As razões para Amorim tirar Esgaio e Nuno Santos em todos os jogos
Nuno Santos e Rúben Amorim. Rui Raimundo/ASF

SPORTING As razões para Amorim tirar Esgaio e Nuno Santos em todos os jogos

NACIONAL28.09.202319:09

Consolidação defensiva passa pela gestão dos alas. Nenhum terminou um jogo. A BOLA revela a estratégia do técnico e o que pretende com as substituições constantes de Esgaio e Nuno Santos

Rúben Amorim deu-se a conhecer no Sporting pelas suas ideias e identidade bem vincada na equipa. Um treinador minucioso, inventivo, com um sistema bem consolidado (3x4x3) que vai surpreendendo os adversários pela dinâmica (não só coletiva mas em grande parte individual) de cada um dos seus jogadores. Porém, ao contrário de épocas anteriores, a prioridade na construção do novo plantel esteve ligada a uma consistência defensiva que faltou sobretudo na última temporada. Os resultados, esses, apesar o balanço prematuro, são claramente positivos. 

Essa solidez do setor mais recuado tem sido uma das imagens de marca deste renovado Sporting. Os leões, com apenas quatro golos sofridos, são por esta altura uma das melhores defesas da competição. Com um trio intocável – Diomande, Coates e Gonçalo Inácio – que se tem complementado na perfeição, salta à vista a verdadeira dança dos laterais neste arranque de temporada. Nota importante: nenhum dos alas cumpriu esta época um jogo de 90 minutos. As alterações repetem-se de jogo para jogo. Quase sempre entre os 65’ e os 75’ minutos. Uma verdadeira dança de laterais que obedece a uma lógica, uma estratégia que A BOLA dá agora a conhecer. Até porque o timing dessas substituições (na direita e na esquerda) ocorrem sempre em simultâneo. Com os mesmos protagonistas. 

Ricardo Esgaio tem sido opção inicial para o corredor direito

Ricardo Esgaio/Nuno Santos

Não restam dúvidas. Ricardo Esgaio, no corredor direito, e Nuno Santos, no esquerdo, são o plano principal de Rúben Amorim para as alas. Uma dupla que joga sempre no mesmo onze. Com o primeiro, mais experiente, com maior vocação defensiva, o segundo mais audaz, criativo, veloz e imprevisível, capaz de desequilibrar nas manobras ofensivas. São estas as caraterísticas que os colocam em primeiro plano. Até porque, apesar do Sporting ter uma construção ofensiva a três, do seu tridente defensivo de centrais (Diomande, Coates e Gonçalo Inácio), defende sempre com uma linha de quatro. E nessa missão é Ricardo Esgaio quem recua, transformando-se, assim, num lateral clássico, preocupado em fechar espaços e anular adversários que possam surgir no seu flanco. Já Nuno Santos, com funções diferentes, tem a liberdade para poder subir e apoiar a linha ofensiva. 

Matheus Reis é alternativa a Nuno Santos para dar maior consistência defensiva

Geny Catamo/Matheus Reis

Se Esgaio e Nuno Santos surgem na primeira linha de opções (foram titulares em cinco das primeiras seis rondas da Liga), as alternativas estão bem identificadas: Geny Catamo e Matheus Reis. O primeiro a entrar para o lugar de Esgaio, o segundo para o corredor esquerdo na vaga de Nuno Santos. Para se ter uma ideia: nos seis jogos da Liga esta temporada, estas alterações Esgaio/ Nuno Santos por Geny Catamo/Matheus Reis já aconteceram em cinco ocasiões. Sempre em simultâneo.

Geny Catamo tem sido uma das surpresas nas alas neste arranque de época

Equilíbrio ofensivo/defensivo

Afinal o que pretende o técnico com estas alterações? Tudo se resume ao equilíbrio defensivo/ofensivo. Com pares que não se tocam. Por exemplo: Nuno Santos não pode ser opção no mesmo onze com Geny Catamo (dada a apetência ofensiva de ambos), assim como Ricardo Esgaio e Matheus Reis também não coabitam na mesma equipa (pela vocação mais defensiva de ambos). A ideia do técnico passa, então, por ter um dos alas que possa recuar para fazer uma linha defensiva de quatro quando a equipa defende. E que, no caso, está reservada a Ricardo Esgaio (direita) e Matheus Reis (esquerda). E nesta equação, convém lembrar, também entra Fresneda, reforço espanhol, que entrará nesta dança, ao que tudo indica, tendo como concorrente Geny Catamo.

Exceções no risco

Nesta ideia bem vincada (e trabalhada) existem, claro está, algumas exceções. Que, por norma, surge em hora de maior aperto e risco. Quando a equipa precisa de uma maior dose de risco para chegar ao golo. Como aconteceram (apenas) em dois jogos na presente época. Em Braga, no único deslize até ao momento (1-1), no qual os alas que terminaram a partida foram Fresneda e Geny Catamo (dupla mais ofensiva), assim como na Áustria, diante do Sturm Graz, numa partida em que o leão deu a volta ao resultado nos últimos minutos com Fresneda e Nuno Santos nos corredores (tal como em Braga ambos vindos do banco). Uma fórmula mais arrojada, de maior risco, que surgirá quase sempre como plano de… emergência. 

Para já, e estando o Sporting e respirar confiança, a estratégia não se irá alterar. Esgaio e Nuno Santos, sempre juntos, Geny Catamo e Matheus Reis a serem opção, também juntos, para a etapa final dos jogos. Sempre com Iván Fresneda à espreita. Uma verdadeira dança de laterais com pares que não se trocam.