ENTREVISTA A BOLA Balakov acha que tinha lugar neste Sporting de Amorim?

NACIONAL20.04.202408:30

Antigo craque nem hesitaria por um segundo em assumir leões; o que ele também diz de Gyokeres

Krassimir Balakov, um dos melhores estrangeiros que passaram por Portugal, esteve em Portugal durante três dias a convite de A BOLA. Visitou as novas instalações do nosso jornal, passou pelo Jamor onde conquistou um troféu com o Sporting e, claro, esteve no José Alvalade, recebido por Frederico Varandas. Prometeu voltar para ver o Sporting campeão, mas, entretanto, deu uma longa entrevista, que agora pode ler em A BOLA.

- Estamos no Estádio José Alvalade e a sua carreira como jogador terminou há sensivelmente 20 anos. Há alguma melancolia ou saudade quando vê um relvado imponente como este? Dá-lhe vontade de saltar lá para dentro com uma bola?

- Claro que há 20 ou 30 anos, quando eu jogava no Sporting, o relvado não estava assim tão bem tratado, mas estou bem resolvido. Agora sou treinador, não sou mais jogador.

- Era capaz de pagar alguma verba para recuar 20 anos para jogar de novo com a camisola do Sporting?

- Sempre, sempre, sempre. O antigo estádio, pois neste não joguei, foi o estádio mais aberto em que joguei. Tenho grandes memórias desse tempo. As condições que tínhamos em 1991, 1992 ou 1993, por exemplo, não eram tão boas com esta, mas sempre tivemos muita alergia a jogar futebol.

- Balakov de 1994 e 1995 tinha lugar no Sporting 2023/2024?

- Têm de perguntar ao Rúben [risos].

- E quem sairia para entrar Balakov?

- Voltem a perguntar ao Rúben [mais risos]. Gostava de jogar, mas se seria titular ou não, não sei…

- Esta equipa do Sporting e a equipa de 1995 estão ao mesmo nível?

- É difícil dizer. Não se pode ter duas coisas separados no tempo por 30 anos e querer compará-las. São coisas distintas. Cada equipa tem coisas positivas e as coisas que a outra equipa não tem. Ambas têm muito bons jogadores. Mas, claro, equipa que ganha o campeonato é sempre a melhor,

- Que análise faz a Ruben Amorim e aos quatro anos dele no Sporting?

- O sucesso que o Sporting tem deve-se muito a ele. Aos jogadores, claro que sim, mas ele tem sido a coisa que une os jogadores, uma espécie de… como dizer?...

-… Cola?

- Isso: cola. O Rúben trabalha bem no Sporting e não é há um ou dois anos. É há quatro. E pode continuar a trabalhar muito bem neste clube.

- E que acha de Gyokeres, que tem marcado tantos golos?

- Muito bom, muito bom. Muita força, muitos golos e ajuda muito a defender. No meu tempo no Sporting, os pontas de lança eram o Cadete, o Juskowiak e, de início, o senhor Gomes, que foi um grande jogador e que tinha uma personalidade fantástica.

-Saudades de Lisboa?

- Sim. Comprei apartamento e queria ficar aqui, mas a vida é assim. Nunca sabemos o que vai acontecer. Se Portugal estivesse mais perto da Bulgária, viveria 50 por cento em Portugal e 50 por cento na Bulgária. Portugal deu-me muito e a minha carreira internacional começou aqui. Portugal tem sol, boa comida, amigos e vida boa. Gosto muito de Portugal e vou gostar sempre.

- Continua a ser sócio do Sporting?

- Sim, há mais de 30 anos e com as quotas em dia. E o meu filho, Krassimir Balakov Júnior, é sócio do Sporting desde que nasceu. É a história que me une ao Sporting. Quando saí do Sporting, decidi que tinha de deixar alguma coisa aqui, porque o Sporting me deu muito. Por isso fiz o meu filho sócio em 1995. E vamos continuar assim.

- Marcou imensos golos pelo Sporting e ofereceu imensos golos no Sporting.

- Quando o Cadete foi o melhor marcador da liga, quem jogava no meio-campo era eu, Xavier e Figo. Oferecemos-lhe muitos golos. Jogámos um futebol muito bom, Cadete venceu a vossa Bola de Prata [1992/1993, com 18 golos] para o melhor marcador da prova e não conseguimos ganhar o campeonato. Que pena, não é?

- Imaginemos o seguinte: Rúben Amorim vai para o Liverpool e Frederico Varandas, presidente do Sporting, liga ao Bala e diz: «Balakov, preciso de ti». Pensava durante muito tempo ou vinha logo?

- Para o Sporting, não precisava de pensar nem um segundo. O Sporting é um clube muito interessante e acontece muita coisa que ninguém espera, mas temos um treinador fantástico. Ele pode ser treinador não só no Liverpool, mas também no Real Madrid, no Bayern de Munique, no PSG. Com certeza. E não serei surpreendido se, um dia, ele sair do Sporting.

- Se o Sporting for campeão nacional, vamos encontrá-lo em Lisboa, no Marquês de Pombal, a festejar com os adeptos?

- De certeza que estarei presente no último jogo em Alvalade ou na final da Taça de Portugal.