ANTEVISÃO Bundesliga: Xabi Alonso quebrou o domínio do Bayern… e agora?

Bávaros venceram o campeonato por 11 vezes consecutivas, isto até o espanhol chegar a Leverkusen, e querem regressar ao trono… mais do mesmo esta temporada ou terá o ciclo terminado de vez?

Uma semana depois de terem arrancado os quatro dos cinco principais campeonatos europeus (Premier League, La Liga, Serie A e Ligue 1), e duas desde que o português começou, é a vez da Bundesliga.

Esta é a 62.ª edição da liga alemã, que tem como o Bayern o principal favorito, principalmente devido aos 32 títulos que já acumula, entre eles 11 consecutivos. No entanto, a chegada de Xabi Alonso ao Bayer Leverkusen quebrou esse ciclo dominante dos bávaros, que pretendem agora regressar ao trono, mas a continuidade do espanhol promete ser um problema sério.

É precisamente o novo campeão quem dá o pontapé de saída da temporada 2024/25, não em casa, mas sim no terreno do Borussia M’gladbach, esta sexta-feira, a partir das 19h30, começando assim a defesa ao seu inédito título.

Embora a liga só comece a 23 de agosto, a nova temporada do futebol alemão já arrancou, com a primeira ronda da Taça da Alemanha a ser jogada. Relativamente a surpresas, apenas o Bochum foi a única equipa do primeiro escalão a ser eliminada, faltando ainda jogar o Leverkusen e o Estugarda, que se defrontaram para a Supertaça.

Para estar a par de tudo, a A BOLA conta-lhe sobre os favoritos, as possíveis revelações, os dois clubes promovidos, as maiores contratações e também saídas, os seis portugueses presentes nesta edição do campeonato e, por fim, o que não pode perder na primeira jornada, para além da primeira partida.

Favoritos ao título

Apesar de nem sequer ter conseguido alcançar o segundo lugar na temporada passada, perdendo essa posição para o Estugarda na última jornada, a verdade é que o Bayern continua a partir como o grande favorito a conquistar novamente a Bundesliga, por todas as razões que foram mencionadas anteriormente.

Agora com Vincent Kompany no comando técnico, ele que não conseguiu evitar a descida de divisão do Burnley na Premier League, o objetivo principal passa por isso mesmo… voltar aos títulos, depois de uma época (em branco e) para esquecer.

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Por isso é que o clube decidiu investir seriamente em algumas contratações de peso, incluindo João Palhinha, isto após ter dado praticamente 100 milhões de euros ao Tottenham por Harry Kane, que, sem surpresas, foi o melhor marcador da liga com 36 golos (e 8 assistências) no verão passado, mas isso não foi suficiente para que o jogador levantasse o seu primeiro troféu coletivo da carreira.

Tendo conquistado pela primeira vez na sua história o troféu de campeão nacional, obviamente que o Bayer Leverkusen teria de ser incluído nesta lista, até pela forma que o conseguiu e pela continuidade de Xabi Alonso, o líder deste enorme feito.

Os alemães não perderam qualquer jogo a nível nacional na época passada, que terminou também com a conquista da Taça da Alemanha, e a nível internacional só perderam na final da Liga Europa frente à Atalanta (3-0), graças a um hat-trick de Lookman.

Esta temporada começou da mesma forma que terminou a última… com um título. A equipa orientada pelo espanhol venceu a Supertaça da Alemanha, ao derrotar o Estugarda nas grandes penalidades, após um empate a duas bolas no tempo regulamentar… e com menos um em campo na segunda parte.

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É verdade que foi o Leverkusen quem colocou um fim ao ciclo dominante do Bayern, mas nos últimos anos tem sido o Borussia Dortmund a pressionar mais os bávaros. Exemplo disso é a época de 2021/22, em que lideravam a tabela classificativa na última jornada, mas acabaram por empatar a duas bolas em casa com o Mainz e perder o título nos minutos finais.

Mesmo ficando apenas no quinto lugar da Bundesliga na época anterior, que mesmo assim valeu um apuramento para a Liga dos Campeões, o Dortmund chegou à final da liga milionária, onde perdeu apenas com o favorito Real Madrid (2-0).

Agora com Sahin, seu ex-jogador, no comando técnico, o objetivo é seguir os passos do Leverkusen e voltar a sagrar-se campeão nacional, algo que aconteceu pela última vez em 2011/12, altura em que foram bicampeões com Jurgen Klopp. A tarefa não é fácil, até pelas saídas dos veteranos Hummels e Reus, mas chegaram substitutos à altura.

Promovido ao principal escalão do futebol alemão em 2016/17, depois de várias subidas consecutivas e de ter sido apenas fundado em 2009, o Leipzig tornou-se, rapidamente, num dos principais clubes alemães.

A equipa da Red Bull foi vice-campeã na sua época de estreia na Bundesliga e apurou-se sempre para as competições europeias - agora sete vezes de forma consecutiva para a Liga dos Campeões - sendo que a sua pior classificação foi o sexto lugar em 2017/18 e a melhor foi esse segundo lugar, também alcançado em 2020/21.

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Isso deveu-se muito graças ao enorme investimento no clube, que permitiu a chegada de grandes jogadores e, principalmente, com um grande potencial. Xavi Simons foi a figura da equipa na época anterior e promete fazer mais uma grande (e última) temporada, novamente cedido pelo PSG, com o objetivo de fazer esquecer Dani Olmo, que regressou ao Barcelona.

Possíveis revelações

Já não se pode chamar propriamente uma revelação depois de ter feito uma grande época passada ao alcançar o segundo lugar, mas a verdade é que, depois de duas temporadas consecutivas a escapar à despromoção na última jornada e no play-off, a pergunta é se o Estugarda consegue manter o nível.

Já vimos em várias situações que, com as competições europeias, e principalmente a Liga dos Campeões, muitas vezes isso não é possível. O exemplo perfeito é o Union Berlim, de Diogo Leite, que se estreou na liga milionária no ano passado, terminando em último de um grupo com SC Braga, Nápoles e Real Madrid, mas que na Bundesliga esteve muito perto de descer, passando grande parte da época na zona de despromoção.

No entanto, e apesar de perder alguns jogadores importantes como Guirassy, o seu melhor marcador, para o Dortmund, as grandes contratações, incluindo a permanência de Undav, que estava cedido pelo Brighton, e também a boa prestação na final da Supertaça da Alemanha frente ao Leverkusen, indicam que o histórico clube do futebol alemão poderá mesmo repetir uma boa temporada a nível nacional e ainda fazer uma boa figura a nível internacional. A continuidade de Sebastian Hoeness, muito cobiçado pelo Bayern, também é um fator muito importante.

Tendo terminado apenas no 11.º lugar, a três pontos das competições europeias e, por outro lado, a seis pontos de jogar o play-off de descida, o Augsburgo continua a ter o objetivo de se manter na Bundesliga, mas algumas boas aquisições motivam outras esperanças.

Com 15 golos e 10 assistências, o clube perdeu Ermedin Demirovic, a sua maior fonte de contribuições diretas para golo, para o Estugarda, mas reutilizou bem esse dinheiro (21 milhões de euros) e encontrou um substituto barato e à altura: Samuel Essende, do Vizela, que faturou por 16 vezes em Portugal e que até já se estreou a marcar na Taça.

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O negócio fez-se por cinco milhões de euros, sendo que outros cinco foram gastos no médio Jakic, do Frankfurt, €2,5 milhões no central Schlotterbeck, do Friburgo, e mais 2,5 em Labrovic, guarda-redes titular do Rijeka. Destaque ainda para as chegadas a custo zero de Mounié, do Brest, de Wolf, do Dortmund, e Giannoulis, do Norwich, assim como a contratação de uma jovem promessa do Bayern, Kabadayi, por quase um milhão de euros.

Os dois promovidos

St. Pauli venceu a segunda divisão alemã e está de regresso à Bundesliga… 13 anos depois. O clube sagrou-se campeão na última jornada, já com a subida assegurada, somando mais um ponto que o Kiel, a outra nova cara da liga.

Esta vai ser a nona temporada da equipa no principal escalão, sendo que este século já estiveram lá por duas vezes: em 2001/02 e em 2010/11. Em ambas as situações terminaram em 18.º, ou seja, no último lugar.

Já o Kiel é uma estreia por completo na Bundesliga. Em 2013 o clube encontrava-se nas divisões amadoras e, depois de quatro anos no terceiro escalão e outros sete anos no segundo, estão pela primeira vez no topo do futebol alemão.

Eles até estiveram muito perto de conseguir subidas consecutivas em 2017/18, mas acabaram por perder com o Wolfsburgo no play-off (4-1), e novamente em 2020/21, desta vez com o Colónia (6-2), apesar de até terem ganho o primeiro jogo fora de casa (0-1).

Por falar em play-off, o Dusseldorf esteve muito perto de se juntar às duas equipas na Bundesliga, ao terminar em terceiro lugar na segunda divisão e marcado presença nessa eliminatória com o Bochum, na altura de Gonçalo Paciência.

Depois de terem aplicado uma goleada na primeira mão, por 0-3, perderam de forma surpreendente na segunda pelo mesmo resultado, em casa, e o sonho acabou por cair nas grandes penalidades. O avançado português entrou para o prolongamento e até concretizou o primeiro penálti.

Principais contratações

Na tentativa de atacar o bicampeonato, o Leverkusen assegurou três contratações que custaram no total 48 milhões de euros: Terrier e Belocian, do Rennes, e García, que esteve em destaque no meio-campo do Girona. Xabi Alonso perdeu ainda Stanisic, que regressou ao Bayern após um ano de empréstimo, Iglesias, que voltou ao Bétis, e vendeu ainda Hlozek ao Hoffenheim, por 18 milhões de euros.

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Já os bávaros gastaram mais do dobro para tentar recuperar o que foi seu durante 11 anos seguidos, tendo pagado 51 milhões de euros por João Palhinha, 59 por Olise e ainda 23,5 por Ito, que esteve em grande no Estugarda, mas que já se lesionou gravemente nesta pré-época e vai ficar de fora dos relvados entre os próximos dois a três meses. Para compensar financeiramente tiveram de vender uma dupla defensiva ao Manchester United: de Ligt e Mazraoui renderam 60 milhões de euros.

Em Dortmund houve bastante mexidas neste mercado de transferências, começando pela contratação do segundo melhor marcador da liga alemã em 2023/24, Guirassy, que fez 28 golos pelo Estugarda. Custou 17,5 milhões de euros, o valor da cláusula de rescisão. Anton também fez o mesmo percurso este verão, numa operação de 22,5 milhões de euros, sendo que vai ser o substituto de Hummels no centro da defesa, enquanto Gross rende Marco Reus, agora no LA Galaxy. Yan Couto, emprestado pelo Manchester City, substitui Maatsen, que estava cedido pelo Chelsea, e Maximilian Beier rende Fullkrug, que se transferiu para o West Ham, dando 28,5 milhões de euros ao Hoffenheim.

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No Leipzig, destaque para a prolongação do empréstimo de Xavi Simons, por parte do PSG, por mais um ano, e também para as chegadas dos jovens Nusa (€21 milhões), do Club Brugge, Ouédraogo (€10 milhões), do Schalke 04, e Vandevoordt (€10 milhões), do Genk. Dani Olmo é a principal saída da equipa da Red Bull, com o espanhol a regressar ao Barcelona, numa transferência de 55 milhões de euros, perto do valor da cláusula de rescisão.

Portugueses em ação

Há seis portugueses presentes na Bundesliga em 2024/25, sendo que apenas um deles se vai estrear. É o caso de João Palhinha, uma das contratações mais sonantes do campeonato esta temporada, que chega proveniente da Premier League e, mais precisamente, do Fulham, de Marco Silva.

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Como seu colega de equipa, o ex-Sporting reencontrou Raphael Guerreiro, com quem já conviveu na seleção nacional, ele que trocou o Dortmund pelos bávaros na temporada passada e teve alguns problemas de lesões na última época, tendo, inclusive, falhado a fase final do Euro 2024.

Apesar de ter sido ligado a muitos clubes alemães durante este mercado de verão, incluindo ao campeão, Diogo Leite continua no Union Berlim e participou em todos os jogos da pré-época, embora tenha ficado de fora da ficha de jogo no arranque oficial da temporada para a Taça da Alemanha.

Para além de Palhinha, André Silva é o outro nome que não marcou presença na última edição da liga alemã, tendo sido emprestado à Real Sociedad, onde não teve uma temporada positiva: quatro golos em 26 jogos. Agora, de regresso, já participou no primeiro encontro oficial do Leipzig, tendo assistido na goleada ao Essen (1-4), em apenas 7 minutos no relvado. No entanto, a sua continuidade no clube não é nada garantida, com os alemães a tentarem encontrar uma solução no mercado para o ex-FC Porto.

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Tiago Tomás é o outro avançado português na Alemanha, entrando para a sua terceira temporada completa na Bundesliga, a segunda ao serviço do Wolfsburgo. Em 2023/24 somou sete contribuições diretas para golo em 29 jogos e, apesar de não ter sido titular no primeiro jogo desta época, entrou ao intervalo.

Por fim, temos Aurélio Buta, presença habitual na ala direita do Frankfurt, que conseguiu o sexto lugar da Bundesliga no ano passado, ou seja, uma qualificação para a fase final da Liga Europa. O ex-Benfica também parte para a terceira época no clube alemão.

Destaques da 1.ª jornada

Como foi dito no início desta antevisão, a Bundesliga começa esta sexta-feira com um duelo entre o campeão, o Bayer Leverkusen, e o Borussia M’gladbach, que desiludiu na última temporada e procura melhorar nesta.

No dia seguinte, o jogo grande é entre o Borussia Dortmund e o Frankfurt, equipas que ficaram coladas na tabela classificativa na edição anterior (quinto e sexto lugar, respetivamente), no Signal Iduna Park. Destaque ainda para a estreia do Kiel na Bundesliga no terreno do Hoffenheim.

Por fim, no domingo, para além do regresso do St. Pauli, que recebe o Heidenheim, ao principal escalão do futebol alemão, há o duelo da jornada entre o Bayern e o Wolfsburgo no estádio da equipa de Tiago Tomás, onde se também vai estrear João Palhinha.