Benfica: Arthur Cabral trabalha a dobrar para triunfar

Avançado tem preparador físico e equipa de desempenho de performance própios; resultados à vista: golos e... já perdeu três quilos

O gesto obsceno de Arthur Cabral dirigido aos adeptos na garagem da Luz, depois do jogo com o Farense (1-1), a 8 de dezembro, marca um antes e um depois no ainda curto percurso do avançado brasileiro no Benfica. Arthur Cabral, que estava sob forte pressão e a sentir que ainda não correspondia às elevadas expectativas, arrependeu-se. Pediu desculpa aos adeptos e também a companheiros, equipa técnica e dirigentes. Refletiu, reuniu-se com quem gere a carreira e com os responsáveis dos encarnados e deu passos que já começaram a dar frutos. A BOLA revela o plano em marcha.

É certo que, logo no jogo a seguir, também ajudou ter marcado o golo decisivo, em Salzburgo, que manteve o Benfica nas competições europeias, agora no caminho da Liga Europa. Mas, por trás do pano, muito aconteceu até se chegar ao momento em que conquistou a titularidade e começa a justificar o investimento de €20 milhões que o Benfica fez para contratá-lo à Fiorentina.

O início de Arthur Cabral no Benfica não foi fácil. No campo e fora dele. Em Lisboa, esteve, no início, acompanhado de um cozinheiro. A integração foi acontecendo com as dificuldades próprias de quem é introvertido e se tem de viver e responder numa realidade nova. A namorada, agora com ele, chegou a Portugal, curiosamente, pouco depois do incidente na garagem da Luz.

E foi esse episódio que conduziu a mudanças. Tomou a decisão, com a anuência do Benfica, de contratar um preparador físico. E, trabalhando a dobrar, a forma melhorou — já perdeu, desde então, três quilos. Tem a acompanhá-lo, para lá da equipa técnica das águias e do Benfica Lab, uma equipa de avaliação de desempenho, queanalisa todas as exibições, aponta erros e sugere soluções.

Arthur Cabral, por outro lado, sempre teve boa relação com Roger Schmidt. O treinador, ainda no PSV, quis contratá-lo quando o avançado jogava no Basileia. Não aconteceu, encontram-se agora. Schmidt explicou, também, que Arthur precisava de adaptar-se ao estilo de jogo da equipa. 

E Arthur Cabral sente que, pela primeira vez na carreira, tem de produzir mais que apenas golos — para lá da pressão ao adversário no momento defensivo, teve de aprender movimentos ofensivos para lá daqueles que durante toda a carreira conheceu dentro da área. Sente-se, agora, mais confortável em campo e mais apto fisicamente a responder ao que o treinador exige.

12 janeiro 2024, 20:28

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O tempo foi passando e o avançado, com ajuda de David Neres, Morato ou Luisão, já se sente mais à vontade. Os golos e o carinho dos adeptos são os reforços positivos de que precisava para continuar neste caminho e reforçar a ideia de que fez a escolha certa.

Tem a consciência de que o momento que está a viver não é defintivo e de que não se pode acomodar. Afinal, mais concorrência  — Marcos Leonardo — acabou de chegar. Recebeu bem o compatriota. Mas, por agora, o lugar é Arthur Cabral, será ele que jogará hoje de início com o Estoril, na meia-final da final four da Taça da Liga. Marcos Leonardo não está nas melhores condições físicas. Quando estiver, Arthur Cabral estará mais bem preparado para a luta por um lugar no onze.

Arthur Cabral pode, entretanto, gozar o reconhecimento de Roger Schmidt e dos adeptos.