«Árbitro ‘reforçou’ versão B do Inter, mas faltou classe», a crónica do Benfica-Inter
João Mário assinou exibição de sonho, mas não chegou para a vitória (Foto: Maciej Rogowski/IMAGO)
Foto: IMAGO

«Árbitro ‘reforçou’ versão B do Inter, mas faltou classe», a crónica do Benfica-Inter

NACIONAL30.11.202300:24

Primeira parte avassaladora do Benfica; intervalo ‘anestesiou’ encarnados; árbitro letão e Inter, todos vestidos de ‘nerazzurro’...

Contas feitas, o Benfica tem de marcar pelo menos dois golos na Áustria para seguir para a Liga Europa. Uma tarefa que, sem ser impossível, é pelo menos improvável, o que significa que os encarnados podem estar muito perto de dizer adeus à Europa em 2023/24. A noite de ontem teve duas improbabilidades: a primeira, foi o nulo do Salzburgo em San Sebastián; a segunda, o Benfica, depois de aos 34 minutos estar a esmagar o Inter por 3-0, ter-se deixado igualar e terminar a partida em sérias dificuldades. 

No jogo da Luz houve de tudo: calculismo do Inter, que veio a Portugal entre partidas com a Juventus e o Nápoles, e por isso optou por fazer descansar muitos dos seus titulares; brilhantismo do Benfica, que teve um início de partida empolgante e pareceu ir a caminho não só da primeira vitória sobre os nerazzurri, mas também de um resultado histórico; um início de segundo tempo dos encarnados timorato, que quebrou a dinâmica da equipa e deu alento aos italianos; e, finalmente, uma arbitragem de baixa extração, que não quis ver uma falta sobre João Neves no lance que antecedeu o penálti que Alexis Sánchez transformou no 3-3, e voltou a avaliar mal o lance que redundou na expulsão de António Silva

Entre méritos e culpas próprias, uma personalidade forte do adversário, e um árbitro e respetivos auxiliares que equiparam (literalmente) com as mesmas cores do Inter, o Benfica saiu da Luz com um sabor amargo na boca, porque esta fase qualificação na Champions, que começou mal, com quatro derrotas, prosseguiu com um empate que soube a nova desfeita, aproximando-se um fim de prognóstico reservado na Áustria. 

João Mário

Ainda estava o Inter a pensar no voo da águia Vitória e já o Benfica, que repetiu a mesma fórmula usada contra o Famalicão, chegava à vantagem, por João Mário, que viria a bisar e a trisar contra a sua antiga equipa, coroando com golos uma tremenda superioridade futebolística dos encarnados. Para quem não tem memória curta, esta exibição encarnada teve muitas semelhanças com a receção à Juventus, na época passada, onde o Benfica chegou aos 4-1 e acabou a olhar para o relógio, com o jogo a acabar em 4-3. Porquê? Essencialmente porque deram por acabado o que ainda ia apenas a meio, erro de principiante que ontem pode ter custado a Liga Europa aos encarnados. Culpas de Roger Schmidt?_Algumas, especialmente por ter voltado a ser tardio nas mudanças. Mas deverão ser os jogadores a arcar com as principais responsabilidades, porque levantar a guarda contra o Inter é o mesmo que estar a pedir sarilhos.

Schmidt, enquanto prepara a entrada definitiva de Kokçu na equipa para o lugar de Florentino, encontrou em Tengstedt um clone de Gonçalo Ramos, e o dinamarquês foi importante, até a fechar na direita, onde em termos defensivos Di María faz o que pode e a mais não é obrigado. E desta vez, perante um Inter que na primeira parte foi pouco pressionante, João Mário regressou a posições onde a sua letalidade goleadora pode ser aproveitada, aparecendo à hora certa no sítio certo. A estes bons sinais juntou-se, na primeira parte, a dinâmica de João Neves, que fez o Benfica ganhar a batalha de meio-campo. 

Mas a realidade do segundo tempo mostrou que as fundações do Benfica ainda não são suficientemente sólidas e, por mais que o árbitro tenha prejudicado os encarnados, não é menos verdade que a equipa da Luz não esteve à altura do momento. Pagou por isso. Mais do que devia...