EURO 2024 Dinamarca: o guia
Guia da seleção dinamarquesa escrito por Sofie Engberg para a TV 2 Denmark
Expectativas
A Dinamarca ganhou o seu grupo de qualificação à frente da Eslovénia e Finlândia, e na teoria parecia um apuramento fácil para o torneio depois de algumas vitórias caseiras impressionantes no sempre esgotado Parken. No entanto, atrás dos resultados, está patente a ideia de que a equipa ainda não conseguiu afastar as mesmas dificuldades que sentiram no Catar, onde os dinamarqueses foram eliminados na fase de grupos.
Os outros resultados foram distintivamente medianos, incluindo uma derrota por 3-2 frente ao Cazaquistão, apesar de estarem a vencer por 2-0 aos 73 minutos. Uma vitória caseira por 1-0 frente à Irlanda do Norte quase acabou num empate, depois do golo dos visitantes ser anulado após uma longa revisão no VAR. Houve um empate a uma bola frente à Eslovénia e uma vitória magra por 2-1 frente a San Marino. «A qualidade do nosso jogo não foi boa o suficiente», disse o treinador Kasper Hjulmand após o jogo.
O selecionador, em boa verdade, tem tentado muitas coisas diferentes para colocar a equipa de novo no nível em que estavam no EURO 2020, no qual chegaram às meias-finais. Experimentou formações diferentes e usou mais de 30 jogadores durante a qualificação, embora este último dado tenha sido fruto das lesões e a falta de minutos de alguns jogadores nos respetivos clubes.
O técnico valoriza a relação dos jogadores em campo e como jogam em prol do coletivo, ao invés de qualidade individual. No entanto, jogadores importantes como Christian Eriksen ou Pierre-Emile Højbjerg têm passado mais tempo no banco recentemente, enquanto defesas como Simon Kjaer e Andreas Christensen têm estado lesionados. Pode ser um problema no EURO.
Há boas notícias, ainda assim, com vários jogadores jovens e vibrantes no ataque. Rasmus Højlund, que marcou sete golos na qualificação, e outro talento, Jonas Wind, foram os melhores jogadores na campanha de qualificação e a equipa aponta, no mínimo, para os oitavos de final. Parece iminentemente alcançável.
O selecionador
Um homem moderno com uma abordagem filosófica ao futebol, Kasper Hjulmand conseguiu unir os adeptos dinamarqueses e fazer deles a espinha dorsal desta equipa. A comunicação é um elemento-chave para o selecionador de 52 anos que tem sido muito elogiado pela sua humanidade e capacidade de liderança. Os últimos dois anos não têm sido tão fáceis e tem havido alguns críticos perante o estilo de jogo da Dinamarca. O treinador foi pragmático, dizendo: «É saudável que haja muitas opiniões e discussões sobre a seleção – imaginem que todos estavam de acordo, isso seria incrivelmente chato.» A federação dinamarquesa ainda acredita nele e recentemente assinou uma extensão de contrato até 2026.
O ícone
Christian Eriksen pode não ter tido a melhor das épocas pelo Manchester United, passando a maior parte da mesma no banco, mas não parece muito preocupado com a situação. «A beleza do futebol é que não és melhor do que o teu último jogo», diz Eriksen, e a verdade é que o médio de 32 anos teve a sua conta de grandes exibições, especialmente pela seleção. Tem 128 internacionalizações e 40 golos na altura em que este artigo é escrito e continua a ser o coração do ataque dinamarquês. Ainda está para ter um grande torneio internacional, com a memória do seu ataque cardíaco no último EURO ainda fresca. Três anos depois está de volta e com vontade de marcar a diferença pelo seu país.
Para ter debaixo de olho
Victor Kristiansen – ou ‘VK’, como é conhecido – tornou-se no lateral-esquerdo canhoto que a Dinamarca procurava há anos. Um jogador impressionantemente enérgico, não tem medo de se juntar ao ataque, mas não facilita na defesa, também. Tendo passado a época no Bologna, por empréstimo do Leicester, ajudou a equipa a qualificar-se para a Liga dos Campeões. Estreou-se na seleção no verão de 2023 e este será o seu primeiro grande torneio de seleções. Não está a apontar para um lugar no banco, digamos assim.
Espírito rebelde
Não há muita imprevisibilidade na seleção, verdade seja dita. É mais um grupo subtil, de jogadores profissionais, do que uma seleção de jogadores grandes e barulhentos. Contudo, um que se destaca é Pierre-Emile Højbjerg. Não vai arranjar uma briga ou fazer nenhum comentário surreal, mas não tem medo de dizer – ou mostrar – o que pensa. Usa o coração na manga e já, por exemplo, chorou em direto na televisão, ou exigiu uma melhor atitude dos seus companheiros. Sem rodeios.
A espinha dorsal
Kasper Schmeichel ainda é o número 1 da Dinamarca – tem mais de 100 internacionalizações – e desenvolveu um excelente entendimento com a dupla de centrais, Simon Kjaer (se o físico permitir) e Andreas Christensen à sua frente. No meio-campo o equilíbrio e criatividade estão a cargo de Højbjerg e Eriksen, enquanto, no ataque, Rasmus Højlund tornou-se na referência goleadora.
Onze provável
3-5-2: Schmeichel – Andersen, Kjær, Christensen – Mæhle, Eriksen, Højbjerg, Delaney, Kristiansen – Wind – Højlund.
Adepto famoso
Emily in Paris viu Lily Collins em Copenhaga – sendo que a atriz que protagoniza a série da Netflix reside na capital dinamarquesa e adora ir a jogos de futebol. Um reel no Instagram mostra-a cativada pela cultura futebolística e a torcer pela seleção durante a campanha de qualificação para o EURO. A atriz foi frequentemente vista com o marido em equipamentos a condizer e a viagem ao Parken não é estranha para eles.
Petisco
Algo que PRECISAS de experimentar quando fores ver futebol na Dinamarca, no estádio. A stadionplatte tornou-se sinónimo de futebol no país; consiste numa grande salsicha grelhada, normalmente de Frankfurt, e estaladiça. É acompanhada de pão com ketchup, mostarda e molho de remoulade. Nenhum stadionplatte está completo sem uma cerveja. As salsichas são tão populares que vários órgãos de imprensa têm rankings dos clubes com o melhor stadionplatte.