SAD está há quase três anos em funções e tem criado as bases necessárias para que o sucesso desportivo seja uma realidade; Mariano Lopez explica a A BOLA o caminho que está a ser trilhado
Daqui a sensivelmente dois meses, mais concretamente no próximo dia 7 de junho, o Académico de Viseu vai comemorar 110 anos de existência. Uma data marcante e que, por certo, será celebrada a preceito. O festejo maior seria, com toda a certeza, a subida de divisão, mas esse facto já é praticamente impossível de acontecer na temporada em curso. Nada que belisque, ainda assim, todo o trabalho que está a ser feito no emblema viseense e que, sem surpresas, tem no horizonte essa mesma meta. Tudo a seu tempo…
Data festiva celebra-se a 7 de junho, mas emblema da cidade de Viriato vai realizar várias iniciativas relacionadas com a efeméride; 'jersey' será estreado este sábado, na receção ao União de Leiria
Para que esse desejo possa vir a tornar-se realidade, há todo um projeto que tem de ser desenvolvido e que, a seu tempo, acredita-se no seio do clube, será concluído com sucesso. Esse caminho está a ser trilhado pelos elementos da SAD do Académico, que chegaram ao emblema da cidade de Viriato há quase três anos e que estão a reerguer um clube histórico.
O líder máximo da SAD dos viseenses abriu as portas à equipa de reportagem de A BOLA e sem qualquer segredo falou sobre o processo desportivo, desde a hora da chegada até ao presente momento. E sem nunca descurar o futuro…
«A nossa primeira temporada aqui foi algo complicada. Estávamos a apenas 15 dias do fecho do mercado, com uma equipa que era o que era, e foi muito complicado conseguir a manutenção, algo que só conseguimos na penúltima jornada. Nessa época jogámos fora de casa, em Aveiro, com uma média de 10 adeptos por jogo, e não era, logicamente, o cenário ideal. Na segunda temporada voltámos ao Fontelo, com a SAD, com a ajuda da autarquia, a conseguir fazer a equipa regressar ao seu estádio e à sua cidade. Depois de um início algo complicado, conseguimos uma época quase de sonho. Estivemos na luta pela subida de divisão e conseguimos o apuramento para a final-four da Taça da Liga. Este ano está a ser como que uma repetição do ano passado. Mas temos confiança que viemos aportar ao projeto e temos a convicção de que vai dar certo», começou por explicar Mariano Lopez.
A conversa teria, naturalmente, de ir na direção da subida de divisão. E também aqui o dirigente foi frontal, mesmo sem querer estabelecer prazos. Mas com a elite no pensamento: «Claro que o projeto tem um timing. Poder ter o Académico na Liga é um sonho e não queremos que seja uma utopia. Todos os adeptos querem vitórias. Só assim é que vão ao estádio e nós queremos implementar essa cultura. O nosso objetivo é subir de divisão.»
Mariano Lopez assume abertamente o sonho, mas sublinha que tudo tem o seu tempo: «Não importa quando, importa é que queremos subir para depois ficarmos lá. Não quero fazer uma temporada de elevador, queremos algo sustentável. Claro que há sempre prazos nos projetos, mas também há fases. E nós, neste momento, estamos numa fase de já ter criado uma base fundamental e estamos centrados no constante crescimento do projeto.»
Investimento, não a todo o custo
A Liga 2 é extremamente competitiva, poucas dúvidas restam, e os clubes que definam a subida de divisão como objetivo têm de reforçar o investimento para poderem construir plantéis de qualidade e com soluções variadas. Mariano Lopez reconhece que o reforço do plantel é sempre importante para que se possam alcançar os objetivos propostos, mas o presidente da SAD do Académico recusa pensar apenas no imediato. Para o espanhol, o eventual sucesso presente tem de prolongar-se no futuro. Que é como quem diz, se e quando o Académico subir de divisão, a ideia passa por ficar muitos anos entre os maiores. Até porque não será pela falta de capital para investir.
«Temos muitos exemplos de clubes que investiram pouco, como é o caso do Nacional, por exemplo, que está, justamente, na luta pela subida, tal como há outros projetos que comportaram muito investimento e que não têm corrido tão bem. Nós, nesta temporada, achámos que era um mercado inflacionado e não quisemos contribuir para a inflação. Podíamos agarrar em 20 milhões de euros para fazer um plantel forte e tentar subir, isso seria possível, mas acho que não fazia sentido pensar assim para subir num ano. E depois? Vamos gastar 30, 40, 50 milhões? Essa não é a ideia. A ideia é criar sustentabilidade e ter um projeto com bases, não só financeiras como também estruturais», assume o dirigente.
Voltando, então, ao aniversário que se aproxima, talvez a prenda mais deseja por todos possa surgir… ligeiramente atrasada: «Nunca quisemos vinculara ideia da subida de divisão a um evento tão especial como a comemoração dos 110 anos do Académico. Teremos outras oportunidades. Temos, atualmente, a equipa de juniores na fase de apuramento de campeão, temos outros três escalões de formação na luta pela subida de divisão e, como tal, teremos outras formas de festejar esta época.»
Formação: vender ou reter?
E é também assente na formação que Mariano Lopez aborda o projeto do clube. «Passará sempre por aí. Assim como pelas infraestruturas. Temos jogadores a despontar em várias equipas de formação e também nos sub-23, pelo que essa sustentabilidade é muito importante para nós», salienta, sendo que isso não impedirá o clube de ser vendedor: «Teremos sempre esse desafio, mas também vamos querer reter talento. A ideia é estar sempre no mercado, mas tudo tem que ver com as oportunidades que possam surgir.»
A entrevista completa a Mariano Lopez, presidente da SAD do Académico de Viseu: