Casa Pia: Chamada de jovens ao plantel principal é política bem articulada
Samuel Ceita, do Casa Pia (ao centro), entre os companheiros de equipa Duplexe Tchamba (à esquerda) e Felippe Cardoso (à direita), após um jogo pela Taça da Liga em futebol. Foto: Casa Pia AC.

Casa Pia: Chamada de jovens ao plantel principal é política bem articulada

NACIONAL14.12.202317:48

Presença de dois sub-19 no treino de quarta-feira não constituiu surpresa nos gansos, que nas últimas épocas têm articulado um excelente relacionamento entre as estruturas profissional e de formação

As presenças de Daniel Fracassa e Tomás Afonso no treino desta quarta-feira do plantel principal do Casa Pia não constituem caso virgem no emblema de Pina Manique, no qual a harmonia entre estrutura profissional (SDUQ) e a formação do clube tem estado em evidência nas últimas épocas e com expressão máxima na chamada regular e, em alguns casos, até de forma definitiva de jovens oriundos da formação ainda no tempo em que era ainda Filipe Martins o técnico dos gansos.

Um sistema bem organizado que merece a satisfação de Joel Pinto, coordenador para a formação do Casa Pia, que em conversa com A BOLA recorda que esta ligação já não diz respeito aos dias de hoje. «Tivemos o exemplo do Rogério Fernandes e do Ricardo Fernandes, os dois gémeos, que fizeram parte da equipa que subiu à Liga (alinham hoje no Real SC e nos sub-23 do Estoril, respetivamente). Não jogaram muito, mas durante dois ou três anos fizeram parte desse plantel», lembrou o treinador como um marco importante para a situação atual.

Aos dias de hoje, existem inclusivamente exemplos claros de atletas oriundos da formação já presentes em definitivo na equipa principal, além dos juniores que esporadicamente são chamados para treinar quando o treinador principal assim o entende, de acordo com as necessidades do plantel em momentos pontuais. 

«Há jogadores que vão mais vezes que outros, mediante o que o treinador dos seniores acha que tem mais margem futura, mas podemos olhar para o Afonso Monteiro, que é o guarda-redes dos juniores e na prática é o terceiro guarda-redes dos seniores, o Isaac Monteiro, que no ano passado era júnior, este ano tem contrato profissional e é jogador da equipa de seniores, ou o Samuel Ceita, que esta época se estreou oficialmente pela equipa principal (ndr: na Taça da Liga, em julho)», elencou Joel Pinto.

Joel Pinto, coordenador para a formação do Casa Pia. Foto: Casa Pia AC.

Relativamente a este último, Samuel Ceita, de apenas 17 anos, que teve a oportunidade de estrear-se frente ao Torreense, pela 2.ª eliminatória da Taça da Liga e de fazer parte de outras duas convocatórias, ante Lank Vilaverdense (também pela Taça da Liga) e Estrela da Amadora, pela Liga, o coordenador da formação dos lisboetas alegra-se pela descoberta feita pelo clube. «No caso do Samuel, ele veio do Benfica, ainda como juvenil B. É um miúdo que chegou aqui como extremo/avançado», recordou.

«Logo na primeira reunião que tive com ele, disse-lhe que achava que não ia ser como extremo/avançado que ele iria chegar ao futebol profissional, achava que era como médio centro. Era a minha opinião, pela capacidade física que ele tinha, claro que não tinha rotina, mas achava que era por ali e a verdade é que no segundo ano como juvenil já jogava a 10, subiu de divisão, era capitão de equipa e fez uma grande época. Este ano, nos juniores, é 6/8 e já jogou pelos seniores», constatou, extremamente feliz.

A estreia de Ceita pela equipa principal moraliza todos aqueles que trabalham nas várias equipas de formação do Casa Pia, mas foi apenas possível graças à relação orgânica entre o coordenador da formação e o técnico dos principais, fosse Filipe Martins, que entretanto já deixou Pina Manique, ou presentemente Pedro Moreira. Dois treinadores aos quais Joel Pinto apenas reserva elogios pelas suas aptidões técnicas e profissionais no desempenho das suas funções.

«O Filipe é um treinador ligado à formação e a verdade é que.  aposta nos jovens. Gosta de os ter no treino, quando têm qualidade ele puxa e tenta criar forma de que melhorem a vida deles, com contratos profissionais - temos exemplos disso aqui – e tenta vê-los, os sub-17 e os sub-19. Está a haver continuidade, continuam a treinar juniores com a equipa principal e acho que qualquer treinador que entre nos seniores o irá fazer. Já conhecia o Pedro Moreira há mais anos, porque na altura estagiei com ele no Sporting», revelou, feliz por reencontrar o antigo tutor.

A presença, pontual ou em definitivo, de elementos das camadas jovens no plantel profissional constitui o ponto alto de uma estrutura de formação cujo nível qualitativo tem crescido a olhos vistos e a merecer a primazia de atletas com percurso desportivo de realce. «Os miúdos de Benfica, Sporting e FC Porto já têm interesse em vir para o Casa Pia porque o olham como uma possível via para uma equipa de primeira liga. Agora, não os queremos a todos, essa é que é a realidade», concluiu, sorridente e com ideias bem claras para aquilo que pretende.