Duarte Gomes analisa arbitragem do Benfica-Inter

Especialista A BOLA fala em «noite muito infeliz» do letão Andris Treimanis

O Benfica-Inter de Milão foi dirigido por Andris Treimanis, da Letónia. A liderar a equipa de vídeo arbitragem, a partir de Nyon na Suíça (sede da UEFA) esteve o croata Ivan Bebek. 

Apesar dos seus 38 anos de idade, Treimanis já é internacional desde os 26. O árbitro letão arbitrou a Final do Campeonato do Mundo de Sub-17 no Brasil (em 2019), naquele que foi o ponto mais alto de uma já longa carreira.

O juiz da Letónia não fez um bom trabalho. Cometeu vários erros relevantes ao longo de todo o jogo, a maioria por indicação e/ou com a cumplicidade da sua equipa, em particular de um dos seus árbitros assistentes (do lado oposto ao dos bancos técnicos) e de um VAR que, em determinadas ações do jogo, não esteve à altura do que se espera e exige a este nível. Mas já lá vamos. 

Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro: 

5' Primeiro erro do árbitro assistente na partida, entretanto salvo por intervenção correta do vídeo árbitro: quando António Silva cruzou para a área italiana, Tengstedt estava em posição regular. Foi legal o golo marcado depois por João Mário. 

13' João Mário marcou o segundo da equipa portuguesa, após recuperação de bola legal de Rafa (que não fez falta sobre o adversário). Lance bem analisado pela equipa de arbitragem. 

17' Frattesi tocou apenas na bola, não fazendo falta sobre João Neves. Foi o médio encarnado quem chegou tarde e pontapeou o pé do adversário, lesionando-se por força dessa infelicidade. Errou o árbitro letão nessa análise. 

26' Arnautovic partiu de posição irregular para se isolar perante Trubin. O guarda-redes ucraniano defendeu o remate para canto. O árbitro assistente, erradamente, não assinalou o adiantamento do avançado austríaco. 

30' Tengstedt caiu junto à área do Inter após tropeçar no pé direito de Bisseck. Foi o avançado dinamarquês quem entrou em contacto com o pé do adversário e não o contrário. Neste caso esteve bem o árbitro ao nada assinalar. 

34' Terceiro golo legal do Benfica: João Mário, que finalizou, estava bem atrás da linha da bola (e de vários defesas italianos) quando Tengstedt cruzou. Também o atacante dinamarquês estava em posição legal quando Rafa lhe passou a bola. 

42' É incompreensível como o árbitro assistente, a cerca um metro do lance e a olhar para lá, não viu que Klaassen dominou a bola já bem fora do terreno de jogo. Era pontapé de baliza para o Benfica e não pontapé de canto para o Inter de Milão. 

50' João Neves rasteirou Alexis Sanchez perto da sua área. Foi bem assinalado o pontapé-livre favorável à equipa italiana. 

51' Erro quase inaceitável do árbitro assistente, que estava demasiado adiantado: Arnautovic tinha quatro (!) jogadores do Benfica a colocá-lo em jogo, sendo Tengstedt o mais evidente. Valeu, mais uma vez, a utilidade da tecnologia. Golo bem validado ao Inter. 

58' Golo legal do Inter: Acerbi (que cruzou) e Frattesi (que marcou) estavam em posição legal. 

69' Antes de tocar na bola, Alexis Sánchez carregou as costas de João Neves de forma evidente. Na sequência da falta não assinalada, Otamendi tocou no pé de Thuram, depois de desviar a bola "a meias" com o avançado francês. O pontapé de penálti até é aceitável apesar do contacto ter sido ligeiro, mas o VAR devia ter indicado a existência de infração atacante no início da fase de ataque. Erro grave em lance fácil de analisar. Assim um pontapé-livre para uma equipa em zona atacante foi transformado num pontapé de penálti para a outra. Não é este o espírito da tecnologia no apoio à decisão. 

78' Morato pontapeou a bola em sinal de protesto e foi bem advertido pelo árbitro do encontro. 

84' António Silva fez tesoura claramente negligente às pernas de Barella, mas a entrada do central português, apesar de impetuosa, não devia ter sido sancionada com cartão vermelho direto. Decisão errada do árbitro, após má intervenção do seu vídeo árbitro. 

Nota 3: noite muito infeliz