Destaques do Sporting: com este sueco o Sporting nunca joga em inferioridade
Gyokeres é um sério candidato a melhor jogador do campeonato; Pedro Gonçalves e Morita na única forma de haver comunicação entre eles: a linguagem do futebol; Diomande vítima de uma aberração arbitral
O melhor em campo: Gyokeres (nota 8)
Um panzer em constante movimento, uma força bruta da natureza que alia a biologia com uma atitude competitiva que está a anos-luz da média do campeonato português, fazendo dele um sério candidato a jogador do ano lá para meados de junho. Quinto jogo consecutivo a marcar pelo Sporting, num golo à ponta de lança, ganhando o espaço nas costas do defesa e tocando de primeira, parecendo simples e fácil que outros teriam dificuldade ou por executar mal ou por estar um passo para o lado. Mas foi quando a equipa esteve em inferioridade numérica que Gyokeres fez aquilo que tanto se diz na gíria, mas que no caso dele é literal: vale por dois.
Adán (6) — Nada a fazer no golo de Mujica porque aquele cabeceamento era praticamente indefensável. Deu segurança nos poucos momentos em que a equipa se expôs e permitiu Cristo surgir em zona de finalização.
Diomande (5) — Estava a ter um jogo relativamente tranquilo à exceção de um mau domínio de bola que originou um canto para o Arouca quando viu dois amarelos num curto espaço de tempo, o segundo deles uma aberração arbitral.
Coates (5) — Autoritário em muitos momentos do jogo, transmitindo a segurança que é habitual nele e alguns lançamentos longos com muito critério, porém deixando-se ludibriar pela movimentação de Mujica, deixando as costas para o avançado do Arouca cabecear para o empate.
Gonçalo Inácio (7) — Nova partida a exibir um central cada vez mais maduro, quer na construção como na capacidade de colocar a bola longa. Incontáveis os cortes e interceções conquistados graças ao excelente posicionamento e leitura e quase sempre sem recorrer à falta. Com a reorganização da defesa foi saltando de posição, mas nunca caindo de rendimento, sabendo sempre onde estar e o que fazer.
Ricardo Esgaio (5) — Primeira parte de ritmo acelerado, com muitos piques pelo corredor, algumas bolas colocadas para a área, mas sem nunca redundar em verdadeiros lances de bruá em Alvalade.
Hjulmand (6) — Quase irrepreensível do ponto de vista tático, embora sem deslumbrar. Mas os momentos de pressão, sempre uns metros à frente e em desvantagem numérica permitiram à equipa respirar e pensar. Um luxo face às circunstâncias.
Morita (7) — Estreia a marcar pelo Sporting esta época do médio japonês, autor do golo da vitória dos leões numa chegada à área muito bem pensada e com uma execução de requinte na forma como rodou o pé para pôr a bola longe da ação de um guarda-redes que enche muito bem a baliza. Foi a única ocasião em que esteve em zona de finalização e não falhou.
Nuno Santos (5) — Jogo sem erros, mas sem a chama habitual. Ainda ameaçou o golo num remate de ressaca (55’), mas foi na primeira parte que ficou de frente para o guarda-redes, embora lento a executar. Tal como Esgaio, Rúben Amorim prescindiu dele na hora de reequilibrar a equipa.
Edwards (6) — Um dos melhores dos leões na primeira parte. Autor da assistência para o golo de Gyokeres num daqueles cruzamentos com coordenadas GPS e muitos movimentos de penetração na meia-direita que foram criando desequilíbrios nas linhas muito fechadas do Arouca. Saiu ao intervalo não porque estivesse a jogar mal, mas porque a expulsão de Diomande obrigou Rúben Amorim a prescindir do único elemento do ataque que mais estica o jogo com bola mas que o liga menos que Gyokeres ou Pedro Gonçalves.
Pedro Gonçalves (6) — Quando Rúben Amorim diz que não é fácil falar com Morita porque o médio só fala japonês, a única forma possível de comunicar é através da linguagem do futebol. E, essa, Pedro Gonçalves sabe-a toda. Andou um jogo quase inteiro em falsas ameaças, batendo de frente num muro amarelo, até que, como todos os jogadores verdadeiramente diferenciados, fez um volteio, confundiu dois adversários, foi à linha e sem olhar (mas já tinha visto tudo antes) deu um golo a Morita.
Matheus Reis (6) — Não perdeu um único duelo individual e iniciou o lance do 2-1.
Catamo (6) — Alta rotação, foi dele um dos momentos de mais belos do jogo, obrigando Arruabarrena a voar.
Quaresma (4) — Entrou aos 59’, saiu aos 88’. Por reorganização tática, mas também porque não transmitiu muita segurança. Foi da sua zona que o Arouca criou mais perigo.
Bragança (-) — Num passe dele para Gyokeres nasceu a expulsão de Rafael Fernandes.
Neto (-) — Para fechar, já o jogo estava dez para dez.