Carlos Carvalhal: «Estamos sempre num tribunal»
Treinador do SC Braga enaltece a atitude dos jogadores após a vitória frente ao Moreirense
O SC Braga venceu o Moreirense por 3-1 e, após a partida, Carlos Carvalhal, técnico dos bracarenses, elogiou a atitude dos jogadores, deixou elogios a Gabri Martínez, autor do primeiro golo, e relembrou que o jogo mais importante... «é o próximo».
Os jogadores deram-lhe mais uma 'noite à Braga'. O que foi fundamental para esta vitória?
- O que foi decisivo foi uma atitude absolutamente fantástica da nossa equipa. Depois de um jogo quinta-feira, jogámos 90 minutos com uma equipa forte, organizada, que vinha de duas vitórias, e conseguimos uma vitória justa com 90 e tal minutos de pressão constante. Uma ou outra vez pode ter falhado, mas houve pressão constante dos nossos jogadores. Já lhes disse que não é fácil, hoje, uma equipa ter 11 jogadores esfomeados, com vontade de ter a bola, de jogar, de se impor. De querer, no fundo, subir patamares na sua vida. Valorizo muito isso, até me emociona e esta parte da entrega dos jogadores é das coisas mais bonitas e que me fazem andar e gostar no futebol. Esta equipa dá-me isto, uma entrega, uma vontade competitiva... O Roberto vai até à morte, o Amine [El Ouazzani] vai até à morte, o Gabri vai até à morte, o André entra e faz 60 minutos de grande nível. Todos eles. Irrepreensíveis na atitude, na competência. E, porque não dizê-lo, em termos de organização de jogo, estamos a melhorar a cada jogo. Estou extremamente satisfeito com o trabalho árduo. Há muitas coisas para se fazer, num contexto extremamente difícil para nós. Agora, vamos a Viena para tentar vencer o jogo.
Que importância tem preparar esses jogos sobre vitórias?
- É positivo, mas há uma coisa que temos de perceber: as vitórias, por vezes, são a preparação para algumas derrotas. Temos de estar atentos e os jogadores têm sido irrepreensíveis porque fazem de cada vitória um jogo melhor no jogo seguinte. Nós analisamos o jogo, denunciámos erros aos jogadores, corrigimo-los, e eles percebem que estamos a ganhar, estamos a cometer erros mas melhorámo-los. Temos de olhar sempre para o processo, porque se olharmos só para o resultado e esquecermos o processo as vitórias não são muito boas para a evolução. Normalmente, aprendemos mais com as derrotas, mas num contexto destes, a ganhar e a aprender, é nisto que valorizo os meus jogadores, porque têm melhorado, têm os pés no chão e uma atitude muito forte. Há um misto de experiência de gente muito competente que quer muito ganhar, como o Ricardo Horta e o Matheus, juntamente com um conjunto de jogadores que quer aparecer, subir de nível, chegar a um nível mais elevado. Está aqui uma fusão interessante mas volto a dizer: ganhámos apenas mais um jogo e temos muito trabalho pela frente.
O Gabri Martínez faz uma partida extraordinária. Esta fome de bola de que o Carlos Carvalhal fala não pode causar dores de cabeça na altura de escolher a equipa?
- A mim não complica, facilita-me a vida. Muitos jogadores a terem boas performances... Repare: de quinta a domingo, o processo não abana, são todos titulares. Não há banco. E são todos suplentes ao mesmo tempo. Podem jogar um jogo, não recuperar... isso nem sequer se coloca. Não é uma preocupação. O Gabri fez um grande jogo, fizeram todos. Conheço bem o Fabiano, é muito difícil passar pelo Fabiano, e o Gabri defrontou um jogador extremamente forte no 1 para 1 defensivo e, até ao momento, o Gabri foi o jogador que mais dificuldades criou ao Fabiano. É o melhor elogio que lhe posso deixar.
É a 100.ª vitória de Carlos Carvalhal na Liga. É importante o número redondo?
- Nem tinha pensado nisso, sinceramente... Nesta profissão, não adianta muito olhar para trás. Temos orgulho no trajeto, mas não adianta nada. Como disse na conferência, fomos a julgamento na quinta-feira, hoje fomos outra vez, quinta vamos outra vez... estamos sempre num tribunal. Sempre a ser julgados. É uma profissão muito difícil, somos julgados por milhares de pessoas, pela crítica, por toda a gente. Dependemos muito dos jogadores, por isso é que enalteço muito a atitude deles, mas acima de tudo é viver o dia a dia. Agora estou preocupado é com o treino de amanhã, com jogadores que vão jogar, para lhes dar ritmo competitivo, e depois estou preocupado com o jogo mais importante das nossas vidas, que é o próximo, com o Rapid Viena. O foco está todo nesse jogo.