Na Premier League as bolas de jogo são repostas com recurso a cones, e não pelos jovens espalhados em redor do campo
A vitória do FC Porto sobre o SC Braga teve um herói bastante improvável: Gonçalo Cruz, o apanha-bolas de 14 anos que deu início à jogada do golo decisivo, ao permitir que Martim Fernandes executasse rapidamente um lançamento lateral e servisse a combinação feliz entre Nico González e Pepê.
Envolvido logo nas comemorações do golo, Gonçalo Cruz, que joga nos escalões de formação azuis e brancos, teve direito ainda a levar para casa o prémio de Homem do Jogo, cedido gentilmente por Nico González.
Gonçalo Cruz viu Nico González oferecer-lhe distinção MVP no FC Porto-SC Braga e não escondeu emoções: «Inesquecível. O Samu veio a correr para mim, fiquei maluco»
Um gesto de agradecimento pela eficácia do jovem, que revelou leitura de jogo no desempenho de uma tarefa que há muito é devidamente preparada pelos clubes. O futebol português guarda outros exemplos desta utilidade, mas até na Liga dos Campeões já vimos José Mourinho a agradecer ao apanha-bolas que deu início a uma jogada de golo do Tottenham – então treinado pelo português – ao Olympiakos, em plena Liga dos Campeões 2019/20.
Mas o futebol inglês decidiu, entretanto, tomar medidas para combater esta influência. No passado mês de março a Premier League introduziu uma alteração às regras para proibir que os apanha-bolas entreguem a bola diretamente aos jogadores. A ideia é impedir que as equipas visitadas tirem proveito destes jovens espalhados em redor do terreno de jogo - muitas vezes instruídos para ajustar o comportamento ao resultado – e evitar incidentes que iam surgindo com alguma frequência. Quem não se lembra de Eden Hazard, então jogador do Chelsea, a pontapear um apanha-bolas do Swansea para tirar-lhe a bola, em 2013?
As regras da Liga inglesa determinam agora que devem estar 14 bolas em redor do terreno de jogo, mas colocadas em cones, devidamente posicionados na relva: cinco em cada lateral e duas em cada linha de fundo. Quando é preciso substituir a bola de jogo, os jogadores devem recorrer ao cone mais próximo. A tarefa dos apanha-bolas é entrar em ação sempre que algum cone fica sem bola. Estão proibidos de servir diretamente os atletas, e por isso motivo nem devem estar posicionados junto dos cones, mas sim atrás dos placards publicitários, sempre que possível.