ENTREVISTA A BOLA Dalot: «Distinção dos colegas foi extremamente especial»
Eleito Jogador do Ano pelo plantel do Manchester United, Dalot não descarta braçadeira
Sete anos depois de ter trocado o FC Porto pelo Manchester United, por 22 milhões de euros, Diogo Dalot defronta a antiga equipa pela primeira vez. Neste excerto da entrevista concedida a A BOLA, na antecâmara desse regresso ao Dragão, o lateral fala da evolução na carreira e das ambições que tem no clube inglês, no qual conseguiu a afirmação depois de um empréstimo ao Milan.
— Está a fazer sete anos que saiu do FC Porto para o Manchester United. O que mudou em si, ao longo deste tempo?
— Mudou fisicamente e mentalmente. O tempo fez-me crescer, evoluir. Sete anos é muito tempo. Vais ganhando experiência, sobretudo a este nível. Passei por muitas experiências que me fizeram crescer, dentro e fora de campo. Mas o Diogo que começou a jogar futebol, que tinha esta paixão, que cresceu no FC Porto, com esta vontade dar o máximo dentro de campo e ser profissional… esses princípios e valores que ganhei no FC Porto, tento mantê-los todos os dias, pois foi o que me permitiu chegar a este nível e continuar a evoluir. O resto são as experiências na vida e no futebol. Não acho que seja uma pessoa totalmente diferente, os valores e princípios que aprendi no FC Porto, tento trazê-los para aqui, até porque há muitas semelhanças entre os clubes, nesse aspeto.
— O empréstimo ao Milan foi decisivo para esta afirmação em Old Trafford?
— Sem dúvida. Foi numa altura em que precisava de minutos, precisava de jogar. Há momentos em que precisas de algo diferente, e aqui não iria conseguir ter o tempo de jogo que eu precisava, naquela época. Vinha de dois anos muito difíceis, com lesões, com poucos jogos, e seria difícil para um treinador dar minutos a alguém que tão pouco tinha jogado. Foi decisivo para mim, trouxe-me aquilo que precisava, mas sempre com a luz ao fundo do túnel de regressar e mostrar que podia dar cartas neste clube.
— No Milan contou com o apoio muito forte do Paolo Maldini. Fez força para que fosse para Itália, e acredito que também tenha tentado passar a sua experiência…
— Tentei sempre retirar aquilo que de bom o clube foi dando, os colegas que tive, e partilhar momentos e conversas com uma figura como o Maldini foi bastante positivo. Teve sempre essa postura com os jogadores, de tentar dar a sua opinião e passar a sua experiência. Para mim, como lateral e como defesa, foi determinante ouvir alguns conselhos, mas acima de tudo a calma que ele transmitia sempre, mesmo após um resultado negativo, e após um resultado positivo também não ficava demasiado contente. Estava sempre com esse equilíbrio e com essa tranquilidade, foi o maior valor que tirei dele.
— O Diogo volta depois ao United e consegue uma afirmação progressiva. Na época passada foi eleito Jogador do Ano pelos colegas. Que peso teve essa distinção vinda daqueles com quem partilha o balneário?
— Foi extremamente especial. Todos os prémios são de dar valor, são importantes, mas teve um sabor especial. Veio das pessoas que partilham comigo todos os momentos, são a minha segunda família, aqueles que me veem todos os dias, com quem partilho o campo de batalha. Isso transmite-me confiança e deixa-me orgulhoso. É um trabalho diário, que não faço só por mim, faço por eles e pela equipa. Não passa de um reconhecimento, importante, mas mantenho-me com os pés na terra: dá-me mais confiança para continuar, e por outro lado a exigência aumenta, pois é esta consistência que tento trazer para a minha carreira.
— Até por esse reconhecimento dos colegas, mas também da estrutura e dos adeptos: quando pensa no seu futuro no clube, o que idealiza? Estar no lote dos capitães, por exemplo?
— É algo que está dentro de mim, essa capacidade de estar num lote de jogadores importantes do plantel, mas é algo que chegará naturalmente, não está diretamente na minha cabeça. Quero ser importante, ajudar os meus colegas, até porque sou dos que está há mais tempo no clube, e faz parte do que devo fazer, transmitir a minha experiência no clube. Se acontecer, terei todo o prazer, mas acontecerá naturalmente.
— Um dia destes podemos ver o Bruno Fernandes a ser substituído e a ceder a braçadeira de capitão ao Diogo…
— Seria um momento bonito, não só como companheiro dele, de há muito tempo, mas também como português, ter dois portugueses a representar um clube tão grande.