Cádiz: «Esta época superou todas as minhas expectativas!»
Jhonder Cádiz festeja golo ao V. Guimarães (IMAGO)

ENTREVISTA A BOLA Cádiz: «Esta época superou todas as minhas expectativas!»

NACIONAL12.06.202411:00

O avançado recuperou a alegria que só os golos proporcionam. E foram 15. Só na Liga. Um ano para recordar, até porque coincidiu com o regresso à seleção da Venezuela. O ponta de lança está ‘on fire’ e os pretendentes aproximam-se... Contudo, neste capítulo, prefere jogar à defesa e deixar tudo nas mãos da SAD famalicense

 -Que análise faz a esta sua época em Portugal, em que terminou com 16 golos marcados, 15 deles na Liga?

- Foi a melhor até hoje na minha carreira. Coletivamente, tínhamos equipa para muito mais e todos o sabíamos, tanto jogadores como direção técnica ou presidente. Todo o mundo que trabalha no clube sabia que tínhamos equipa para muito mais. Pessoalmente, acho que correu muito bem para mim, pois 15 golos na liga e um na taça foram muito importantes. Depois, voltar à seleção foi muito bom para voltar a sentir que consigo, mesmo com 28 anos, já quase chegando aos 30, estar muito bem. Antigamente dizia-se que era a idade perfeita para os jogadores, que é a idade em que o jogador chega à maturidade plena. Acho que, para mim, foi assim, foi um ano em que consegui manter o nível de início ao fim e acabou muito bem, o que foi o mais importante para mim.

- Superou as suas expectativas em termos individuais?

- Coloco a minha meta sempre em 10 golos e depois tudo que vier vai somando e vai ajudando. Consegui fazer 16, mas a minha meta era fazer 10, que era mais do que tinha feito no Vitória. Então acho que foi muito bom e superou as minhas expectativas, mas, como já disse, todos os anos ponho as expectativas altas.

- Há quase dois meses, no Estádio do Dragão, marcou dois golos. Melhor jogo da época?

- Foi um jogo muito difícil, porque teve muitas emoções. Começámos a ganhar, logo depois eles empataram. Faço o segundo golo no fim da primeira parte e, entretanto, no segundo tempo já sabíamos o que ia acontecer. O Porto viria para cima de nós e tínhamos de ir aguentando, aguentando, aguentando. Pronto, no final não deu para conseguir a vitória, mas foi um jogo de muitas emoções e muito bom tanto para nós, como para o Porto. Muito emocionante.

- Dos 15 golos na Liga, consegue eleger o melhor de todos?

- Gosto muito de dois golos. Gostei muito do que marquei contra o Rio Ave na primeira volta e o primeiro contra o Porto, o de cabeça. Também gostei do golo que fiz ao Vizela, mas não foi um golo bonito. Acho que vou ficar com o golo, frente ao Porto, pela jogada.

- O campeonato ficou decidido após o triunfo do Famalicão sobre o Benfica na jornada 32. Como é que viu o Sporting campeão?

-Foi mais que merecido o Sporting ser campeão, pois foi a melhor equipa, a que cometeu menos erros, a que perdeu menos jogos e a que mais golos marcou. Então se o Sporting não fosse campeão, seria um bocado injusto.

- Qual o defesa mais complicado que teve de enfrentar esta época?

- Coates, talvez pelas características de cada um serem parecidas. Somos ambos altos e muito fortes de cabeça. Talvez eu consiga ser mais rápido, mas o Coates nunca me deixava arrancar. Foi um embate muito difícil para mim. Pessoalmente foi o pior jogo.

Lutas titânicas com Coates (A BOLA)

- Em abril conquistou o Prémio de melhor jogador do mês. Como é que viu esse mês?

- Mês muito importante, pois em quatro jogos fiz cinco golos. Já tinha feito um golo quando voltei da Seleção contra o Gil Vicente e acho que ter voltado à Seleção, dois anos e meio depois, deu-me muito mais confiança e quando cheguei aqui a Portugal, consegui demonstrá-lo, trasladando essa confiança ao meu jogo.

- Jogou em Portugal, saiu por três vezes e voltou sempre. Que tem Portugal de especial para si?

- Portugal é a minha segunda casa, tal como Setúbal é a minha segunda casa. Sinto-me muito bem aqui em Portugal, a minha esposa é brasileira, mas morou aqui em Portugal a vida inteira e uma das minhas filhas nasceu aqui. Então, por isso, Portugal é a minha segunda casa. Sinto-me aqui muito seguro e não tenho palavras para o que este país tem dado a mim e à minha família.

-O Famalicão tinha jogadores de 14 nacionalidades. Faz diferença?

- Nunca fez diferença. Desde que cheguei a Portugal que sempre tenho estado em equipas com jogadores de muitas nacionalidades. Nunca fez diferença porque afinal, no futebol, todos falamos a mesma língua, todos lutamos pelo mesmo e quando estamos dentro do campo conseguimos entender-nos perfeitamente.

- Falou-se nos últimos dias de uma possível proposta do México. É um futebol que lhe interessa?

- Sim, é um país que me interessa. É um país que fica perto de casa e no qual os venezuelanos são muito bem recebidos. Temos agora o Salomón Rondón, avançado da seleção, que acaba de ser o melhor jogador e melhor marcador da CONCACAF e que vai jogar o Mundial de Clubes no próximo ano. É um país onde se compete muito bem, mas da eventual proposta eu ainda não sei nada. Primeiro tem que passar pelo Famalicão, antes de passar por mim. Para já, estou a treinar a pensar na Copa América, que é o que tenho pela frente. O Famalicão e os meus agentes vão encarregar-se de tratar do meu futuro.

- Os adeptos de Portugal podem ter esperança de que continuaram a vê-lo em Portugal na próxima época?

- Não sei. Ainda tenho mais de um ano de contrato com o Famalicão, mas, depois desta época, espero que eu e o Famalicão tenhamos propostas que analisar. Se não forem boas o suficiente para mim e para a minha família, tenho mais de um ano de contrato, mas espero que sejam boas. Espero estar num lugar onde a minha família e eu nos sintamos melhor. Os direitos desportivos são todos do Famalicão e os direitos económicos são metade do Famalicão e metade do Benfica.

- Falando da Copa América. Quais são as suas expectativas para a competição?

- Vou à seleção, como já fui agora em março, para competir e fazer o meu trabalho. Quero jogar o máximo de minutos que o treinador ache que mereço. Como representante do país, podes jogar 90 minutos ou podes jogar 30 segundos, mas tens se sentir orgulho, porque tens milhões de pessoas que estão olhando e tens milhões de crianças que querem estar na posição em que tu estás.

- Na seleção da Venezuela apanhou José Peseiro. Com que impressão ficou dele?

 - Estive pouco tempo com ele, pois antes da Copa América no Brasil, em 2021, tive covid. Mas é um treinador que gosta muito de falar com os jogadores, que gosta muito do calor humano. Gosta de estar perto dos jogadores, de saber o que sentem e, afinal, isso é muito importante. Não gosto de comparar, mas parece-me parecido com o Ancelotti no Real Madrid, que todos dizem que tem esse jeito e acho que é muito importante. Ele [Peseiro], saiu da seleção pelas circunstâncias, que não tinham nada a ver com o rendimento, nem com os jogadores, são outros temas. Fiquei com muito boa impressão.