Antevisão: Inter-Benfica, o 'remake' de uma  história que se quer alternativa
Acerbi e João Mário no Inter-Benfica da época passada (Imago/Sports Press Photo)

Antevisão: Inter-Benfica, o 'remake' de uma história que se quer alternativa

NACIONAL03.10.202308:00

Tudo a postos para o jogo da 2.ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões; há contas a ajustar e pouca margem de erro para as águias...

O Benfica defronta esta terça-feira o Inter, pela quarta vez, no Giuseppe Meazza, um estádio onde as águias nunca venceram, fosse na condição de adversário dos nerazzurri como do Milan, o outro ilustre inquilino desta catedral do futebol mundial. 

Foram três as partidas realizadas entre as duas equipas em San Siro, a zona que se confunde com o nome oficial do estádio (também como forma de diferenciar o Inter dos rossoneri, tanto que durante anos associou-se San Siro à casa do Milan e Meazza ao rival). 

Nas duas primeiras ocasiões contam-se duas derrotas, uma delas de parâmetros normais (3-4, quarta eliminatória da Taça UEFA), a outra mais dramática, por ter sido a final da Taça dos Campeões Europeus, em 1965 (0-1, golo de Jair da Costa). A partida mais recente foi a segunda mão dos quartos de final da Liga dos Campeões da época passada, tendo-se registado um empate a três bolas, insuficiente para os lisboetas, que vinham de uma derrota por 0-2 na Luz.

Desta vez não é um mata-mata, mas uma derrota do Benfica pode adquirir contornos de eliminação caso o Salzburgo vença a Real Sociedad. A derrota diante dos austríacos em casa, por 0-2, na primeira jornada, obriga a equipa de Roger Schmidt a pelo menos pontuar para impedir a abertura de um eventual fosso. Nada se decide à segunda ronda, mas contra o Benfica joga um facto com peso: nunca os encarnados passaram a fase de grupos depois de perder na primeira jornada. 

O INTER
Lidera a Serie A, com 18 pontos, os mesmos que o rival Milan, apresentado o melhor ataque (19 golos) e a melhor defesa (três golos) da prova. Perdeu Dzeko e Lukaku, mas contratou Marcus Thuram a custo zero e o avançado francês, filho do campeão do Mundo em 1998, tem desenvolvido uma excelente dinâmica com Lautaro Martínez, que leva 10 golos em oito jogos, o que faz dele um dos aríetes do momento no plano internacional. 

Com um estilo de jogo consolidado (3x5x2 ou 5x3x2), os primeiros jogos de 2023/2024 têm posto à evidência a riqueza do plantel e as várias soluções que Simone Inzaghi pode usar. A rotatividade, inclusive na linha de três centrais, tem sido maior relativamente à época passada, há casos como o de Darmian, por exemplo, que tanto pode jogar como lateral-direito, lateral-esquerdo, defesa direito e defesa esquerdo. Cada equipa tem o seu Aursnes.

Onze provável: Sommer; Pavard, Acerbi e Bastoni; Dumfries, Barella, Çalhanoglou, Mkhitaryan e Dimarco; Lautaro e Marcus Thuram
Lesionados: Arnautovic, Fratesi
Condicionado: Cuadrado

A figura: LAUTARO MARTÍNEZ

É em Milão que desenvolve o futebol em toda a sua plenitude, o que nem sempre acontece na seleção argentina. Aos 26 anos está a atingir o ponto de maturação, que se revela no maior conhecimento de jogo e numa frieza cortante na hora de finalizar. Noutras palavras: um craque, portanto.

O que diz o treinador, Simone Inzaghi: «Vai ser jogo muito complicado, o Benfica é uma equipa que joga com muita intensidade, ganhou a Supertaça e, como nós, só tem vitórias e uma derrota no campeonato. É uma equipa que tem o mesmo treinador e os mesmos princípios. Perdeu o primeiro jogo com o Salzburgo, mas jogou com menos um desde os 10 minutos e, mesmo assim, criou muitas oportunidades para marcar» 

O BENFICA
Tem os mesmos pontos (18) no campeonato português que o Inter na Serie A em sete jogos, mas é segundo classificado, atrás do Sporting. Vem moralizado da vitória no clássico frente ao FC Porto no Estádio da Luz, mas está quase proibido de perder para não terminar a segunda jornada do Grupo D da Champions com zero pontos. Não se espera uma águia demasiado conservadora frente a uma equipa que empatou em San Sebastián diante da Real Sociedad, mas também não demasiado ostentiva, porque, tal como recordou Roger Schmidt, um empate no Giuseppe Meazza não seria um mau resultado. 

Além da entrada de Morato no onze para o lugar do castigado António Silva, expulso na derrota diante do Salzburgo, na Luz, é provável que haja mais mexidas. Jurásek pode entrar para lateral-esquerdo, o que poderá provocar a subida de Aursnes no corredor, deixando assim David Neres de fora, mas também João Mário. Outra solução passa pela continuidade do norueguês na lateral e o português no onze. Improvável parece ser a repetição do tridente Di María-Rafa-Neres. 

Também no lugar de ponta de lança poderá haver novidades: Arthur Cabral começa a ganhar pontos na corrida com Musa e Tengstedt e o facto de conhecer o calcio pode ser decisivo para a entrada no onze do avançado contratado à Fiorentina por €20 milhões.

Onze provável: Trubin; Bah, Otamendi, Morato, Jurásek; João Neves, Kokçu; Di María, Rafa, Aursnes; Arthur Cabral
Lesionados: André Gomes
Castigado: António Silva

A figura: DI MARÍA

A forma como os jornalistas italianos se referem ao argentino é um exemplo do respeito que o campeão do mundo gera em quem tem de pensar sobre futebol. A viver o melhor arranque de época da carreira no que diz respeito a golos (seis golos em oito jogos), o camisola 11 volta a um país onde a passagem pela Juventus não lhe correu bem. Mais um estímulo para chegar ao Giuseppe Meazza e espalhar encanto com o seu pé esquerdo.

O que diz o treinador, Roger Schmidt: «Não temos medo de ninguém. Respeitamos, sim, os adversários, mas não temos medo. O Inter consegue fazer um jogo completo, jogam de forma defensiva ou ofensiva, têm armas diferentes que podem sair do banco e temos de estar preparados para tudo. Temos de influenciar a história do jogo, entrar com a mentalidade certa e a abordagem tática correta. E tentar sempre jogar um futebol ofensivo.»