ENTREVISTA A BOLA «Ainda hoje se fala que o FC Porto tinha alguma coisa com os árbitros»
Balakov diz que os portistas tinham grande equipa e eram muito fortes, mas...
Krassimir Balakov, um dos melhores estrangeiros que passaram por Portugal, esteve em Portugal durante três dias a convite de A BOLA. Visitou as novas instalações do nosso jornal, passou pelo Jamor onde conquistou um troféu com o Sporting e, claro, esteve no José Alvalade, recebido por Frederico Varandas. Prometeu voltar para ver o Sporting campeão, mas, entretanto, deu uma longa entrevista, que agora pode ler em A BOLA.
- Quando chegou a Portugal, Benfica e FC Porto eram muito fortes e dominavam quase todas as provas. Foi difícil estar numa equipa que quase não ganhava troféus?
- Não foi difícil, foi uma ambição para mudar isto. Tive algumas equipas no Sporting com jogadores que mereciam ter vencido um campeonato. Só que você sabe que, na altura, não era como agora. Não havia VAR, não tinha essas coisas. Era um futebol diferente. Além disso, na altura uma equipa tinha uma organização muito forte e melhor do que as outras equipas que queriam ganhar o campeonato, como Benfica e Sporting. O FC Porto era muito forte e era muito difícil ganhar o campeonato.
- Quando fala na ausência de VAR, significa que tinham queixas de arbitragens?
- Ainda hoje se fala que o FC Porto tinha alguma coisa com os árbitros. Mas não acredito que agora os árbitros façam alguma coisa parecida, porque estamos noutro tempo.
- O Sporting teve, na sua primeira época em Alvalade, dois jogos marcantes com o Inter na meia-final da Taça UEFA. Que memória tem desses jogos?
-Ainda hoje me sinto um pouco frustrado com esses jogos. Poderíamos ter passado porque o Inter de Milão, mesmo com um grande treinador como Trapattoni e com jogadores como Brehme, Mathaus e Klinsmann, não era imbatível. Nós não jogámos mal, só que a equipa talvez não tenha jogado no sistema ideal e fomos eliminados.
- Na época seguinte, 1991/1992, chegam mais dois búlgaros para o Sporting: Iordanov e Guenchev. O primeiro tornou-se numa espécie de lenda no Sporting, o segundo não tanto. Você, Bala, teve alguma interferência na vinda deles?
- Não, nada. Como entrei bem na equipa, mostrei que os búlgaros podiam ter interessantes para os portugueses. O Kostadinov foi para o FC Porto um pouco antes de mim e também esteve muito bem, tal como o Mihtarski. Muito anos antes, o Kostov também viera para o Sporting. Talvez isto tenha feito com que o presidente Sousa Cintra os tenha ido buscar. Além disso, houve também a abertura política na Bulgária. Até aí um jogador não conseguia sair antes dos 28 anos. O regime caiu e tudo abriu. Iordanov fez uma grande carreira no Sporting, mas o Guenchev não conseguiu adaptar-se como deve ser. Mas foi para Inglaterra e jogou muito bem.