Artur Jorge: «Não podemos falar de espiral negativa»
Artur Jorge

Artur Jorge: «Não podemos falar de espiral negativa»

NACIONAL25.02.202413:33

Treinador do SC Braga voltou a lamentar a eliminação no playoff da Liga Europa; ainda apontou o caminho para os 12 jogos que restam no campeonato; problemas defensivos têm sido um problema durante toda a temporada.

Está de regresso ao campeonato, que reação pretende e que adversário espera?

- Queremos dar continuidade às duas vitórias que temos em termos de jogo. Temos pela frente um adversário muito forte que jogando em casa para nós é sempre complicado. Tem uma boa capacidade em casa e sabemos que vamos ter dificuldades, mas que as queremos superar. É esse o estado de espírito de toda a equipa.

Como sente o grupo neste regresso, após uma viagem longa e uma eliminação das provas europeias, em que deixou algumas palavras mais duras pelos golos sofridos? Também como se encontra em termos físicos?

- A deslocação tem impacto naquilo que é a condição física para maior disponibilidade de treino. A avaliação tem a ver com a honestidade e a forma justa com que trabalhamos aqui dentro. O que demonstrei foi o sentimento de toda a equipa, não em relação ao jogo, mas a toda a eliminatória. Conseguimos entrar e acabámos por ter a eliminatória na mão em certo momento e acabámos perder essa hipótese. Queríamos continuar, mas agora temos de nos focar no campeonato, nos jogos que restam, tal como tinha dito.

Em que condição está o Bruma para esta partida? E também o Ricardo Horta?

- Sabíamos que era um risco, pois o Bruma tinha algum défice físico para fazer os minutos que acabou por fazer no último jogo, fez mais minutos do que aquilo que era recomendável. Relativamente ao Ricardo, estou confiante, já houve momentos em que esteve melhor, mas só à hora do jogo saberemos.

Faltam doze jogos, o que vai exigir aos jogadores? E como tem trabalhado para sair desta aparente espiral mais negativa?

- Aparentemente! Pois é um exercício fácil de fazer com o desempenho da equipa dividindo por blocos. Chegamos à Taça da Liga com a vitória em Famalicão e depois conquistamos o título. Desses oitos jogos, ganhámos cinco, empatámos um e perdemos dois. Um bloco que não é mau, não podemos falar de espiral negativa. São resultados que não têm correspondido e estamos a evidenciar alguma expectativas que têm condicionado muito a equipa. Temos visto alguma crítica e pouca falta de reconhecimento. Temos de mudar para as coisas serem olhadas de maneira diferente. O que vou exigir é ambição, dedicação e trabalho. Há muito campeonato que vai exigir muito de nós. Cimentar este 4.º lugar e ter a ambição de podermos chegar aos lugares mais acima. É com essa ambição que vamos encarar o que resta da temporada.

Que problemas lhe pode causar este Boavista?

- Vem de uma derrota em Chaves e tem o seu jogo assente em quatro defesas que até pode alterar para jogar connosco, face a algumas das suas ausências. Tem um espírito muito competitivo, com jogadores de qualidade, com dois médios de trabalho intenso, ainda extremos que podem jogar nos dois lados. Temos de contrariar as dinâmicas do adversário e colocar a nossa qualidade em campo para sairmos com a vitória.

Coloca esta eliminação entre as mais surreais da história do clube? Como é que o grupo tem entendido esse discurso dos erros individuais?

- Aquilo que faço convosco, não faço nunca sem o fazer com os meus jogadores. Sei que eles têm a capacidade para fazerem esse reconhecimento. Sabemos todos que temos tido alguns erros individuais, esta época. Temos o maior número de jogos de uma equipa portuguesa, mas esses erros têm tido consequência em alguns resultados. Também o faço internamente e até sou mais duro, por vezes. Os jogadores têm perfeita noção disso, não é nenhum tabu, pois falamos sempre. O desafio destes 12 jogos é o de ir melhorando. Em cada um deles temos de ir melhorando. Cada um de nós, o treinador e os jogadores têm de o fazer. Eliminação surreal? Podíamos ter passado, face ao que era a qualidade do adversário.

O sistema híbrido que tem utilizado, com o Abel Ruiz entre a esquerda e o centro não tem produzido os resultados esperados?

- Não tem sido um sistema híbrido. Jogamos declaradamente em 4x4x2, estruturalmente com o Abel ao lado do Banza, com o médio, neste caso o Pizzi, a jogar declaradamente na esquerda.

Continuam os problemas defensivos, com o SC Braga a ser das equipas com mais golos sofridos. Como analisa este facto?

- Temos sofrido muitos golos para aquilo que pretendemos. Os erros individuais de que já falamos, mas também em termos coletivos, em que eu enquanto treinador também os cometo. Também há mérito dos adversários. São uma série de fatores que têm levado a isso. Já desde o início, mas íamos ganhando por 4-3, 4-2. Mas, é um facto que tem influência principalmente nos jogadores que jogam atrás, pois já mudamos várias vezes a dupla de centrais e temos falado sobre isso, mas a verdade é que a sofrer tanto fica muito mais complicado para nós.