Chaves: «Não venho para cá prometer vitórias. Mas prometo muito trabalho»

Moreno falou pela primeira vez enquanto técnico dos flavienses e mostrou-se deslumbrado com os primeiros dias no clube e na cidade; estratégia para o Estrela da Amadora está alinhavada

Aí estão as primeiras palavras de Moreno Teixeira enquanto treinador do Chaves. Apesar de já estar há três dias a trabalhar em Trás-os-Montes, apenas este sábado teve a possibilidade de marcar presença numa conferência de imprensa. A mesma que serviu de apresentação e de antevisão ao jogo com o Estrela da Amadora.

E a abordagem inicial de Moreno foi carregada de gratidão. «Sinto um prazer grande de ser treinador do Grupo Desportivo de Chaves. Depois do desafio que tinha deixado, tinha prometido a mim mesmo que para voltar ao ativo tinha de sentir que as pessoas me queriam muito, que queriam muito trabalhar com o Moreno. E foi isso que eu senti desde a primeira hora, por parte do presidente, do Nélson [Lenho] (diretor geral) e do Cabral (diretor desportivo). Desde o primeiro momento que me demonstraram muito que me queriam aqui. Senti-me desejado e isso era muito importante para mim. No mundo da bola sabe-se tudo. Vivemos num país muito pequeno. Num passado muito recente tive colegas que passaram por cá e, depois, em conversas normais de futebol, todos eles me diziam maravilhas deste clube e da cidade, nomeadamente a forma como as pessoas são recebidas e tratadas. E eu precisei apenas de três dias para confirmar tudo o que me tinham dito. Porque é mesmo verdade. Não nos falta nada no clube, há uma enorme simplicidade das pessoas, somos super bem tratados nas ruas, nos restaurantes… É uma coisa que incrível! Eu acho que todos os profissionais de futebol deviam passar por uma experiência neste clube e nesta região para perceberem o quanto são queridos. Eu gosto de trabalhar nestes cenários, nestes ambientes familiares», assumiu.

No entanto, e apesar do simbolismo, Moreno tem noção de que os aficionados flavienses pretendem... sorrir: «Mas isto é tudo muito bonito, estas palavras podem ser muito bonitas, mas eu sei que os sócios e adeptos do Chaves querem ganhar. Não venho para cá prometer vitórias, porque acho que isso não faz sentido no futebol, venho para cá prometer trabalho. Os atletas estão muito recetivos à mensagem e isso é muito bom. A qualidade está lá. Eu acredito que o grupo tem todas as condições para que consigamos sair desta situação. Não vai ser fácil, mas eu acredito muito. O treinador sozinho não faz nada e precisamos muito do apoio dos transmontanos.»

O passado foi (quase todo) em Guimarães - esta é a primeira aventura de Moreno no banco de um outro clube que não o Vitória - e o técnico não esconde a sua ligação aos vimaranenses. Falou abertamente sobre isso, mas reforçou que a sua exigência profissional será sempre igual em todo o lado. «Orgulho-me do meu passado, de dizer que sou de Guimarães, e estou muito grato por tudo o que o Vitória me fez ser e da oportunidade de trabalho que me deu. Mas, nesta vida, estamos sempre a ser colocados à prova. No futebol temos de ser os mesmos em qualquer clube. Se me vissem aqui a não festejar as vitórias da mesma forma que festejava em Guimarães ou a não aziar da mesma forma que acontecia em Guimarães, aí eu estava a ser mau profissional. E nunca irei ser», afirmou sem reservas.

Mas qual é, então, a ideia do novo líder do balneário flaviense para que o Chaves entre nos eixos e consiga encontrar o caminho das vitórias? Será possível vencer já amanhã o Estrela da Amadora? «A melhor forma de encararmos o jogo é não olharmos para a classificação. Temos de ser responsáveis e perceber o lugar que ocupamos, o porquê de estarmos nesse lugar, os golos que já sofremos, tudo isso. É uma responsabilidade nossa e temo-la. Mas estar aqui a prometer vitórias era estar a enganar os adeptos e eu não gosto de enganar ninguém. Mas que vamos ser uma equipa organizada, competitiva e a querer muito ganhar o jogo de amanhã, disso não tenham dúvidas. Espero um jogo de grande dificuldade, como, de resto, são todos. Percebemos a estrutura do Estrela, uma equipa muito sólida, com um treinador de há duas épocas. Temos é de acreditar muito em nós, estarmos organizados e concentrados durante todo o jogo, independentemente do número de minutos que o mesmo tenha, e temos de estar alerta em todos os detalhes», analisou.

A finalizar, Moreno sublinhou a crença em inverter o rumo dos acontecimentos, mas, nesse momento, fez questão de deixar um elogio sentido ao seu antecessor: «Acredito que sou capaz de fazer melhor do que aquilo que estava a ser feito. E digo isto sem nunca colocar em causa o que estava a ser feito pelo mister José Gomes. Pelo contrário. Sou o primeiro a reconhecer que há muita coisa positiva e que temos de dar continuidade.»