Ex-FC Porto enfrentou depressão: «Aos 24 anos pensei deixar o futebol»
Danilo, jogador do Brasil (IMAGO)
Foto: IMAGO

Ex-FC Porto enfrentou depressão: «Aos 24 anos pensei deixar o futebol»

INTERNACIONAL22.06.202413:15

Danilo abre o coração e lembra transferência difícil dos dragões para o Real Madrid

O defesa brasileiro Danilo, 32 anos, recordou alguns aspetos da sua carreira como jogador O agora jogador da Juventus recordou vários episódios da sua vida, incluindo a sua chegada ao Real Madrid em 2015, proveniente do FC Porto, onde tinha estado nas três épocas anteriores.

Num artigo escrito no The Player's Tribune, Danilo recorda que a transferência por 31 milhões de euros fez dele o defesa mais caro da história do Real Madrid. Um rótulo que acabou por ser demasiado pesado.

«Durante a primeira temporada sofri uma depressão. Estava perdido, sentia-me inútil. Em campo não conseguia fazer um passe de mais de cinco metros, era como se não me conseguisse mexer. A paixão pelo futebol tinha desaparecido. Queria voltar para o Brasil e nunca mais jogar. Não me via como o ‘Baianinho’, mas como o ‘ Danilo que tinha assinado contrato de 31 milhões de euros’, como noticiavam os jornais, o defesa mais caro do Real Madrid», descreve.

Danilo no FC Porto em 2014 (ASF)

O fundo surgiu na temporada seguinte, 2016/17 diante do Alavés, «Theo Hernández roubou-me a bola cruzou para Deyverson marcar. Ganhámos por 4-1, mas é um erro que não se pode cometer no Real. Nunca me esqueci que cheguei a casa nessa noite e não consegui dormir. Escrevi no meu caderno: ‘acho que é hora de abandonar o futebol’. Tinha 24 anos. Que parte de mim sentia pressão? O rapaz que tinha sido revelação como lateral direito no FC Porto? Ou o menino de Bicas que, de repente, tinha assinado com a maior equipa do mundo? A resposta foi clara. Por dentro, era, e serei sempre, o menino de Bicas», assume, referindo que começou a consultar um psicólogo: «Isso salvou a minha carreira.»

Danilo fez 54 jogos pelo Real e venceu 5 títulos, incluindo duas Champions.

Apelo aos brasileiros

Agora à beira de se estrear com o Brasil na Copa América, pede paciência.

«Durante muito tempo, não fomos suficientemente bons. Isto não significa que não tentámos, que não nos dedicámos ou que não sentimos a dor da derrota. Não me interpretem mal, ninguém sabe o quanto cada um de nós se sacrificou para estar aqui. Abrimos mão de tudo pela Seleção Brasileira. Como eu sempre digo antes dos jogos, somos um grupo com muita fome, com muito orgulho de representar o nosso país. Ao mesmo tempo, vemos e ouvimos o que é dito sobre nós. De alguma forma, não fomos capazes de mostrar o quanto estamos dispostos a sacrificar-nos por esta camisola. Aproveitei esse período de preparação para a Copa América para enfatizar que a única maneira de mudar essa imagem é dar tudo de nós em campo», escreve.

O Brasil abre a sua Copa América na madrugada de terça-feira, frente à Costa Rica. No Grupo D estão ainda Paraguai e Colômbia.