Amorim: «Os jogadores estão ansiosos e com medo em campo»
Treinador do Manchester United fala do momento difícil, diz que se nota na sua cara mas mantém que quer ser «um pai» para os seus jogadores
Ruben Amorim admitiu que os jogadores do Manchester United estão «ansiosos e receosos» em campo, afirmação arriscada, tem consciência, mesmo antes de defrontar o Liverpool este domingo.
O United vai a Anfield mergulhado numa série de quatro derrotas consecutivas na Premier League, tendo caído para o 14º lugar da tabela, e Amorim disse que o clube terá de lidar agora com o fantasma da despromoção. «Sei que é um problema aqui dizer esse tipo de coisas, mas no momento em que estamos todos têm de perceber, temos de nos focar na realidade. Estamos no Manchester United e não é suposto falar nisto, mas é importante ser muito claro com os adeptos e os jogadores. Tudo pode acontecer e estamos a tentar melhorar para que em breve isso não seja uma questão», avaliou.
Amorim confirmou que os jogadores estão um pouco «em choque»: «Sim, os jogadores estão ansiosos, por vezes com medo em campo. Temos de lidar com isso. Precisamos que os líderes dêem um passo em frente para ajudar os outros e eu sou a pessoa mais responsável para tentar melhorar o desempenho. Dá para ver que os jogadores estão a tentar, apesar de estarmos a passar um momento difícil», referiu.
Como consequência, o treinador também está a passar momentos difíceis. «Podem ver na minha cara (risos), podem comparar como estava quando cheguei e a forma como estou agora. Claro que há muita pressão. Para mim, é o orgulho e também o desempenho. É mais difícil quando não temos um bom desempenho. Quando cheguei, expliquei tudo antes, mesmo quando vocês estavam a falar depois do jogo com o Everton sobre os quatro primeiros, expliquei que estava à espera disto, mas é difícil lidar com todos os problemas, as más prestações e as derrotas. A única coisa que me pode ajudar é treinar com os jogadores. Além disso, agora tenho a minha família aqui, por isso é muito diferente e isso pode ajudar-me muito.»
O mais difícil são as derrotas e não estou habituado a isso, não se chega ao Manchester United por ter perdido muitos jogos. Não sou muito paciente, fico frustrado facilmente e isso também custa, porque tenho que viver comigo mesmo. Consigo proteger-me das opiniões dos outros, mas é mais difícil com a pressão que coloco em mim mesmo, porque estamos a perder jogos a mais
Quero ser como um pai para os meus jogadores, porque é o meu estilo de treinador. Quero ser próximo deles – ser exigente, mas também próximo, porque eu fui jogador, consigo entender tudo o que sentem
Além disso, em entrevista à Sky Sports, o treinador voltou a falar da pressão. «O mais difícil são as derrotas e não estou habituado a isso, não se chega ao Manchester United por ter perdido muitos jogos. A parte mais difícil não é a pressão externa, é a pressão interna. Não sou muito paciente, fico frustrado facilmente e isso também custa, porque tenho que viver comigo mesmo. Consigo proteger-me das opiniões dos outros, mas é mais difícil com a pressão que coloco em mim mesmo, porque estamos a perder jogos a mais.»
Apesar de tudo, Amorim confessa que está empenhado na ligação com os jogadores e gosta de ser visto como um pai. «Quero ser como um pai para os meus jogadores, porque é o meu estilo de treinador. Quero ser próximo deles – ser exigente, mas também próximo, porque eu fui jogador, consigo entender tudo o que sentem, especialmente neste momento, por isso essa parte é fácil para mim, porque gosto de me ligar aos meus jogadores; quando há jogadores que não querem essa ligação, é mais difícil treiná-los. Se eles quiserem, eu ajudo-os.»