Artur Jorge: «Fui abordado pelo Spartak e outros clubes e neguei sempre»
O treinador Artur Jorge dirige instruções à equipa do SC Braga em jogo pela Liga de futebol. Foto: Imago.
Foto: IMAGO

Artur Jorge: «Fui abordado pelo Spartak e outros clubes e neguei sempre»

NACIONAL15.03.202418:38

Treinador do SC Braga confirmou notícia de A BOLA sobre interesse dos russos; técnico admitiu que não apreciou certos momentos e gestos vindos da bancada; reforça que está comprometido com o projeto dos bracarenses; arsenalistas recebem o Gil Vicente este sábado na 26.ª jornada da Liga.

Na 1.ª volta empatou em Barcelos, num jogo de superação. Que género de partida espera com o Gil Vicente?

- Foi um jogo que nos marcou de uma forma especial, pelo contexto em que tivemos de ir em busca do resultado e pelo que trouxemos desse jogo de Barcelos. Ambição de uma equipa que tem, e isso viu-se esta semana, uma energia muito positiva. Somar três pontos que nos fugiram na 1.ª volta, pois o Gil roubou-nos esses pontos e temos de os recuperar. Um adversário difícil, mas que com ambição e a atitude certa, podemos ter sucesso na nossa missão que passa por vencer o jogo.

Esta semana esteve associado a um interesse do Spartak Moscovo. É um projeto que lhe agrada ou que projeto vê com bons olhos, caso saia do SC Braga?

- O projeto que me agrada é no qual estou inserido que é o projeto do SC Braga e é o que eu quero.

Na última antevisão falou em ambição de ganhar aqui ou noutro lado. Isso é na perspectiva de uma saída para breve?

- A minha ambição é continuar a ganhar aqui, no SC Braga e referi isso pelos resultados que já obtive que já deu um título, mas também porque quero continuar a ganhar na eventualidade de sair daqui. Cada dia que passa estou mais perto da saída, pois o meu contrato termina em junho de 2025. Fui abordado há uns tempos pelo Spartak, mas também por outros clubes e neguei sempre, pois estou comprometido com o SC Braga e com este projeto, pois renovei há pouco tempo, acredito e também acreditam no meu trabalho. As notícias que surgem são tentativas de acertar aqui ou ali. Sou treinador do SC Braga e cá estarei até que não me queiram, pois o projeto é este e a renovação reforça isso. Em ocasiões anteriores recusei por estar comprometido com este clube e com este projeto.

Ricardo Horta está apto para este jogo? Como analisa o facto de poder sair no final desta temporada?

- Ricardo continua a ser baixa. Tenho contrato até 2025. Faz parte do vosso trabalho e ando nisto há muito tempo, em qualquer momento ou abertura se aproveita para extravasar as aberturas que o contexto cria. Estou cá eu, estiveram outros e vêm outros a seguir a mim. O meu foco é o Gil Vicente e vencer o jogo. Dar continuidade ao trabalho e só assim terei gente interessada em mim. A ganhar títulos, como já fiz, e a obter bons registos, num projeto no qual estou totalmente integrado.

Tem apostado mais em Vítor Carvalho no meio-campo, mas há alguma possibilidade de mudar? Não há nada que o tirasse do SC Braga? Que sonhos tem por concretizar?

- Há muitos sonhos por concretizar, tenho muita ambição. Nesta altura é prematuro, pois entramos nos campos das hipóteses. Podiam ser projetos interessantes, mas que vêm no timing errado. O que me move aqui dentro é muito mais que dinheiro, pois é um projeto de vida. Não tenho intenção de o deixar cair, só porque sim. Quanto às mudanças para o jogo, já fomos variando, alternando entre o 4x4x2 ou o 4x3x3, deixamos sempre em aberto, muito em função do momento dos jogadores, daquilo que o jogo precisa e também olhando para o adversário. O Gil joga com três médios e nós temos várias variações. Temos de encontrar a melhor equipa para vencer o jogo que é o grande e único objetivo.

Renovou há pouco e isso é um voto de confiança. Mas, sente alguma desconfiança por parte do clube e dos adeptos? Alguns sinais de divórcio?

- Posso aceitar alguma desconfiança de quem está completamente fora daquilo que é este projeto. Percebo que haja uma grande exigência e nunca é maior daquela que eu tenho para mim mesmo. Nunca vou agradar a todos, mas tenho de me agradar a mim. Dentro do projeto, no ano passado ficamos no 3.º lugar e superamos todos os registos históricos do SC Braga. 78 pontos é um número muito difícil de bater. Em função dessa classificação, o objetivo era a entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões, objetivo conseguido com quatro vitórias. No grupo fizemos poucos pontos, quatro, com adversários de enorme grandeza, exibições boas em termos de desempenho, como vocês concordaram. Depois vencemos um título, a Taça da Liga, ao ultrapassar o Sporting, líder e considerada unanimemente a melhor equipa em Portugal e depois fomos como favoritos para a final e demonstramos isso ao bater o Estoril. Podíamos ter sido melhores em certos momentos? Sim, mas isso é o futebol que não é linear, há momentos de quebra que fazem parte. Da minha parte e da minha equipa técnica vamos sempre dar tudo, como fizemos até aqui.

Pelas suas palavras nota-se alguma frustração pela falta de reconhecimento. Carlos Carvalhal referiu que o SC Braga era má mãe e boa madrasta. Concorda?

- Não estou frustrado, isto são factos, não estou aqui a inventar, nem a puxar de glórias. Partilho dessa ideia. É de facto isto que acabamos por sentir. Pois somos daqui, sou tão braguistas como o Carlos Carvalhal e sei da exigência que temos. Ganhamos todos e perdemos só nós. Quando perdemos com a camisola que vestimos tem um impacto maior, somos mais cobrados no momento da falha. Não concordo e não tem de ser assim, mas cá estamos para seguir em frente. É importante autoconfiança e algum egocentrismo de que ninguém nos toca, nem pode tocar. Há projeto, há confiança de renovar e há confiança de outros grandes clubes de poderem contar comigo no futuro.

Sente alguma mágoa?

- Não é uma questão de mágoa. Faz-me confusão que se possa ganhar um título e três dias depois ver lenços brancos em casa. Se há mágoa é essa que posso expor aqui.