tem muito para evoluir em relação à sua tomada de decisão. Penso que são decisões fantásticas no clube, numa equipa B, e que permitiram que estes jovens jogadores se expusessem não só na equipa B mas também na Youth League, à qual eu também era treinador, em termos europeus e mundiais.