Benfica: João Mário vai à luta
João Mário esteve perto de marcar contra o Estoril, no último jogo antes da pausa para as seleções. Foto: Sérgio Miguel Santos/ASF

Benfica: João Mário vai à luta

NACIONAL15.10.202308:30

Sem o brilho da época passada, mas sete vezes titular nos primeiros 11 jogos, médio está tranquilo; sente-se valorizado por companheiros e treinador e quer recuperar a influência na equipa

Aos 58 minutos do jogo com o Estoril, Nicolás Otamendi rematou fora da área, Marcelo Carné defendeu para a frente, João Mário fez a recarga, mas a felicidade do guarda-redes, que evitou o golo com a perna esquerda, foi a infelicidade do médio do Benfica. Foi, talvez, a melhor oportunidade para João Mário marcar esta época e libertar-se do peso do jejum de golos, depois do banquete real da época passada, na qual assinou 23 golos e somou 13 assistências, em 51 jogos de todas as provas. 

O internacional português de 30 anos tem consciência de que, na temporada atual, o jogo dele perdeu o brilho da anterior, mas tem motivos para acreditar que as coisas vão mudar, para melhor. É ainda com mais vontade e com igual profissionalismo que o médio vai à luta por mais e melhor. 

João Mário foi uma das grandes figuras do Benfica na época passada. E o arranque sensacional em 2022/2023, confirmado depois na influência para a reconquista do título, ajudou a desfazer qualquer dúvida que tivesse persistido após a primeira temporada da Luz. O médio tinha consciência do significado da mudança para o Benfica, não o fez de ânimo leve e nele sempre existiu vontade irreprimível de triunfar. Conseguiu-o. Agora o desejo é continuar a ser feliz. 

Comparando os primeiros 11 jogos das épocas 2023/2023 e 2023/2024 verifica-se, desde logo, que o impacto de João Mário na equipa diminuiu. Na primeira temporada de Roger Schmidt, João Mário foi titular nos 10 primeiros jogos, só não jogou no 11.º por estar suspenso - completou 90 minutos oito vezes, foi substituído duas, uma das quais por lesão. Agora, manteve o estatuto de titular. Nos 11 primeiros jogos da temporada atual, entrou de início sete vezes, completou duas vezes 90 minutos, suplente utilizado duas e não saiu do banco de suplentes com o Boavista e Inter (curiosamente duas derrotas das águias). 

Confiança de Schmidt

 João Mário recebeu de Roger Schmidt, no início da época anterior, um voto inequívoco de confiança. «Na primeira conversa, disse-me que seria importante e que estava na idade perfeita para liderar o balneário», contou o médio, em entrevista a A BOLA, a 3 de junho. E, na verdade, nesse aspeto nada mudou. 

Valorizado e reconhecido

ente-se valorizado e reconhecido pelos companheiros e treinadores, gosta da responsabilidade de ser um dos capitães. João Mário sabe, aliás, que a produção da época passada foi anormal. 

«Nem nos melhores sonhos imaginei uma época tão produtiva. Se alguém me dissesse isso antes de arrancar a época diria que era maluco! Era difícil toda a gente imaginar esse cenário olhando para os números nas épocas anteriores. O futebol é tão bonito por ser imprevisível. Havia ali, no passado, não alguma falta de qualidade no momento da decisão, mas nervosismo, falta de maturidade e foi algo que melhorei no treino. E este ano, com a ideia do mister, e também com muitos, mesmo muitos, treinos de finalização, foi um processo natural e, acima de tudo, quando marcas um… queres marcar dois, depois três», justificou, na mesma entrevista. 

Mais opções

O médio entende que será muito difícil igualar os números da época passada. Mas alimenta a convicção de que tem muito mais para dar. E também sabe que, agora, ao contrário da época passada, Roger Schmidt tem mais opções e haverá mais rotatividade. Situação que o deixa tranquilo. Até porque permitirá gerir ainda melhor o desgaste físico. A decisão de abdicar da Seleção, no final de maio, também contribuiu para que esteja ainda mais concentrado no Benfica e que possa descansar mais. 

Focado nos objetivos individuais e coletivos, em boa forma física, João Mário só quer colher os frutos do que andou a semear. Esteve quase a fazê-lo aos 58 minutos do jogo com o Estoril.

Voltará a marcar penáltis

João Mário desceu na hierarquia dos marcadores de penáltis do Benfica. Na época passada, era o número 1, marcou 12 e falhou três. Em Barcelos, no jogo com o Gil Vicente, Roger Schmidt explicou a mudança do marcador de penáltis. «Se eu e o João Mário falámos sobre isso? Claro que sim! Penso que ele esteve muito bem a marcar penáltis na última época. Muito seguro. Marcou os primeiros, seis, sete ou oito. Depois, falhou um ou dois penáltis e a confiança ficou um pouco abalada, o que é normal para quem marca penáltis», explicou o treinador alemão. 

No último jogo, com o Estoril, sem Di María e Kokçu, ambos lesionados, João Mário esteve perto de voltar a marcar um penálti, depois de o árbitro André Narciso ter assinalado falta de Koindredi sobre Chiquinho. Mas, alertado pelo VAR e depois de ver as imagens do lance, André Narciso reverteu a decisão. Apesar de, na altura, a bola estar nas mãos de Casper Tengstedt, A BOLA sabe que João Mário tinha sido escolhido para bater o castigo máximo.