«A Seleção Nacional continua a ser um sonho», diz Ferro
Ferro com a camisola do Hajduk Split (IMAGO)

«A Seleção Nacional continua a ser um sonho», diz Ferro

INTERNACIONAL02.03.202409:30

Vai completar 27 anos dentro de pouco mais de três semanas e, depois de ter sido campeão nacional pelo Benfica, em 2018/2019, Ferro passou por Valência, Vitesse e Hajduk_Split. Esteve perto de ser internacional A em 2019 e mantém a esperança de o ser.

É o seu terceiro ano no Hadjuk Split. Como está a ser esta aventura e como analisa o campeonato croata?

— É um bocadinho diferente do português, porque aqui só temos dez equipas. Ou seja, jogamos quatro vezes contra cada uma. O que por um lado é bom e por outro é mais chato. É um campeonato competitivo e ainda um pouco desconhecido, mas do qual gosto muito. 

— Jogou no Vitesse em 2022/2023. O campeonato croata é muito diferente do dos Países Baixos?

— Sim, completamente. O holandês é um bocadinho mais técnico. Não é tão tático ou físico. O croata é um pouco mais físico. 

— Como foi a adaptação à Croácia?

— Muito boa.  A cultura croata é parecida com a portuguesa, pois é um país também do sul e mediterrânico. Comparado com a Holanda é completamente diferente, que é um país mais frio. Os croatas são diferentes, muito mais dados e acolhem muito melhor. Gosto muito mais de estar cá.

— Como é a alimentação na Croácia? Muitas semelhanças com a de Portugal e a dos Países Baixos? 

— A comida é parecida com a portuguesa, talvez, lá está, por ser um país mediterrânico. Na Holanda a alimentação era bem diferente quando comparada com a portuguesa.

— A estreia no Hajduk Split foi excelente: um golo logo no primeiro jogo. Qual a sensação?

— Foi ótimo. Começou logo a correr muito bem, o que é sempre positivo. Foi entrar com o pé direito, como costumamos dizer. Muito bom…

— Já tem experiência em quatro campeonatos, português, espanhol neerlandês e croata. Existe algum outro em que sonhe jogar?

— Não sonho com nenhum. Porém, quando se olha para os top 5, pensamos sempre em Inglaterra, Itália ou Alemanha, por exemplo. Qualquer campeonato é diferente, mas, de momento, não ponho isso como objetivo. Estou concentrado no Hajduk Split e na Croácia, pois gosto muito de cá estar.

— Regressar a Portugal pode ser objetivo?

— Neste momento não. Não ponho de parte essa possibilidade, mas não a curto prazo. Pelo menos nos próximos tempos não é um objetivo.

— Para regressar a Portugal, teria de ser no Benfica, onde fez a formação, ou abre a porta a Sporting e FC Porto, por exemplo?

— No futebol nunca se pode dizer que não, nem que sim. Agora, como disse, estou 100% focado no Hajduk Split. Estou muito feliz e quero ficar por cá. Não penso em voltar a Portugal a curto prazo, mas nunca sabe o que poderá acontecer no dia de amanhã. Para o bom ou para o mau. Pode aparecer uma lesão, por isso nunca se pode prever o amanhã. Porém, neste momento, repito, estou totalmente focado no campeonato croata e no Hajduk Split.

— O final de 2023 e o início de 2024 não foi fácil, até porque teve de ser operado ao joelho. Como está a correr a recuperação?

— Está a correr bem. Voltei esta semana a treinar-me com a equipa, apesar de ainda não ser o treino todo. Mais duas semanas e devo estar a 100 por cento.

— Se voltar a jogar com regularidade, a Seleção Nacional continua a ser um sonho?

— Sim. É um sonho para qualquer jogador, mas sei que o campeonato croata não tem a visibilidade que tem o português, por exemplo. Porém, continuo a sonho com a Seleção, claro. É um sonho que todo o jogador gosta de alimentar, embora saiba que, de momento, não é muito realista. Mas, mas como já disse, no futebol nunca se sabe o que poderá acontecer.

— Como defesa central, como está a ver o fenómeno de que se tem falado tanto em Portugal: Gyokeres.

— Sim, acompanho um pouco a Liga. Não há muito a dizer. Tem feito a diferença no Sporting e é dar-lhes os parabéns. Os golos e as exibições falam por ele.

— Falemos um pouco do Benfica. A época 2018/2019 é muito marcante para si, pois passou da equipa B para titular da equipa principal e terminou-a como campeão.

—  Sim, sem dúvida. Foi a época em que tudo começou e é muito marcante. Recordo-a com o maior carinho; foi fenomenal!

— E o primeiro jogo com o Sporting, entrando aos 53 minutos para o lugar do lesionado Jardel. Como viveu esse dérbi para a taça, que o Benfica venceu por 2-1, na Luz? 

— Um bocadinho nervoso, como é normal. Aqueles segundos antes de ir lá para dentro… mas, depois de estar em campo, o nervoso passa. Já vivemos isto há muitos anos e as coisas desenrolam-se com naturalidade. Mas, sim, nos segundos antes de entrar, claro que há sempre ali algum nervosismo. Mas acabou por correr tudo bem e fiquei muito feliz, claro.

— Aconteceu muita coisa para si em pouco tempo: primeiros minutos na equipa principal, primeira titularidade, primeiros jogos europeus, mais tarde convocado para a Seleção Nacional. Muita emoção?

 — Sim, sem dúvida. Foram sonhos tornados realidade. Há muito que trabalhava para isso e quando aconteceu foi maravilhoso.

— Apareceram na altura certa?

— Sim, já estava há bastante tempo na equipa B e esperava uma oportunidade. Aconteceu da melhor maneira, com Bruno Lage, grande pessoa e que acreditou muito em mim. Fiquei muito feliz com o que aconteceu e da maneira que aconteceu e como terminou essa época.

— Em 2019/2020 ganhou a titularidade no Benfica, mas quando se dá a troca de treinador, de Bruno Lage para Nélson Veríssimo, praticamente deixou de jogar. Como lidou com a passagem para o banco?

— São decisões que temos de respeitar. Os resultados não estavam a aparecer e as exibições também não estavam a ser as melhores. Acabou por ser bom para mim, porque me fez crescer também na parte mental. São coisas do futebol.  Nenhum jogador faz a carreira toda sempre a titular. Há momentos altos e baixos e precisamos sempre de nos reerguer.

— Há algum tempo, numa entrevista, ficou a sensação de que estava magoado com o Benfica. Essa mágoa está curada?

— O que eu disse não foi bem que estava magoado, o que quis dizer é que, depois daqueles anos todos, uma palavra ficava bem, mas nunca disse que estava magoado. Aliás, não tenho problemas com ninguém e continuo a gostar muito do Benfica. Só acho que uma palavra tinha ficado bem, tanto a eles como a mim. Da minha parte, tenho a consciência tranquila. Fiz o que tinha a fazer, agradeci a quem tinha de agradecer e a partir daí continuei a crescer. 

— Não teve oportunidade de se mostrar a Roger Schmidt. Alguma pena por isso?

— Talvez, porque a ideia de jogo que ele transmite e que passa enquadra-se também na minha. Mas, como disse, no futebol as coisas vão e vêm e é andar para a frente.

— Acredita que o Benfica vai terminar campeão?

— Acredito que sim!

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