Benfica «Bernardo Silva? Houve treinadores que acreditaram mais do que outros…»
Rodrigo Magalhães, diretor técnico das camadas jovens do Benfica, falou sobre o trajeto e tempo próprio de maturação de cada jogador, dando os exemplos de Bernardo Silva, atualmente no Manchester City, e António Silva, que tem sido aposta de Roger Schmidt na equipa principal das águias.
«Bernardo Silva teve algum sucesso nos sub-13, mas depois passou por um período muito complicado, mas o clube acreditou nele. Claro que houve treinadores que acreditaram mais do que outros, mas o talento estava lá, em estado latente. Não havia tanto a capacidade de ter equipas B, nessa altura, e ele foi tendo os seus momentos competitivos. Alguns jogos amigáveis eram requeridos para o efeito de dar volume de jogo e ele poder desenvolver-se. Ali próximo do último ano de júnior acaba por concretizar todo o potencial e emerge o talento do Bernardo como o conhecemos», começou por dizer, em declarações ao podcast 'Ciência e Futebol', do Portugal Football Observatory da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
Rodrigo Magalhães revelou ainda que Bernardo Silva chegou a jogar a defesa-central.
«O Bernardo, quando era benjamim, jogava a médio-centro, a médio-esquerdo, médio-direito e avançado. No futebol de sete chegou a jogar como central esquerdo. Não estou a ser irónico. Foi num torneio em Espanha, contra equipas que nos pressionavam na frente, e precisámos de qualidade para construir», afirmou.
António Silva foi lançado por Roger Schmidt no início da época, face à lesão de Morato, e não mais largou o lugar.
«Muitas vezes assiste-se a uma falácia, que é dizer que o Bernardo nem era aposta do Benfica, ou o António Silva. O António era uma aposta do Benfica, que estava consciente da sua qualidade. Foi integrado no patamar competitivo correspondente à sua idade biológica, num contexto que lhe permitia ter sucesso. Havia jogadores de sub-15 que já jogavam nos sub-16, estavam mais aptos, e aos olhos do Benfica tentámos enquadrar o jogador num contexto adequado ao seu crescimento, e mais tarde veio a recuperar e até superar muitos desses jogadores», referiu.
«A partir de determinada altura, na transição de sub-16 para sub-17, o António teve um nível de maturidade proporcional à sua idade cronológica. Nestas idades, entre os 13 e os 16 anos, na extremidade desta curva, muitas vezes só aos 17 anos é que dão ao pulo pubertário, e têm condições físicas que lhe permitem competir e suportar as próprias ações. Depois teve uma ascensão meteórica: no segundo ano de júnior joga na equipa de sub-23, vence a Youth League e o Nacional de Juniores, acaba a integrar os trabalhos da equipa A, e é agora um dos centrais de referência da equipa», completou.