Feyenoord Alvo do Benfica: Kokçu deu força a fã em estado terminal que viu jogo numa maca

No radar do Benfica para eventualmente reforçar o plantel às ordens do alemão Roger Schmidt em 2023/24, o médio turco Orkun Kokçu, de 22 anos, capitão de equipa, e o seu clube, o Feyenoord de Roterdão, marcaram o golo de uma vida e calaram fundo com o simples gesto de proporcionar a Kees Nooren, adepto da equipa, de 72 anos, acamado e em estado terminal porque acometido de cancro, a hipótese de presenciar – numa maca, junto ao relvado – a vitória do último domingo, dia 7, para o campeonato neerlandês (Eredivisie), diante do Excelsior, por 2-0… e ainda o jogador ir, no final, dar um abraço e trocar palavras com tão especial fã.

A combater um cancro já com metástases, Kees Nooren foi presença notada e aplaudida, de forma sentida, por todos os presentes, no domingo, no Estádio Woudestein, em Roterdão, recinto do Excelsior. Nooren quis estar presente, mesmo numa maca, para assistir ao encontro do líder do campeonato, o seu Feyenoord, que soma 76 pontos em 31 jornadas, mais oito pontos do que o PSV Eindhoven, segundo classificado, que tem 68 pontos (Ajax é terceiro, com 63 pontos).

E o estádio irrompeu em aplausos quando aquele que é um dos alvos do Benfica para o mercado do verão, Orkun Kokçu, capitão de equipa do Feyenord, se abeirou da maca e de Kees Nooren, e lhe deu um abraço, desejando-lhe forças na sua luta desigual.

Antes, Kees Nooren teve oportunidade – no que muitos interpretaram como uma despedida do seu clube do coração, à beira de lhe dar o título nacional neerlandês como prenda… que ninguém queria que fosse, mas deverá ser ‘de despedida’ – de visitar o estádio, com uma equipa de paramédicos e o seu neto, Juno, de 11 anos.  

A rotina não é para quebrar, e Nooren tem mais de 50 anos a assistir a todos os jogos do Feyenoord no estádio De Kuip, a ‘banheira’ de Roterdão. Mais: chegou a jogar nos escalões jovens do clube e a ser árbitro. E não ia ser o estar confinado a uma cama que ia entravar o sonho de ver o seu clube do coração ganhar, nem que tenha sido a sua última vez.

Nooren foi transportado de ambulância para o estádio, o Excelsior providenciou espaço com vista privilegiada junto ao relvado para tão especial fã, a quem os médicos não dão mais esperança de vida do que até ao final do corrente ano, face ao estado severo do cancro no esófago de que padece, já com metástases.

Kees já só consegue ser alimentado por terceiros, e com recurso a sondas, mas vibrou com o ‘bis’ do mexicano Santiago Giménez (9’ e 75’). O Feyenoord ficou a uma vitória do título, que poderá ser celebrado já este domingo, ante o Go Ahead Eagles.

Mas muito mais importante do que o triunfo do Feyenoord foi o gesto de Kokçu. «Perguntou-me se tinha gostado do jogo e me também desejou muita força! Também me ofereceu a sua camisola, de presente, autografada por vários jogadores. Ele é um grande capitão. Carrega a tradição do clube. Estarei sentado em frente à TV a ver a festa do título do clube no domingo, mas, na verdade, já tive a minha comemoração particular», disse Nooren a uma rádio local, citado pelo Oranjefussball.nl.

A sua mulher, Josina Nooren, deu mais uma achega numa estória pungente: o marido «continua com pensamento positivo» sobre os últimos dias da vida e «não costuma reclamar, mesmo com todas as dificuldades impostas pela doença». Vai muito a tempo de poder ver um título que escapa ao Feyenoord há seis anos (desde 2017). E, para todos os efeitos, esteve presente, e a sua presença terá sido um tónico ainda mais especial para a equipa de Roterdão dar uma alegria a quem tem adeptos assim.

Veja, em anexo, o ‘tweet’ do pungente gesto de Orkun Kokçu: