Balakov vê o Sporting bicampeão

«É o passo que o Sporting tem de dar: ser 1.º sempre!», diz o antigo médio que fez parte da equipa que em 1990/1991 tinha, tal como a de Rúben Amorim, 8 vitórias nas 8 primeiras jornadas. Leão de 2024/2025 corre atrás do recorde de 11 triunfos nas 11 primeiras jornadas conseguidas pelos pupilos de Marinho Peres

Só uma vez na história o Sporting teve um arranque na Liga tão bom como o que está a ter esta época. Foi em 1990/1991, 8 vitórias nas primeiras 8 jornadas, primeiros pontos perdidos apenas na jornada 12. O Sporting de Rúben Amorim corre atrás do recorde do Sporting de Marinho Peres, que tinha jogadores como Ivkovic, Luizinho, Figo, Xavier, Oceano, Douglas, Mário Jorge, Litos e… Balakov, um búlgaro que chegou com a época já em andamento mas que ficou para sempre na história dos leões.

Este é o melhor Sporting de sempre (os números não enganam)

28 setembro 2024, 20:15

Este é o melhor Sporting de sempre (os números não enganam)

Nunca na história houve um Sporting tão forte: há 34 anos que não tinha sete vitórias nas primeiras sete jornadas, algo que só aconteceu em mais três épocas e em duas delas foi… campeão. É para repetir, Rúben Amorim?

Naquela época, o Sporting acabou… em 3.º, 13 pontos atrás do campeão Benfica. Mas no presente traz o balanço de um título conquistado em 2023/2024 e que, segundo Balakov, «é o passo que os leões têm de dar». «Cada ano ser 1.º sempre!», diz A BOLA.

Balakov no seu estilo inconfundível (A BOLA)

«Amigos! Como estão todos por aí?», pergunta-nos, efusivo a atender a chamada, a antiga estrela leonina no português fluente que não tinha há 30 anos quando chegou a Portugal proveniente do Etar Tarnovo. «Nessa altura, o treinador era Marinho Peres e no início ele veio ter comigo para uma conversa e explicou-me que primeiro tinha de me integrar, aprender o português e por isso foi um pouco difícil para mim», recorda Balakov que, no entanto, depois de dois jogos sentado no banco de suplentes nunca mais largou a titularidade no meio-campo dos verdes e brancos, ainda a tempo de participar num total de 22 jogos e marcar oito golos. «Entrei e nunca mais saí», lembra. E depois foi o que se viu, mais quatro épocas de leão ao peito para um total de 168 jogos, 60 golos, mas apenas uma Taça de Portugal conquistada.

«Pois, mas agora é diferente. E vejam, já no ano passado o Sporting ganhou e às vezes isso torna as coisas mais difíceis para recomeçar com o mesmo nível. Mas este Sporting, pelo contrário, joga ainda melhor e é muito forte. O ambiente que se vive é espetacular! Entre os jogadores, Rúben Amorim e equipa técnica há magia. Só espero que assim continue até ao fim», deseja, como não esperava que naquela época dos anos 90 as coisas se desmoronassem: «Cheguei à equipa já com a época em andamento, houve erros que levaram a maus resultados, sobretudo muitos jogadores novos como eu, o Iordanov, o Careca… Hoje a equipa tem outro estofo e base vencedora.»

Balakov com a Taça de Portugal conquistada em 1994/1995 (MIGUEL NUNES)

SUCESSO TAMBÉM NA CHAMPIONS

O Sporting arrancou então a Liga 2024/2025 com oito vitórias em oito jogos, 27 golos marcados e apenas dois sofridos, saldo positivo de 25. Já ultrapassou os arranques de 1947/1948 e 1950/1951, temporadas em que tinha o pleno de triunfos à 7.ª jornada — na primeira destas épocas seria derrotado na ronda 8, 2-3 nas Salésias com o Belenenses (mas no fim das contas, Sporting treinado por Cândido de Oliveira bicampeão, com os mesmo 41 pontos do Benfica); na segunda, empate 0-0 com o Oriental no Engenheiro Carlos Salema, mas no fim das contas o treinador Randolph Galloway conduziu os verdes e brancos ao título.

Em 1990/1991, com o triunfo a valer ainda apenas dois pontos, o Sporting tinha 16, 23 golos marcados e 4 sofridos. Viria a perder pontos, pela primeira vez nessa temporada em Chaves (2-2).

A equipa de 1990/1991, com Balakov, o 3.º em baixo (A BOLA)

«Agora há tranquilidade, sustentado com sucessos», aponta. E Balakov? Há algum Balakov? Quem é o Balakov desta equipa? «Não sei… Não há, todos somos diferentes e as equipas hoje já não têm um jogador assim com as características da altura. Agora, esta equipa é como se fosse um só jogador, até o Gyokeres precisa dos outros», garante o antigo médio, hoje com 58 anos. «Para mim, é Rúben Amorim e a sua equipa técnica que fazem com que os jogadores entrem em campo a saber bem o que fazer. Se há equipa que explana em campo exatamente o que é a ideia do seu treinador, essa é esta do Sporting», diz e até coloca os leões em campo, em todo o campo, na Champions: «Na Liga dos Campeões podem fazer tudo! Se jogarem à sua maneira, podem ganhar a qualquer equipa, depende da recuperação entre jogos e também da sorte, mas podem ganhar a qualquer uma.»

E Krasimir Balakov espera ver isso no dia 26 de novembro, quando estiver no Estádio José Alvalade a ver o jogo com o Arsenal: «E espero ver o bicampeonato também. Eu acredito!»