Vítor Pereira e o golo de Kelvin ao Benfica: «Uma espécie de ligação com Deus»
Kelvin com Roderick Miranda no momento do remate que deu o golo (Paulo Santos/ASF)

Vítor Pereira e o golo de Kelvin ao Benfica: «Uma espécie de ligação com Deus»

NACIONAL09.01.202412:42

«Não esperava que o Kelvin fosse contribuir taticamente. Pedi-lhe apenas para que fizesse o que mais gostava: pegar na bola, ir para cima do adversário. A ideia era tentar arranjar um penálti, uma falta perigosa, algo assim», referiu o treinador que orientou o FC Porto nas épocas 2011/2012 e 2012/2013

Vítor Pereira, atualmente sem clube, lembrou o célebre golo de Kelvin frente ao Benfica, aos 90+2’, que atirou o FC Porto, que acabaria por ser campeão nacional, para a liderança.

«Nunca mais voltei a ver aquele jogo. Só de pensar fico arrepiado. É impossível descrever a emoção que invadiu o meu corpo. É uma sensação que vou carregar para sempre na minha memória. Tenho a impressão de que ninguém no estádio teria feito as substituições que fiz na segunda parte. Mas foi o meu feeling. Uma espécie de ligação com Deus. Não esperava que o Kelvin fosse contribuir taticamente. Pedi-lhe apenas para que fizesse o que mais gostava: pegar na bola, ir para cima do adversário. ‘Diverte-te, joga com confiança, jogue à tua maneira’. Foi o que lhe pedi», começou por referir o técnico, que orientou os dragões nas temporadas 2011/2012 e 2012/2013, depois de ter sido adjunto de André Villas-Boas em 2010/2011, num testemunho partilhado no The Coaches Voice.

Vítor Pereira foi treinador principal do FC Porto durante duas épocas (IMAGO / Pedro Benavente)

«A ideia era tentar arranjar um penálti, uma falta perigosa, algo assim. Sentia que o Kelvin podia tirar algum coelho da cartola. Era a penúltima jornada da liga. recebemos o Benfica e as duas equipas continuam invictas. O problema para nós, é que o Benfica chegou com mais dois pontos e o empate não nos bastava», prosseguiu, deixando elogios a Jorge Jesus.

Jorge Jesus já passou duas vezes pelo comando técnico do Benfica (IMAGO / Pedro Benavente)

«Naquela altura, o Benfica tinha o melhor plantel do futebol português e era treinado por Jorge Jesus. Não preciso de estar a dizer que se trata de um grande treinador. É muito difícil enfrentar as equipas dele. Aquele Benfica tinha muitas soluções. Se o Benfica tinha alguma fragilidade, estava nos momentos em que defendia uma vantagem no marcador. Foi o que aconteceu naquele dia. Jorge Jesus ao fazer alterações mais defensivas passou uma mensagem aos seus jogadores. Enquanto eles olhavam para o relógio, à espera do fim da partida, nós continuávamos a jogar. Às vezes, algumas pessoas dizem que tivemos sorte. Costumo responder que é preciso muita sorte para perder um jogo em duas épocas. Tivemos uma derrota em 60 jogos. É preciso um trabalho duro para se ter a sorte numa liga tão competitiva como a portuguesa. Mas entendo o argumento e admito: aquele golo fantástico do Kelvin decidiu o campeonato», afirmou.