Duarte Gomes analisa arbitragem do Shakhtar-FC Porto
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Duarte Gomes analisa arbitragem do Shakhtar-FC Porto

INTERNACIONAL19.09.202323:12

Especialista fala em apenas um erro de Davide Massa no encontro de Hamburgo

Davide Massa foi designado pelo Comité de Arbitragem da UEFA para dirigir a estreia do FC Porto na fase de grupos da Liga dos Campeões. 

O internacional italiano deslocou-se a Hamburgo para arbitrar o jogo da equipa portuguesa com os ucranianos do Shakhtar Donetsk. Massa foi auxiliado em sala pelo compatriota Massimiliano Irrati, considerado um dos melhores na função de VAR. 

Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro: 

3' David Carmo teve entrada muito dura e negligente sobre Sikan. Foi bem sancionado com o primeiro cartão amarelo da partida. Decisão indiscutível e sem gestão possível do árbitro transalpino.

5' Sikan agarrou João Mário de forma antidesportiva, sem qualquer possibilidade de disputar a bola/lance. Foi bem advertido por Davide Massa. 

Este foi um início de jogo algo atípico mas frenético, com dois cartões amarelos nos cinco minutos iniciais e três golos até ao primeiro quarto de hora. 

8' Golo legal do FC Porto, a inaugurar o marcador no Volksparkstadion: o remate de André Franco foi defendido para a frente por Riznik, onde surgiu Galeno para encostar com sucesso. O extremo azul e branco partiu de posição legal. 

13' Golo do empate do Shakhtar, na sequência de cabeceamento vitorioso de Kelsy, após assistência de Konoplya (quando o defesa direito cruzou, a bola estava dentro do terreno de jogo).

15' Galeno intercetou passe mal efetuado de Sikan e ficou na cara do guarda-redes ucraniano, aproveitando para marcar o segundo da equipa portuguesa. Antes ficaram algumas dúvidas quanto a um contacto entre João Mário e Miroshi (o médio da Tanzânia pareceu cair de forma demasiado fácil), mas a ter havido infração - e não pareceu -, essa nunca poderia ser revista pelo vídeo-árbitro, porque entretanto a bola ficou na posse do Shakhtar, sendo aí iniciada nova fase de ataque. 

31' Stephanenko derrubou Taremi por trás e de forma claramente negligente (apontou apenas às pernas do adversário). Foi bem punido com cartão amarelo. 

Por esta altura, a equipa ucraniana sentia o peso da derrota e denotava ansiedade e falta de discernimento em algumas abordagens.

44' O problema do critério disciplinar é a capacidade de mantê-lo, com coerência e consistência, ao longo de todo o jogo. Foi essa "incapacidade" que ficou clara quando Stephanenko perdeu o tempo de entrada à bola e pisou o pé de Galeno de forma negligente. O lance era mesmo para segundo amarelo e consequente vermelho. Massa ou entendeu que não se justificava ou decidiu "gerir" a situação em função da forma como decorria o jogo. Não devia. Às vezes a boa vontade esbarra na clareza das regras.

46' Wendell, em rotação para tentar receber a bola e de costas para Zubkov, pisou inadvertidamente o gémeo/calcanhar de Aquiles do jogador ucraniano, lesionando-o momentaneamente. Ao contrário do que o instantâneo do contacto possa sugerir, não houve imprudência do jogador do Porto (ou seja, o defesa brasileiro não teve falta de cuidado ou de atenção na sua abordagem). Tratou-se apenas de um contacto infeliz e acidental. O árbitro só errou ao assinalar falta atacante do Shakhtar. 

53' A queda de Taremi na área do Shakhtar merece ser tecnicamente analisada em duas partes distintas e por ordem cronológica: num primeiro momento, o avançado iraniano provocou o contacto com o pé esquerdo de Nazaryna, desequilibrando-o; num segundo e por força desse toque, o pé do defesa ucraniano acabou por tocar inadvertidamente no do atacante azul e branco. O árbitro esteve muito bem ao considerar que Nazaryna não tinha cometido infração passível de pontapé de penálti. A haver falta, seria sempre a primeira. 

54' Boa decisão de David Massa ao exibir o cartão amarelo a João Mário, após entrada negligente sobre Sudakov.

75' Konoplia derrubou Galeno de forma manifestamente antidesportiva. Foi advertido com justiça. 

Nota 6 - Apenas um erro de "gestão" em lance que exigia coerência